Recomendações diversas concernentes à vida da
comunidade e das obras em
Vaugirard. Para a inauguração de Nosso Senhora da Salete, é
preciso organizar a cerimônia e pensar em colocar os bilhetes de convite. Pedir
o espírito de oração, “teremos tudo com ele”.
Duclair, 9
de setembro de 1856
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Escrevo-lhe duas linhas, apesar da brevidade de minha ausência, para que meu
espírito, que permanece constantemente entre vocês dê algum sinal de vida e de
boa lembrança.
Perdi o comboio das 9 horas, a carruagem não me tendo conduzido bastante
depressa. Fui obrigado a aguardar até as 11 horas e trinta, o que só me
permitiu chegar em Duclair à noite. Fora desse incidente, cheguei
felizmente ao meu destino, morrendo de fome, pois tinha comido durante todo o
dia somente um pãozinho comprado no momento de minha saída.
Minha irmã protestou vivamente quando anunciei que vinha para três dias, mas a
gravidade de suas próprias ocupações lhe dá felizmente um pouco a compreensão pelas
nossas. Está portanto combinado que voltarei para junto de você na
sexta-feira. Teria até saído na quinta-feira, se, nesse dia, não devessem
mandar vir de bastante longe uma boa tia que não me via há 45 anos e que deseja
muito ver se estou ainda um pouco parecido com o jovem sobrinho que ela viu com
7 a 8 anos
de idade. Tenho certeza de que ela me achará mudado; quanto a mim, não guardei
lembrança nenhuma de seu rosto, então não vou assustar com nada.
Quando estou em Vaugirard, apenas lhe sou útil para indicar-lhe a fazer mil
coisas que você imaginaria bem sozinho, mas que o incito a executar mais
prontamente. Para continuar, mesmo de longe, esse papel estimulante que o
importuna um pouco, embora tenha sua vantagem, mesmo para seu progresso espiritual,
assinalo aqui duas ou três coisas que me parecem ser bastante urgentes.
1o Ver o R.P. Olivaint, para pedir-lhe se não poderia dar-nos alguns
dias de retiro imediatamente depois de nossa famosa festa. Não podemos contar
com o R.P. de Ponlevoy que está invisível, e que o irmão porteiro assegura
estar impedido absolutamente até o fim de outubro. É bem essencial que esse
retiro seja bom e sólido, todos os nossos irmãos precisam dele; os de Arras, o
Sr. Halluin o primeiro, contam aproveitá-lo. Se o Pe. Olivaint não puder se
encarregar dele, lhe dará talvez alguma boa idéia; de outra forma, procurarei,
escrevendo ao R. Pe. de Ponlevoy, ter alguma solução; mas chegou o
momento de cuidar disso.
2o Perguntar ao Sr. Dedoue se quer colocar a primeira pedra de nosso
pequeno santuário de Nossa Senhora da Salete, e examinar entre nós como se
faria essa solenidade: seria na presença da Comunidade somente ou convocando
estranhos? Como convocá-los? O Sr. Boutron teria podido indicar os mais zelosos
membros da Obra do domingo, mas ele está ausente e não voltará antes do 15 ao
20 de setembro. Poderíamos fazê-lo anunciar pela Semana Religiosa. Tudo
isso é a examinar.
3o Mandar bilhetes da festa à Senhorita Gauthier, 16, rua Ne
Ste Geneviève, com uma pequena carta; fazer-lhe notar que teremos
muita chance de êxito nas famílias que têm filhos, se conseguirmos de seus pais
que lhes permitam encarregarem-se da colocação.
4o Seria muito essencial garantir, em diversos bairros, locais de
depósito, para que se possa mandá-los anunciar pelo Messager de la Charité e por
alguns jornais religiosos, que não recusarão fazê-lo. Acho que os Srs. Alcan,
Dona Bouasse-Lebel, Dona Letaille pelo Sr. Roussel, e, por nossos irmãos
ocupados com o patronato, outras pessoas, em diversos bairros, receberiam com
boa vontade esses depósitos.
Poderia-se também levar bilhetes ao Sr. Roussel, pintor-vidraceiro, que
tem uma loja de objetos religiosos, na rua do Vieux-Colombier, n. 15 ou 19. Ele
indicaria de bom grado os membros de São Francisco Xavier, aos quais seria
possível propor bilhetes e ele mesmo, com sua família, colocaria alguns.
Os padeiros das Conferências de São Vicente de Paulo. O Sr. Picard, 6 rue de
Sèvres, fabricante de bronzes; Sr. Froidevaux, papeleiro na Cruz Vermelha. O
relojoeiro ao lado do Sr. Froidevaux: ele faz parte da Conferência da
Abbaye-aux-Bois. Se o Sr. Ratel entendesse bem a coisa e que esta lhe fosse bem
apresentada, poderia dar-nos boas indicações: quase toda a sua freguesia
é cristã. O Sr. Chaumont, comerciante de vinhos, rua du Four, (o Sr. Paillé). A
Sra. Baronesa d’Orgerus colocaria alguns também. O Sr. Dupleix, comerciante de
vinhos, rua du Bac (o Sr. Paillé). Todos os nossos fornecedores. O Sr.
Daniel-Deray, fanqueiro da rua du Bac (o Sr. Paillé).
Se cada um de nós se puser a pensar, com boa vontade, achará muitas portas
abertas e, por meio de um indo a outro, poderá conseguir boa receita. Mas o
tempo é bem curto, aí está nossa miséria, então, aproveitemo-lo bem.
Adeus, caro e bom amigo, assegure todos os nossos irmãos de minha terna
afeição; fiz uma pequena oração, em união com eles, em todos os campanários que
encontrei na minha estrada, e vi muitos; por que, como esses campanários, tudo
ao nosso redor não é para nós uma ocasião de orar? Peçamos o espírito de
oração, e teremos tudo com ele.
Minha carta devia partir esta manhã, ei-la atrasada até esta noite; chegarei
quase ao mesmo tempo que ela, mas, já que está feita, deixo-a partir.
Seu devotado e afeiçoado amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
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