Timon-David
escreveu suas reações após sua estada em Paris, início de julho. Seu projeto de
união é adiado. A decepção é recíproca. O Sr. Le Prevost apresenta suas
desculpas por não ter escondido seu desapontamento.
Vaugirard,
27 de julho de 1856
Caro Senhor padre,
Agradeço-lhe pela sua boa carta. Explica bem seus sentimentos e só pode
aumentar ainda minha elevada estima e nossas simpatias sinceras por você e por
sua obra. Não me surpreendo com suas hesitações, no momento de tomar a grave
decisão que devia uni-lo a nós: quando alguém se dá sem medida, deseja colocar
bem sua oferta. Outras comunidades fora da nossa podem ser bem mais atraentes
por sua antiguidade, seu número, sua composição escolhida, a regularidade
exterior de seus movimentos, a importância de suas obras. A nossa só tem a
dedicação simples e verdadeira de seus membros: é pouco diante dos homens, isso
bastará, espero, diante de Deus, para merecer-lhe viver e fazer um pouco de
bem. Aspiramos somente a isso, o divino Mestre não irá no-lo recusar.
Lamentaria muito ter contribuído, por minha culpa, a impedir a expansão dos
movimentos que se passavam em você, e que teria querido me expressar mais
completamente. Você sabe, a profunda alteração de minha saúde me deixa
impressionável e fácil a abalar: é a essa disposição que você deve atribuir os
poucos indícios de emoção, que você achou reparar em mim e pelos quais apelo à
sua indulgência se, com efeito, é necessário. É bem verdade, aliás, que sentia
alguma tristeza naquele momento: eu viera para vê-lo em Marseille, na persuasão
de que estava firmemente resolvido a associar-se a nós. A coisa sendo
projetada há três anos, parecia ter sido bem amadurecida. Só examinei uma coisa
em você: se havia um espírito verdadeiro de sacrifício e de dedicação.Pensei
encontrá-lo na sua pobreza voluntária, na sua vida dura e laboriosa, no seu
zelo pela salvação de suas crianças e, particularmente, na sua misericórdia
pelo pobre menino com tuberculose linfática, que você acolheu e de quem cuida
em sua casa. Tinha reconhecido ali os indícios dessa pura caridade, na qual
desejamos assentar nossa obra e na qual creio que viveu até agora, com a
graça de Deus.
Mas, desde sua chegada em Vaugirard, você me manifestou algumas desconfianças e
prevenções; conselhos de prudência que não censuro, haviam mudado suas
disposições, você interrogava meus irmãos, os irmãos eclesiásticos em
particular, perguntava a nosso respeito a todos aqueles que você supunha, do
lado de fora, poder informá-lo. Discutia com eles todas as questões que podiam
nos concernir; não pude deixar de me ressentir com esses inquéritos, que me
pareciam tardios e inoportunos, no ponto onde o pensava conosco. Eis aí, caro
Senhor padre, toda a minha confissão. Ela lhe provará mais uma vez que a
imolação absoluta de si e de todas as suas afeições não é muito comum, sendo
que os que fazem profissão de consumar plenamente o sacrifício continuam tão
sensíveis, tão sujeitos às mínimas impressões.
Ouso assegurá-lo, todavia, de que essa leve picada não alterou de maneira
nenhuma nossos sentimentos a seu respeito. Continuamos gratos pelos bons
conselhos que deu às nossas obras, desejamos à sua todas as bênçãos do Senhor,
enfim, guardamos com você a esperança de que o perfeito entendimento, que não
pôde realizar-se entre nós de uma só vez, poderá consumar-se mais tarde por
retomada e que a divina Providência pode ter tido suas vistas nessa primeira
aproximação.
Não deixaremos sobretudo, e aconteça o que acontecer, de permanecer unidos a
você pela oração e os bons ofícios recíprocos: isso já será um grau de caridosa
e fraterna associação.
Adeus, caríssimo Senhor padre, queira oferecer ao bom Sr. Guiol meus
sentimentos de respeitoso apego e receba, você mesmo, todo o meu respeito e
minha dedicação em N.S.
Seu humilde servo
Le Prevost
P.S. --- Sua imagem da Santa Virgem está encomendada no modelador; logo que
estiver pronta, cuidaremos de expedi-la, sem demora.
Nossos Irmãos são bem gratos pela sua boa lembrança; o Sr. Maignen receberá com
grande alegria uma carta sua.
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