Não
ter medo dos poucos sacrifícios exigidos pela vida religiosa comum. O
Instituto é uma família. Que ele se mantenha no desejo de se dedicar a Deus e
ao próximo.
Vaugirard,
11 de julho de 1856
Meu bom irmão Joseph,
Agradeço-lhe pela pequena carta que me escreveu e pela confiança afetuosa
que me demonstra. Respondo-lhe cordialmente, pois desde o
início me achei em união de coração com você. Seu tom de simplicidade e de
retidão me deu boa esperança de que nos entenderíamos sem dificuldade, e o
breve colóquio que tivemos em casa de nosso bom amigo, o Sr. Halluin, me
deixara uma impressão muito satisfatória. Sua carta só vem confirmá-la, pois
sente-se que você fala como o coração lhe inspirou, e assim é que as almas se
podem entender bem.
Entendo bem, aliás, o medo que teve ao ficar sabendo que, em conseqüência de
nossa união com sua casa, poderia acontecer que os irmãos de Arras viessem,
numa ou noutra época, fazer alguma estadia em Vaugirard. Deixar
o bom Sr. Halluin ir embora para longe com estranhos, ser obrigado a amá-los e
a considerá-los como irmãos, era, com efeito, bem duro de se aceitar. Mas com
um pouco de reflexão, você logo entendeu, caro amigo, que aquilo que seria
duro, impossível, inaceitável no mundo, era em religião a coisa mais simples e
mais fácil porque, onde o divino Senhor põe a caridade, tira toda a pena
e só deixa a suavidade e a paz. O coração, ao contrário, entrega-se com
felicidade a essas disposições que aumentam os meios de edificar-se, de
glorificar a Deus e de ganhar-lhe almas. É o sentimento em que você está
atualmente, com a graça do Senhor. Assim, se acontecesse que, mais tarde, você
tivesse, momentaneamente, que vir para o meio de nós, tenho certeza de que,
fora o pesar, bem legítimo, de estar um pouco afastado de seu bom amigo e Pai,
o Sr. Halluin, viria, sem pena, para uma casa que se torna, agora, como
que um lar para você, e onde tem outros tantos amigos e irmãos
quantos habitantes. De resto, como o nosso bom Sr. Halluin ainda tem
necessidade de você neste momento, não acho que deva nos visitar tão
brevemente. Mas continuo esperando que o adiado acontecerá mais tarde. Enquanto
isso, permaneceremos bem unidos pela oração e pelas boas obras, seguiremos, na
medida do possível, os mesmos exercícios e sobretudo procuraremos encher nossos
corações com esse espírito de caridade que será nossa vida própria e a força
também de nossa Comunidade e de nossas obras.
Adeus, meu bom irmão Joseph, acredite em todos os sentimentos de viva e terna
afeição de
Seu amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
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