Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText
Jean-Léon Le Prevost
Cartas

IntraText CT - Texto

  • Cartas 301 - 400 (1855 - 1856)
    • 375 - ao Sr. Caille
Precedente - Sucessivo

Clicar aqui para desativar os links de concordâncias

375 - ao Sr. Caille 

Observações sobre o regulamento e a organização do Instituto. Regras que presidiram à sua fundação. Relações com as autoridades eclesiásticas. Estado do pessoal e das obras. O forte e o fraco.

 

Vaugirard, 31 de maio de 1856

 

            Caríssimo amigo e filho em N.S.,

 

            Agradeço-lhe pela interessante comunicação que  me fez da carta do R. P. Mallet242, concernente ao nosso regulamento; ela deve chamar duplamente nossa atenção, por causa da elevada experiência desse bom Padre, e porque nos é um novo testemunho da benévola disposição do Monsenhor Bispo de Amiens. Espero muito que, durante a estada que deve fazer proximamente esse venerável prelado em nosso Paris, me será possível chegar até ele e expressar-lhe nossa profunda gratidão.

 

            Todas as observações do R. P. me parecem fundadas e acho que poderemos aproveitá-las bem, à medida em que avançarmos e em que nos for dado completar nossa constituição que ainda está, você sabe, apenas esboçada. Teria sido desejável talvez que o bom  padre Mallet soubesse precisamente que nosso regulamento não passa realmente de um simples sumário de nossa situação e que não o consideramos como um trabalho definitivo. Reconhecendo, desde o início, que fundar uma sociedade religiosa é uma grande tarefa e que éramos incapazes, por nós mesmos, de realizá-la, recusamos, por assim dizer, e, haurindo nossa força em nossa própria incapacidade, nós nos propusemos nada fazer por nossa inspiração própria e tudo deixar à conduta da divina Sabedoria. Andamos assim, passo a passo, sem nos afastar dessa via, e encontramos  nossa salvação. Você sabe, com efeito, meu bom amigo, a paz, a união mais perfeita nunca cessaram de reinar entre todos os membros de nossa pequena família. Eclesiásticos e leigos, vivemos unanimemente nesta confiança: o Senhor nos conduz, nosso barco não vai afundar. A graça divina nos amparou manifestamente no passado, ainda será o apoio de nosso futuro. À medida em que vínhamos sendo esclarecidos e em que as circunstâncias nos pareceram indicar os caminhos de Deus, nós nos conformamos a eles, ou, antes, damos nosso assentimento às disposições que sua Providência constantemente determinou.

 

            Essas informações, se tivessem sido transmitidas ao R.P. Mallet, teriam sido para ele, sem dúvida, a explicação das principais lacunas de nosso regulamento e a resposta a várias de suas observações. Desejamos bem ardentemente que nossa regra seja aprovada pela corte de Roma, mas a cremos ainda imperfeita demais e insuficientemente definida para ousarmos submetê-la a essa corte. No entanto, não ficamos fora da autoridade, andamos constantemente aqui sob os olhos de Monsenhor de Paris que nos tratou, por sua vez, com uma bondade paterna e espontaneamente escolheu o Sr. padre Dedoue, seu Vigário Geral, para ser nosso conselheiro, nosso apoio e como nosso representante junto a ele e a seu conselho.

 

            As duas principais observações do R. P. referem-se à nomeação direta dos membros do conselho pelo Superior e à posição aparentemente secundária,  que têm entre nós os irmãos eclesiásticos.

            Parece-nos de total sabedoria que a autoridade do Superior tenha algum contrapeso; a perfeita unidade de pensamento, que até agora existiu entre nós, nos tornara essa necessidade menos sensível, mas tenderemos a providenciar isso para o futuro.

 

            Quanto à outra questão, que é evidentemente a mais grave, pensamos que o estado atual resultante, você sabe, dos inícios de nossa obra, que foi puramente leiga em sua origem, poderá exigir algumas modificações; mas achamos sábio, de ambas as partes, deixar que a divina Bondade cuide de estabelecer um equilíbrio, que temeríamos assentar sem jeito. Plenamente confiantes uns nos outros, ficamos tranqüilos, confiantes em Deus e na caridade, que é a essência mesma de nossa obra e que nos há de salvaguardar, é nossa esperança.

 

            Lembro sumariamente essas circunstânciasconhecidas por você, a fim de que possa pedir mais utilmente as opiniões do Monsenhor Bispo de Amiens, caso tenha ainda alguma ocasião de consultá-lo a respeito de nossa pequena família.

