O
espírito essencial à vocação religiosa. Um jovem postulante se afasta. O Sr. Le
Prevost encara fazer com o Sr. Caille uma viagem a Arras. Exortação ao
exercício da presença de Deus.
Hyères,
2 de maio de 1856
Caríssimo amigo e filho,
Suas cartas me causam sempre uma viva satisfação, porque encontro a expressão
dos sentimentos de dedicação inteira ao Senhor e de desejo simples do bem, que
são o fundo verdadeiro da vida de consagração absoluta em que estamos
engajados. Por isso, tenho boa confiança de que esse divino Mestre, vendo essa
boa vontade de seu coração, o ajudará e lhe fará pouco a pouco superar as
dificuldades que lhe criam suas ocupações demasiadamente multiplicadas.
Fico-lhe muito grato pela maneira humilde e submissa com que você aceita minhas
observações. Faço-as unicamente no interesse de sua querida casa, de seus
irmãos, e no seu próprio interesse, que se confunde com o deles. Estou bem
convicto de que você faz tudo o que pode, mais até do que se poderia esperar;
por isso tenho boa esperança no futuro, o Senhor não abandona os servos de boa
vontade.
O Sr. Myionnet, de quem recebo hoje uma carta, me informa que nosso jovem
Mainville, após exame feito de suas disposições com o Sr. padre Mangot, não
descobre em si vocação séria para a vida religiosa. Como a vocação é um dom de
Deus e que nada pode supri-la, devemos, mesmo reconhecendo as boas qualidades
desse caro filho, deixá-lo livre para retomar no mundo a condição que convier
às suas aptidões e às suas disposições. Assegure-o de minha parte de que lhe
guardamos boa afeição, que nos interessaremos sempre por ele e o veremos
sobretudo com grande consolação permanecer fiel a Deus, embora não fique
ligado ao seu serviço particular.
O Sr. Halluin me escreveu, assim como ao Sr. Myionnet, depois de sua viagem a
Vaugirard. Mostra excelentes disposições e me diz que tem cada vez mais
inclinação para unir-se a nós. Procura estabelecer em casa os exercícios em
conformidade com os nossos. A direção leiga parece-lhe oferecer alguma
incerteza para o futuro, mas parece decidido a superar isso, confiando-se, como
nós, à decisão do Senhor sobre esse ponto de nossa constituição. Fica combinado
com ele que, depois de minha volta, irei visitá-lo em Arras e faremos com que
nos entendamos. Parece-me que poderá ser uma boa coisa levá-lo de passagem e
irmos juntos. Devo voltar a Vaugirard do dia 15 ao dia 20 de maio. Penso
portanto que, no fim do mês, poderei ir a Arras, ao mais tardar. Recomendemos
bem ao Senhor esse assunto, que é bem importante e de um grande interesse para
nossa pequena família, em muitos aspectos.
Não posso escrever-lhe muito longamente hoje, tendo várias correspondências um
pouco atrasadas; mas o momento em que o verei não está longe, se aprouver ao
Senhor, na mão de quem me mantenho, como você, em total abandono. Essa
disposição é bem salutar e é Ele mesmo que a inspira. Procuremos conservá-la
por nossa fidelidade e nossa humilde submissão às suas adoráveis vontades.
Recomendo-lhe, caríssimo amigo, que faça com que a lembrança desse bom Senhor
volte muitas vezes a seu pensamento no meio de suas corridas, de seus
trabalhos, de suas obras, para que Ele santifique tudo e que tudo seja não
somente para Ele, mas para sua maior glória. Quanto mais amamos, mais desejamos
agradar-lhe, mais nossas menores ações tornam-se gloriosas para Ele e
meritórias a seus olhos.
Ofereça minhas lembranças respeitosas e agradecidas ao Sr. padre Mangot.
Penso bem particularmente em você e em sua casa durante o mês de Maria. Meu
irmão Paillé e eu não nos esquecemos também de você, numa peregrinação que
fizemos a uma pequena capela dedicada à boa Mãe e que tem grande veneração
aqui.
Adeus, meu bom amigo, abraço-o bem afetuosamente em Jesus e Maria.
Le Prevost
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