Fazer com
que a aquisição encarada não seja um embaraço suplementar. Inconvenientes em
fazer tudo repousar sobre uma só pessoa. É preciso visar a fazer as obras
viverem por si mesmas. O irmão Marcaire, sofrendo da falta de vida comum na
casa de Amiens, deve escrever mais freqüentemente.
Vaugirard,
11 de agosto de 1856
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Não recebo notícias suas. Sem dúvida, a razão é que, como seus negócios não
podem se esboçar tão depressa num sentido ou noutro, você não tem nada muito
preciso ainda para me dizer. Estou bem certo, de acordo com as disposições que
me demonstrou, que você não levará adiante suas diligências ardentemente demais
e que deixará agir o bom Deus, trabalhando unicamente sob seu impulso. De outro
modo, com efeito, poderíamos encontrar mais embaraços do que vantagens na
aquisição de que nos ocupamos. Será, de toda maneira, uma grande carga a mais,
e não podemos esconder a nós próprios que, até agora, estas cargas pesam quase
inteiramente sobre sua cabeça. Há inconveniente em fazer repousar tantos
interesses sobre uma só pessoa, porque ela faltando, tudo se acha comprometido.
Eis porque me parece que você deveria trabalhar para constituir, pouco a pouco,
sua casa de tal modo que quase bastasse a si mesma, pelos recursos que produzem
as crianças e os benefícios da caridade. No estado atual, corre-se o risco de
assentar mal as coisas, porque, depois de você, não se acharia, sem dúvida,
ninguém que pudesse fazer em favor da obra os sacrifícios que você está
fazendo. Eis aí o que me faz ter medo de dar-lhe desenvolvimento nestas
condições, porque quanto mais ela fosse considerável, mais seria pesada para
sustentar. Pese essas observações, meu bom amigo, e as leve em conta na conduta
geral de sua casa, procurando, o quanto puder, constitui-la independentemente
dos seus sacrifícios pessoais, ao menos para a subsistência ordinária.
Estou um pouco inquieto por não receber carta de meu irmão Marcaire;
enviando-lhe minha última carta, eu o convidava a escrever-me, ele não o fez
até agora, embora tenha pedido a você, há algum tempo, para lembrar-lhe minha
recomendação. Lembre-se, meu bom amigo, de que ele está pouco amparado pelo
movimento da vida comum em sua casa, que é essencial fortalecê-lo de vez em
quando, por um pouco de conversa íntima. As almas são, em geral, bem menos
fortes do que você supõe: faz-se necessário reanimá-las por alguns
encorajamentos piedosos e manter-se em harmonia com elas por algumas aberturas
de coração.
Adeus, meu bom amigo, procure sobretudo seu apoio, para você, para suas obras,
para seus irmãos, na oração: é o meio mais seguro, pois o Senhor tem na sua mão
os corações e todas as potências e todos os recursos, e somente a oração pode
abrir essa mão rica e generosa.
Abraço-o bem afetuosamente em J. e M.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
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