Uma
moldagem da estátua de Nossa Senhora da Salete expedida para Marseille. Por
enquanto, o Sr. Le Prevost não pode responder favoravelmente ao convite que lhe
é feito de ir passar uma temporada no Sul. O estatuto dos eclesiásticos no
Instituto.
Vaugirard,
10 de setembro de 1856
Caro Senhor padre,
Demorei um pouco para responder à sua última carta, que você quis bondosamente
escrever-me, desejando anunciar-lhe definitivamente a saída para Marseille da
estátua da Santa Virgem, que estamos felizes em oferecer para sua capela. Fomos
obrigados a adiar um pouco seu envio, para que ficasse suficientemente
seca e pudesse suportar sem perigo a viagem; mas hoje parece estar em boas
condições. O Sr. Paillé a fez encaixotar e pôr na estrada de ferro; espero, portanto,
que chegará a você sem acidente.
Estamos felizes por pensar que teremos, assim, uma pequena parte no bem que se
faz em sua obra e que essa piedosa imagem, bem cara para nossas crianças e para
nós, tornar-se-á assim também para sua abençoada casa.
Agradeço-lhe, caríssimo Senhor padre, pelas instâncias
bondosas que me faz para minha estada no Sul durante o inverno. A estação não
tem sido ruim até agora, não estou bastante sofrendo para ser constrangido a
mudar ainda de clima. Se tiver, mais tarde, que sofrer essa necessidade, me
deixarei conduzir pela Providência e irei onde sua vontade parecer me mandar.
Até o momento, agarro-me a tudo o que me cerca e faço todos os meus
esforços para não partir. O outono decidirá e o vento que faz voar as folhas
secas me empurrará talvez para a direita ou para a esquerda, não importa em que
sentido, tudo será bem se estiver sinceramente submisso ao bom prazer de Deus.
Estou-lhe também agradecido pelas observações que você bondosamente quer me
dirigir relativamente à nossa pequena Comunidade e às suas obras. Recebemos
sempre com gratidão as informações e luzes que nos são comunicadas: podem
servir a nos iluminar em nosso caminho e nada desejamos tanto como andar
direto. Você o sabe, aliás, caro Senhor padre, nossos meios de conduta foram
muito simples até agora, deixamos unicamente ao divino Mestre o cuidado de
guiar nossos passos.
Não creio que haja grande utilidade para nós em discutirmos os diferentes
pontos a respeito de nossas obras: tenho a convicção de que, no fundo, estamos
perfeitamente de acordo, já que queremos unicamente a glória de Deus, na ordem
e segundo as leis que ele mesmo estabeleceu. Reconheço perfeitamente com você
que aos superiores eclesiásticos é que pertence conduzir os membros do clero em
tudo o que diz respeito ao seu ministério. Pois bem, é exatamente o que
procuramos observar relativamente aos membros eclesiásticos de nossa pequena
Comunidade. São colocados perto de nós por seu Bispo, aconselhados por um
Vigário geral que Monsenhor designou como protetor de nossas obras, e enfim
habitualmente dirigidos pelo padre diretor, que conduz espiritualmente toda a
nossa Comunidade e que lhe serve particularmente de conselho e de apoio. Este
padre diretor é aprovado como tal por Monsenhor o Arcebispo. Não creio que essa
situação tenha algo irregular; Monsenhor o julgou assim, sendo que nos
autorizou a nos mantermos nela, quando lhe prestamos conta e lhe pedimos seus
conselhos paternos.
Nossos irmãos eclesiásticos têm em nossas obras uma posição perfeitamente
digna, têm nela a melhor parte, toda a direção espiritual. Se não
conduzem absolutamente seu movimento exterior, influem, no entanto, nele de tal
sorte que as conveniências e necessidades de seu ministério se acham plenamente
satisfeitas. Acontece o mesmo na Comunidade, onde cada um os envolve de honra,
de deferência e de afeição. Enfim, apesar de ter aprazado à Providência que a
comunidade e suas obras tenham sido fundadas pelos irmãos leigos, o
regulamento, ultimamente revisado ainda e submetido neste momento às
autoridades mais elevadas, deixa toda liberdade para conferir as funções de
superior e as tarefas aos que o Senhor mesmo parecer indicar: eclesiásticos ou
leigos indistintamente. Não acho que possamos manifestar mais completamente
nosso inteiro desinteresse e o desejo sincero que temos de conformarmo-nos em
tudo aos desígnios do Senhor.
Todos os nossos Irmãos recomendam-se muito às suas boas lembranças diante de
Deus e o asseguram de sua constante e perfeita reciprocidade de sentimentos.
Queira também acreditar, caro Senhor padre, nos sentimentos bem respeitosos de
Seu humilde e devotado servo em N.S.
Le Prevost
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