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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 301 - 400 (1855 - 1856)
    • 390.1 - a um correspondente desconhecido
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390.1245 - a um correspondente desconhecido 

Elementos do regulamento primitivo do Instituto. Duplo fim do Instituto: viver do Cristo para dá-lo ao mundo. O espírito de caridade, característica do Instituto. Serem homens de dedicação e de verdadeira caridade.

 

22[de julho de 1856]

            Caro Senhor,

 

            Respondo sem demora à sua carta de 18 deste mês, para lhe testemunhar assim o vivo interesse que tomei na comunicação que é seu assunto. A esperança de contar um irmão a mais é sempre uma alegria para nós, pois, bem convictos de que o caminho em que o Senhor nos colocou leva direto a Ele e tende verdadeiramente para a sua glória, só podemos estar felizes vendo outras almas entrarem nele, por sua vez, e partilhar conosco os preciosos privilégios de nossa vocação.

 

            Não é, com efeito, caro Senhor, um favor extraordinário, em nossa época, ser escolhido entre mil para consagrar-se a Deus na vida religiosa, escapar aos perigos e às preocupações do século, para ter um só amor no coração e um só emprego também de todos os seus instantes, o de glorificar o divino Senhor e de atrair todos os corações a conhecê-lo e a amá-lo. Tal é, com efeito, o duplo fim de nosso Instituto: procuramos nos formar para a vida interior, a fim de adorar a Deus em espírito e em verdade, e pelas obras de zelo e de misericórdia trabalhamos para a salvação de nossos irmãos. Nossos dias se dividem entre essas duas ocupações.

 

            Nossos principais exercícios de piedade são: de manhã, a oração, a Santa Missa e a primeira parte do Ofício da Santa Virgem; no meio do dia, o exame particular e a 2a parte do Ofício; à noite, a leitura espiritual, a adoração, a 3a parte do Ofício e, segundo o dia, algum exercício particular de Comunidade.

            Os irmãos fazem votos, depois dos prazos de provações necessárias. Os primeiros votos só se podem fazer por um ano somente, depois do encerramento do noviciado. São em seguida renovados por três anos, enfim, depois de 5 anos ao menos de profissão, podem tornar-se perpétuos. O noviciado é habitualmente de um ano, mas pode ser prolongado para aqueles que continuariam incertos de sua vocação.

 

            Os irmãos, até agora, conservaram o hábito secular como sendo mais favorável para as obras de fora e, apesar da tentação, tão natural para os servos de Deus, de tomar as vestes que os assinalam como sendo de sua casa, acrescentaram esse sacrifício aos outros, para ficarem mais disponíveis e se dirigir a todo lugar  para onde sua ordem os chama. O estado presente, todavia, não prejulga nada para o futuro; sobre esse ponto como sobre todos os outros, os irmãos conformar-se-ão à vontade do Senhor.

 

            Eles não têm nenhuma austeridade particular; a imolação interior, uma vida simples e pobre, os trabalhos de cada dia são suas ordinárias mortificações. A comida é simples mas e proporcional a todas as necessidades. É a mesma coisa para os trabalhos que se medem pelas aptidões e forças de cada um.

 

            As principais obras da Congregação são dois orfanatos e várias casas consagradas a servirem de asilo e de proteção para os jovens da classe operária, para mantê-los no caminho reto. Mas para dar emprego a todas as faculdades e disposições, a Comunidade tem ainda algumas obras que concernem particularmente ao cuidado e à edificação dos pobres. Cada irmão pode, portanto, facilmente encontrar  seu lugar.

 

            Não se saberia dizer que haja algo realmente penoso na Regra, a não ser, talvez, a hora do levantar que é, em toda estação, às 5h. Os irmãos têm 7 horas de sono; se, por causa de saúde, têm realmente necessidade de mais, abrevia-se mais facilmente a noite (deitando-se mais cedo), para deixar intatos o levantar e os exercícios da manhã.

 

     Os irmãos se servem eles mesmos (concebe-se facilmente isso daqueles que se apresentam como servos dos pobres), fora dos trabalhos de cozinha, que se conciliam dificilmente demais com os exercícios espirituais.

 

            As condições de admissão são a piedade, a dedicação absoluta, alguma capacidade de espírito e de corpo. A falta de recursos temporais não constitui obstáculo à vocação dos irmãos, mas entende-se que é perfeitamente justo que ajudem a Comunidade quando têm os meios para isso. A taxa de sua pensão fixa-se então segundo suas próprias aberturas. Se lhes sobra, além disso, algumas rendas disponíveis a cada ano, só dispõem delas para as obras ou de outra forma com o consentimento do Superior.

 

            A maioria dessas disposições são comuns com muitas Congregações. O que nos esforçamos por nos tornar próprio, o que desejamos estabelecer como fundo do Instituto é o espírito de caridade. Quereríamos que todos os nossos membros fossem homens de coração, homens de dedicação, homens de verdadeira caridade. Por isso, desejamos que entre nós, os irmãos se amem uns aos outros mais ainda que em outro lugar, que abram largamente seu coração para a condescendência e a misericórdia para com os pobres, pelo suporte e a benevolência atenciosa para com todos, pela disposição firme de tudo fazer, de tudo sofrer para espalhar em todo o lugar a caridade; ignem veni mittere in terram, vim trazer o fogo divino sobre a terra. Essa palavra caída do Coração de nosso Salvador deve ser seu lema e a inspiração de todos os seus sentimentos e de todos os seus atos. Por isso, teríamos a intenção, se a autorização nos for concedida, de acrescentar um quarto voto aos votos ordinários da religião, o de Caridade, para nos engajarmos mais estritamente à prática dessa virtude e de fazermos dela a vida verdadeira e o caráter próprio de nossa pequena Congregação. Cremos responder assim às vistas da divina Misericórdia que parece hoje querer salvar o mundo pela caridade e esperamos que Ela dignar-se-á, apesar de nossa indignidade, fazer de nós instrumentos para sustentar as obras de caridade e concorrer assim aos desígnios de seu amor.

            Tais são, no conjunto, o fim e os meios de nossa Comunidade. Desejo muito, caro Senhor, que essas informações correspondam a seus votos e o confirmem no pensamento generoso que tem de se consagrar ao serviço do Senhor; a messe é grande mas os operários são poucos. Rezaremos com você, caro Senhor, para que o Senhor os multiplique e que Ele o firme em particular nas suas boas resoluções.

 

            Sou, com sentimentos bem devotados em Jesus e Maria

            Seu humilde servo e irmão,

 

                                               Le Prevost

 





245 A carta classificada primeiro 517-1 deve ter sido escrita em 1856. O original desta carta se encontra nos Arquivos dos Espiritanos. A fotocópia (tirada no fim de 1976) mostra uma data propositalmente ocultada. Suposta do 22 de janeiro de 1858, ela se classificava 517-1. Mas o voto de caridade, de que fala o Sr. LP., nunca se encontra nas atas do Conselho Superior, a não ser nas duas reuniões sucessivas dos dias 25 de junho e 8 de julho de 1856. A carta deve, portanto, ser do dia 22 de junho ou julho de 1856 e recolocada no número 390-1.





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