Deus é o verdadeiro superior da Comunidade.
Necessidades espirituais da região de Cannes, para onde o Sr. Le Prevost não
escolheu vir: está aí pela vontade de Deus. Orações por Dona Taillandier.
Notícias e recomendações para os Irmãos.
Cannes, 8
de novembro de 1856
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Deixei de novo por algum tempo nossa querida Comunidade, os médicos tendo
julgado definitivamente que esta nova ausência era necessária para confirmar a
melhora obtida na minha saúde. Até o último momento, esperei que me seria
concedido fazer ao menos durante um mês a experiência de minhas forças, mas
opuseram-se a isso absolutamente e me forçaram a aproveitar os últimos dias de
bom tempo para fazer a viagem. Se minha partida não tivesse sido tão
precipitada, teria bem vivamente desejado cumprir minha promessa, indo despedir-me
de sua querida pequena comunidade e de nossos irmãos de Arras, mas essa visita
será adiada até minha volta. Felizmente, atrás do Superior tão frágil de corpo
e de alma, que parece conduzir a pequena família e que não pode velar mesmo de
bem perto sobre ela, há um outro cuja divina presença nunca lhe falta, que não
a perde de vista e que vela com terna solicitude por todas suas necessidades
temporais e espirituais. Invocá-lo-ei sem cessar por vocês todos, durante minha
ausência, sobretudo para que sua poderosa assistência os sustente, os fortaleça
e dê êxito às suas obras.
No momento de minha partida, nosso jovem irmão Allard ia bem; o Sr. Myionnet me
escreve que, depois, teve uns dias de nostalgia, mas que soube superar e vai
indo agora com firmeza. Espero que o Senhor medirá suas provações ou
dignar-se-á ajudá-lo a suportá-las; acho que, estando cada vez mais iluminado,
ele se fortalecerá na sua vocação.
Tenho confiança também que, de seu lado, nosso irmão Guillot desempenhará bem
sua missão junto de você; é um sujeito de espírito já maduro, sobre cuja razão
se pode contar, que age em consciência e pelo puro motivo da glória de Deus.
Acho que ele pode ser-lhe bem útil, mas precisa mantê-lo na humildade, na
submissão e no desapego de si mesmo: assim é somente que estaremos em nosso
caminho e tratáveis segundo a vontade do Senhor.
Junto aqui para ele uma carta de sua irmã, e duas palavras para explicar-lhe o
que tem para fazer.
Quereria escrever ao nosso caro irmão Marcaire, mas para não adiar por mais
tempo o envio desta carta, transfiro para uma próxima ocasião a satisfação de
entreter-me com seus caros irmãos de Amiens. Assegure o jovem Defosse de meus
sentimentos de afeição: estou sempre de olhos nele e espero que, após ter-se
disposto bem e confirmado em suas intenções, tomará lugar entre nós.
A região onde estou difere pouco daquela em que estava no ano passado. Não a
escolhi, é uma razão para mim de pensar que estou nela pela vontade de Deus.
Haveria aqui muito bem a fazer, pois a cidade é minada pelos Ingleses, que a
beleza do clima atrai para cá e que pagam a hospitalidade que lhes dá a região,
fazendo tudo para roubar-lhe a fé. Vamos examinar se é possível estabelecer uma
Conferência de São Vicente de Paulo; reze, meu bom amigo, e peça também as
orações de nossos irmãos para que o divino Senhor digne-se abençoar nossos
esforços, se devem concorrer para sua glória
Adeus,
meu bom amigo, a distância que nos separa não é nada para corações cristãos,
pois sabem se reencontrar no Coração de Deus; procurarei me manter ali bem
habitualmente para que você tenha a certeza de me encontrar. Neste momento
abraço-o nele de coração e com ternura.
Seu amigo e Pai em N.S. e em M.
Le Prevost
Ofereça meus respeitos aos Srs. De Brandt, Mangot e Cacheleux.
Peço-lhe com insistência para rezar com nossos irmãos por Dona
Taillandier, a amiga mais dedicada de nossa pequena Comunidade; o Senhor acaba
de chamá-la de volta para Si cheia de méritos e de boas obras. Desejo que você
peça a Santa Missa e assista nela com nossos irmãos. A gratidão nos impõe para
com esta santa senhora grandes obrigações.
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