Sucesso do retiro pregado pelo Pe. Olivaint.
Sua pregação foi sólida, calorosa e edificante. Grande união dos corações. O
irmão Guillot irá a Amiens. Sacrifício de vê-lo deixar Vaugirard. Precisa
esforçar-se por fazer das crianças verdadeiros cristãos. A festa das férias em
Vaugirard foi protegida pela Virgem Maria. Em comunidade, benefícios da
harmonização.
Vaugirard,
5 de outubro de 1856
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Nosso retiro, no qual tinha um pouco esperado que você tomaria uma pequena
parte se seus trabalhos não lhe pusessem obstáculo, me impediu de responder
imediatamente à sua boa e filial carta do 30 de setembro. Lamentei tanto mais
sua impossibilidade de vir ao nosso retiro, porque os exercícios dados pelo R.
Pe. Olivaint foram extremamente sólidos, calorosos, edificantes. Todos,
acredito, receberam preciosas e profundas impressões. Nossos irmãos de Arras,
em particular, foram vivamente tocados. No encerramento, o padre Halluin e dois
dos seus: os irmãos Joseph [Loquet] e Augustin [Bassery], fizeram seus
primeiros votos. De nossa casa, o Sr. padre Roussel e o Sr. Guillot faziam
também sua primeira consagração. Enfim, os irmãos Jean-Marie [Tourniquet]
e Emile [Beauvais] faziam seus segundos votos. Essa solenidade, em que o R. Pe.
Olivaint ultrapassou-se, foi muito emocionante. Muitos dentre nós estavam
tocados até às lágrimas, nosso bom Sr. Halluin notadamente, cuja piedade e
cujas lindas e altas qualidades nos apegaram a todos vivamente. Depois da
cerimônia, fomos visitar a capela de Nossa Senhora de Lorette no Seminário de
Issy, em seguida passamos juntos todo o resto do dia em passeio. No fim do
dia, todos os corações não eram mais do que um só e, no momento de se
despedirem, tinha-se pena em resolver-se a fazê-lo. Depois de se abraçarem,
voltavam ainda; ir a Arras ou ficar em Vaugirard parecia indiferente de ambas
as partes, a fusão estava plenamente consumada na caridade do Senhor. É uma
razão de esperar que será franca, séria e duradoura. Você bendirá a Deus
conosco, caríssimo amigo, pois, mais do que ninguém, desejou essa associação,
que o Senhor enfim realizou.
Longe de nós, aliás, tê-lo esquecido: todos os dias, rezávamos juntos
pelos irmãos de Amiens; o divino Mestre e a Santíssima Virgem terão certamente
ouvido nossos votos e terão posto em seus corações as graças que pedimos por
vocês.
Creio com você que chegou o momento de tomar uma decisão com o Sr. Allard; já
que deseja retirar-se, é preciso deixar-lhe inteira liberdade de fazê-lo e
procurar, até, que sua determinação não seja adiada por mais tempo. Se, contra
nossa expectativa, um bom movimento o fortalecesse definitivamente ao serviço
de Deus em união conosco, acho que seria preciso avisá-lo de que é
essencial que entre na casa de Vaugirard e que deve chegar sem demora. Tudo nos
deixa temer, de resto, que tal não seja sua intenção.
De qualquer jeito, sinto bem que você não pode ficar desprovido e que nosso
irmão Marcaire tem necessidade de ser ajudado. Vou, portanto, tomar as minhas
medidas para enviar-lhe, logo que você me pedir, um segundo irmão; destino-lhe
o irmão Guillot, que fez recentemente seus votos. Seu bom espírito, seu zelo,
sua piedade, seu amor do dever, seu bom comportamento me garantem que ele pode
ser-lhe muito útil, ajudar ativamente nosso irmão Marcaire e ajudar a você para
a obra dos jovens operários. É, sem a menor dúvida, um de nossos bons membros;
é por isso mesmo um verdadeiro sacrifício para nós afastá-lo da Casa-Mãe, mas
tenho interesse em não deixar você sofrer e em testemunhar nosso apego por você
e pela casa de Amiens; você pode, então, me pedi-lo, quando julgar conveniente fazê-lo
vir.
Receberei com prazer o bom jovem de que você me fala e que esteve nos Irmãos.
Desejaria, todavia, que você me desse um pouco mais de informações. Por que
deixou os irmãos? Qual é sua idade, sua piedade, seu caráter, sua capacidade,
seu comportamento, seu exterior? Uma palavra ao menos sobre esses pontos
essenciais. Se, de resto, a resposta a essas perguntas fosse satisfatória,
deixo o caso a seu bom juízo, você pode, sem mais esperar, mandar o moço. Se
tiver alguma dúvida, escreva-me, e veremos o que convém decidir a respeito.
Todos os nossos irmãos agradecem-lhe pelos bons e afetuosos sentimentos que
você lhes exprime. Estou também particularmente tocado por suas preocupações
pela minha saúde; até agora, não vou mal, mas tenho muito medo do inverno e
aguardo o que o divino Mestre quiser decidir a meu respeito. Obedecerei à sua
santa vontade em humilde submissão, desejando unicamente me conformar a ela.
Estou plenamente feliz com os detalhes que me dá sobre o retiro de suas
crianças. Quanto mais você lhes procurar sólidas e religiosas instruções, mais
firmemente estabelecerá a fé em seus corações e mais seguramente realizará o
fim de sua obra. Sem isso, o resto é pouca coisa ou, pelo menos, não passa de um
meio para chegar a esse fim, fazer das crianças verdadeiros cristãos. Nunca
devemos perder de vista esse pensamento e todos os nossos esforços devem tender
a isso. Quando você tiver um terceiro membro para sua pequena comunidade,
convido-o muito a combinarem juntos cada semana, num pequeno Conselho, em que
vocês se comunicarão suas observações e determinarão seus recursos e
disposições. Nossos irmãos, aqui, em Arras e em Nazareth só conseguem algo de
bom por essas medidas de combinação e sábia previsão.
Bendigo a Deus pelas boas disposições do Monsenhor de Amiens para com a pequena
Comunidade e suas obras; estaremos, de nosso lado, cheios de respeito e de
reconhecimento por esse venerável Bispo.
Tivemos ontem em Vaugirard nossa festa das corridas. Tudo se desenrolou bem.
Você poderia fazer em Amiens algo semelhante; nossas crianças tiveram um amável
divertimento, que vai render ainda para a casa 15 ou 1.800f e, além disso, muitos
testemunhos de simpatia e de benevolência. Que o Senhor seja bendito por isso,
assim como a Santa Virgem que nos assistiu visivelmente; tínhamos de 3 a 4.000 pessoas, sem
desordem, sem acidente, sem um aranhão; um tempo como se esperava, nada
faltava. Agradeça conosco à boa Mãe que velou sobre as brincadeiras de suas
crianças.
Seu amigo e Pai em Jesus e Maria.
Le Prevost
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