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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 301 - 400 (1855 - 1856)
    • 369 - ao Sr. Halluin
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369 - ao Sr. Halluin 

O Sr. Le Prevost o incita a reunir-se ao Instituto: “a união dos corações é a compensação dos trabalhos e sacrifícios”. Ele desenvolve o que já lhe escreveu no tocante ao lugar e o papel dos padres (cf. carta 355). Vantagem da união cordial dos dois elementos. A direção leiga não foi uma idéia preconcebida, mas o fato das circunstâncias.

 

Hyères, 29 de abril de 1856

 

            Senhor padre,

     Sua boa e caridosa carta do dia 23 deste mês me encheu de alegria e de consolação pelas disposições totalmente favoráveis que manifesta para nossa projetada união. Estou, além disso, convicto de que esse pensamento é de Deus; pedi-lhe com insistência sua realização, e tenho a confiança de que essa graça não nos será recusada. Não é bem desejável, com efeito, que os homens de coração e de boa vontade se concertem e se unam para o bem? Não é seu único recurso para oporem-se eficazmente ao mal? Você o terá notado como nós, Senhor padre, em todo lugar onde o zelo aplica-se com ardor e perseverançaconseguem-se resultados inesperados. Que as almas verdadeiramente dedicadas se aproximem, então, e se entendam e, apesar da infelicidade do tempo, serão realizadas verdadeiras obras de salvação.

 

            Agradeço-lhe as boas e encorajadoras palavras que  me escreve a respeito de meus irmãos de Vaugirard. É um pequenino rebanho, mas acredito que anda sob o olhar de Deus, animado do espírito de sacrifício e de verdadeira caridade. Estou feliz, Senhor padre, por seu coração ter sentido  alguma simpatia por eles, é de bom agouro para o futuro. Ouso assegurar-lhe de antemão que, no dia em que você nos aceitar definitivamente – o que espero -  como irmãos, todas essas almas abrir-se-ão e lhe dedicarão uma sincera, uma inviolável afeição. A união dos corações é entre nós a compensação dos trabalhos e dos sacrifícios, e podemos dizer que já nos recompensa neste mundo pelo pouco que fazemos pelo bom Mestre, pois, Ele faz constantemente reinar na família a paz mais profunda e a mais doce intimidade. Tenho a plena esperança de que nada no futuro perturbará essa boa harmonia, nem mesmo as poucas dificuldades que lhe parece apresentar a direção atual da Comunidade. Desde o início, nos deixamos conduzir pela Providência, e estamos bem decididos a abandonar-lhe ainda o governo de nosso futuro. Pode-se errar o caminho, quando se anda sob a conduta da Sabedoria infinita? A direção leiga, assim como já lhe indiquei, Senhor padre, não foi entre nós algo antecipadamente resolvido, uma coisa decidida a priori. Nossa pequena família começou e foi constituída por alguns leigos dedicados, que Deus havia atraído a servi-lo unicamente, continuou a andar como tinha sido estabelecida, após a admissão sucessiva de alguns eclesiásticos entre nós. Não resultou disso, até agora, nem choque nem mal-estar, a caridade intervindo em todos os nossos relacionamentos; não sabemos o que Deus irá dispor para o futuro, mas somos unânimes para abandonar-nos à sua ação poderosa e medida ao mesmo tempo. Cremos firmemente que a união cordial e verdadeira dos dois elementos, eclesiástico e leigo, está segundo sua visão e pode dar grandes vantagens que experimentamos constantemente; mas achamos mais prudente deixar à sua divina bondade o cuidado de equilibrar suavemente essas duas forças antes de pôr, talvez inabilmente, a mão numa operação delicada e difícil.

            No estado atual, nossos irmãos eclesiásticos têm a liberdade mais completa e as facilidades mais amplas para o exercício de seu ministério, que preparam e assistem os esforços diligentes e cheios de dedicação dos irmãos leigos. A superioridade inerente a seu caráter, às suas altas funções, à sua instrução mais elevada e mais extensa lhes dão um lugar digno e justamente influente na família, embora deixando, no entanto, aos leigos bastante iniciativa e liberdade de ação, para que sua participação na vida comum e nas obras permaneça útil e real. Não se pode dissimular, aliás, que, qualquer que seja a combinação escolhida, a união dos eclesiásticos e dos leigos, embora fraterna e verdadeira, pedirá sempre aos primeiros um sacrifício de generosa condescendência; que a dêem de cima ou que a dêem de baixo, é necessária e essencial; que solução será a melhor? O Senhor vai decidir disso. De qualquer jeito, estamos bem convictos de que se, para um bem maior, alguma modificação parecesse mais tarde necessária em nossa constituição, ela se realizaria por si mesma, sem choque algum e sem abalo penoso, sendo o desejo de todos andar juntos e acomodar-se o mais seguramente possível para alcançar o fim, que é a glória de Deus, nossa própria santificação e a de nossos irmãos.

 

            Você entrará, tenho confiança, Senhor padre, nessa linha toda fraterna e toda cristã, e trará à nossa obra uma força a mais na oração, no zelo e na caridade.

 

            Tenha bastante bondade para assegurar o Sr. de Lauriston237 de nossas afetuosas simpatias; rezaremos por ele, por você e por seus jovens irmãos aspirantes. Deus verá o humilde desejo de nossos corações e seu apoio não nos será recusado, sendo que disse por seus anjos: Paz na terra aos homens de boa vontade238.

 

            Estarei de volta em Paris pelo dia 15 de maio; seria, portanto, ao mais tardar, na última quinzena desse mês que o visitaria. Não deixarei, aliás, de avisá-lo disso de antemão mais precisamente.

 

            Até lá, permaneçamos, senhor padre, em união de orações e de obras: isso será uma fraternidade iniciada que não esperará senão sua consumação.

 

            Sou, nesses sentimentos, bem afetuosamente

            Seu humilde e devotado servo em Jesus e Maria

 

                                               Le Prevost

 





237 Nascido em Nantes, Georges Law de Lauriston (1808-1883) se tinha preparado para o sacerdócio no seminário de Issy, mas renuncia e escolhe a carreira administrativa. Cobrador em Arras, colabora com a obra do padre Halluin, por intermédio de quem conhece o Instituto dos Irmãos de São Vicente de Paulo. Sua verdadeira vocação lhe aparece então e entra em Comunidade em 1857, com quase 50 anos de idade. Era “um cavalheiro de educação perfeita, delicado, cortês e muito simples. Seu caráter jovial lhe ganhava facilmente todos os corações. Foi um dos Irmãos mais amados e mais fiéis, pondo alegria e ânimo nos recreios e festas de família.”



238 Cf. Lc 2,14.





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