Louis Maignen passa seu doutorado em letras na
Sorbonne. Ciências humanas e ciência da salvação. O Sr. Le Prevost está muito
sentido pela desaparição de Dona Taillandier. É preciso que o Instituto conserve
lembranças concretas: “elas estão essencialmente dentro da terna caridade que é
a própria vida da Comunidade.
Cannes, 10
de novembro de 1856
Caríssimo filho em N.S.,
Acabo, como você o desejava, de escrever ao R.P. Lavigne. Se ele tiver a
bondade de me responder de Toulouse, não deixarei de informá-lo.
Rezarei certamente por seu irmão, por ocasião de seu exame, e pedirei sobretudo
a Deus para que, com a ciência humana, Ele digne-se dar-lhe a ciência da salvação.
Si scires donum Dei253 [Se conhecesse o dom de Deus]. Se pudesse
entender essa palavra do divino Senhor à Samaritana! Veria o quanto é
admirável, elevada e profunda a ciência que o bom Mestre ensina aos humildes e
aos pequenos. E nós, caro filho, nunca cansemos de agradecer ao nosso Pai
celeste, que nos deu esse dom tão gratuitamente e com tão poucos méritos de
nossa parte; guardemo-lo fielmente, façamo-lo crescer pela oração, pela
dedicação e pela caridade.
Fiquei feliz em receber algumas palavras suas de lembrança, ainda não me chegou
nada de nossa querida família, a não ser algumas linhas do irmão Myionnet,
anunciando-me a triste notícia da morte de nossa amiga, Dona Taillandier.
Que alma, que piedade, que doce, indulgente e generosa caridade! Como o bom
Deus foi bom colocando esse anjo para a guarda de nossa obra nascente! E agora
que a chamou de volta a Si, sigamo-la com os olhos para o Céu, onde certamente
continuará velando sobre nós. Fiquei e continuo profundamente aflito com
essa perda; a esperança cristã me consola sem dúvida, mas a natureza geme com
essa dolorosa separação. Ninguém me tinha nunca mostrado uma tão afetuosa, uma
tão indulgente simpatia por nossas obras. Via nisso um sinal da proteção de Deus
e um apoio que sua graça nos havia suscitado. Não me entristeço por este
socorro ser-nos tirado, pois o coração de Pai, que no-lo dera, permanece sempre
aberto para nós, mas sinto uma profunda pena, pensando que na minha volta não
reencontrarei mais essa amiga tão dedicada, tão terna e tão atenciosa nas
nossas penas, nas nossas necessidades, como nos nossos contentamentos e nas
nossas alegrias. Depois da perda de minha mãe, não tinha experimentado uma
igual; que o santo nome de Deus seja bendito, e possa Ele nos devolver no Céu o
que Ele retomou de nós por um tempo na terra. Estou bem consolado pelo que você
me diz sobre a diligência que todos demonstraram para a acompanhar no seu
cortejo fúnebre. Mando dizer aqui missas, para me unir a vocês e dar à nossa amiga
esse último testemunho de afeição e de gratidão. Desejo também que seu nome
seja inscrito na capela de Nossa Senhora da Salete quando estiver feita.
Parece-me que se deveria colocar ali dois quadros: um pelos irmãos falecidos, o
outro pelos benfeitores também falecidos; uns e outros, com efeito, concorrem
juntos para o sustento de nossas obras, uns dentro, outros fora. É preciso que
nossa pequena família, mais do que qualquer outra, tenha lembranças,
porque são essencialmente na terna caridade que é a própria vida de nossa
Comunidade.
Adeus, caro filho, lhe falarei um pouco mais tarde, se lhe interessar, da
região em que estou. Não sei se poderei fazer alguma coisa ativamente nela;
espero pelo menos que, por minhas orações e meus bons desejos, pagarei a
hospitalidade que me deram nela. Abraço-o ternamente assim como todos os nossos
irmãos e sou, em Jesus e Maria,
Seu afeiçoado amigo e Pai
Le Prevost
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