 

            Informaram-me que Monsenhor de Salinis estava em dúvida quanto ao nosso futuro porque, vendo somente nosso pequeno rebanho de Amiens, ainda tão imperceptível, acha nosso pessoal pouco consistente e de medíocre valor. No entanto, parece que, se quiserem considerar os tempos em que vivemos, a existência ainda recente de nossa pequena família, as desconfianças que inspira nossa associação nascente, somos bem providencialmente favorecidos. Nossa Comunidade se compõe assim:

 

            Nosso bom padre Viollat, nos tendo sido retomado para o Céurestam-nos somente quatro irmãos eclesiásticos [os Sres. Planchat, Lantiez, Hello e Roussel]. Três dentre eles, pertencendo a famílias muito honrosamente situadas, juntam à dedicação mais absoluta e a felizes qualidades de coração e de espírito as vantagens de uma educação cuidadosa. O quarto [o Sr. Roussel], embora mais novo e menos experimentado, é, no entanto, um padre de um verdadeiro mérito, que várias paróquias nos disputaram e que o Sr. Pároco de N.D. des Victoires, em particular, só nos cedeu por causa de sua afeição por nós.

 

            Os irmãos leigos são 20, entre os quais seis letrados [os Srs. Le Prevost, Myionnet, Maignen, Paillé, Carment e Caille], homens maduros, acostumados nas obras; cinco dentre eles poderiam conduzir uma casa.

 

            Oito moços [os Srs. Polvêche, A. Vasseur, Marcaire, E. Beauvais, Tourniquet, E. Vasseur, Guillot e Boucault] vindos de casas de comércio, piedosos inteligentes, dedicados, mas tendo necessidade de serem mais completamente formados; foi preciso, forçosamente, pô-los a trabalhar por causa da multiplicidade das necessidades, mas não lhes faltam nem conselho nem direção. Enfim, seis irmãos [os Srs. L. Boursier, Thuillier, Mainville, Bulfay, Allard e Assier] ocupados nos cuidados domésticos. Mais de dois terços da Comunidade são engajados por votos (17 sobre 24).

 

            Essa pequena sociedade, unida como está, não deixa de fornecer algumas forças para o serviço de Deus. Infelizmente, as necessidades das obras nos constrangem a espalhar nossos membros; estamos a serviço em cinco obras, das quais duas, nosso orfanato e a casa de Nazareth, bastariam para nos ocupar a todos. Se pudéssemos nos restringir, agiríamos mais firmemente. Aí está nossa dificuldade: todas as obras caritativas têm necessidade de elementos e só temos, para ajudá-las, um bem pequeno rebanho, sendo que a metade deles tem formação média. Eis aí o forte e o fraco de nossa pequena Comunidade. Você não se dera plenamente conta talvez, até agora, de nossa situação. Você poderá, conhecendo-a melhor, dá-la a conhecer aos que ela interessaria e, sobretudo, apresentar muitas vezes nossas necessidades ao divino Mestre, a fim de que se digne remediá-las, segundo sua adorável vontade.

 

            Assegure bem seus jovens irmãos de todas as minhas afeições. Espero vê-los dentro em breve. O cansaço de minha longa viagem tendo agora desaparecido, acho que poderemos, o irmão Carment e eu, nos colocarmos a caminho para Amiens, logo que o tempo estiver um pouco menos nebuloso. Peço-lhe que me diga, logo que puder, se, daqui a uns dez dias, você não algo que o impeça de me acompanhar para Arras. Esse tempo me deixaria espaço para tomar definitivamente minhas medidas e para avisar também o Sr. padre Halluin de nossa chegada.

 

            Você ficará sabendo com prazer que estamos também em via de associação com uma outra obra muito interessante fundada no Interior (Marseille) e cujos relacionamentos conosco poderão influir positivamente sobre nossos empreendimentos caritativos. Falarei com você sobre isso mais à vontade em Amiens.

 

            Todos os nossos irmãos apresentam-se à sua bondosa lembrança e continuam sendo, assim como eu, ternamente unidos a você nos Corações sagrados de Jesus e de Maria.

 

            Seu amigo e Pai afeiçoado

 

                                               Le Prevost

 





242 O Sr. Caille havia submetido o regulamento da Congregação a um Jesuíta de Amiens, o Pe. Mallet.





Precedente - Sucessivo

Índice | Palavras: Alfabética - Freqüência - Invertidas - Tamanho - Estatísticas | Ajuda | Biblioteca IntraText

Best viewed with any browser at 800x600 or 768x1024 on Tablet PC
IntraText® (V89) - Some rights reserved by EuloTech SRL - 1996-2008. Content in this page is licensed under a Creative Commons License