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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 401 - 500 (1856 - 1857)
    • 418 - ao Sr. Carment
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418 - ao Sr. Carment

Favorecer o espírito de família, elemento essencial de nossa vida comum. Convite a um trabalho de ascese perseverante para dominar sua impulsividade. Festa de um irmão: votos e comunhão são usos a bem estabelecer.

 

Cannes, 13 de novembro de 1856

 

            Caro filho em N.S.,

 

            O pequeno almanaque da senhorita Payen, que se acha aqui na minha mesa e que uso como folhinha, me alerta que será depois de amanhã a festa de Santo Eugênio, e me lembra que, em Vaugirard, tínhamos o costume de abraçá-lo naquele dia e de muito rezar por você. Meus braços não são suficientemente compridos para atingi-lo, pois mais de 300 léguas nos separam e as potências de ação do homem não chegam até lá; mas me resta pelo menos o coração para amá-lo e a oração para chamar as misericórdias infinitas de nosso Deus sobre você. É a esse duplo recurso que me apego, para desejar-lhe uma boa festa e comemorá-la bem.

 

            Tenho certeza absoluta de que, em Vaugirard, nossos irmãos também não o terão esquecido; em Arras também, sem dúvida, terão tido alguma boa lembrança para você. Nosso bom Sr. Halluin deseja sinceramente conosco que os usos estabelecidos na nossa pequena família sejam todos adotados na casa de Arras. Se o costume de dar algum sinal de afeição aos irmãos no dia de sua festa, e de rezar por eles, ainda não fosse adotado, peça-lhe, em meu nome, que o introduza, assim como o a piedosa prática de oferecer-lhes uma comunhão, no mesmo dia, se for dia de comunhão, ou na mais próxima comunhão. Tudo o que colocar entre nós o espírito de família e estreitar os laços de nossa santa fraternidade será segundo o coração de Deus, pois Ele é o Deus da terna dileção e da infinita caridade.

 

            Possa Ele, esse bom Mestre, conceder-lhe, para sua festa, muitos dons e muitas graças tirados de seu divino Coração e trazidos para o seu, pela mão abençoada de nossa tão amada mãe, a Santa Virgem Maria. Não escolho entre essas graças, Ele sabe melhor do que eu as que lhe são sobretudo necessárias. No entanto, pedindo a humildade, a mansidão, o desapego de si mesmo, de sua vontade, de seu espírito próprio, nunca se arrisca nada, pois todos precisam disso, e são sobretudo as virtudes essenciais aos amigos íntimos do Senhor Jesus. Peço, portanto, insistentemente à sua bondade que essas virtudes, iniciadas em você, cresçam dia a dia e cheguem a esta feliz plenitude que se produzirá  para você em forma de paz e serenidade interior, e se espalhará para os outros em atos de bondade constante e de amável mansidão.

 

            As cartas que recebo até agora de Arras me deixam pensar que tudo vai bem para nosso querido pequeno Firmin Thuillier e para você. Continue, caro filho, a agir da melhor forma possível, apoiando-se sobre Deus em tudo e sobre a Santa Virgem, nossa soberana Senhora após seu divino Filho. Diga-me mais particularmente, em sua próxima carta, se você está bem firmado agora em suas funções, se procura bem conservar nelas a paz, mantendo-se sob os olhos de Deus e considerando os exemplos de nosso divino modelo Jesus Cristo. Volte muitas vezes para dentro de si, caro filho, para ver se está no espírito dele: tolerância, paciência, condescendência, não quebrando o caniço rachado, não fazendo ouvir o barulho de sua voz na praça pública, quer dizer evitando toda contestação, cedendo nas coisas indiferentes, sustentando com calma e doçura as coisas essenciais. O bom Deus o dotou de um coração verdadeiramente reto e até de um juízo são. Mas, quando a perturbação penetra em você, a razão escurece e o sentimento cego o pode facilmente extraviar. O remédio para essa fraqueza orgânica é mortificar-se, quer dizer dominar pela vontade superior a parte inferior e sensível, assim como reprimir, logo que surgem, os primeiros movimentos da irascibilidade. A oração, a vigilância, o exercício de sua vontade para torná-la dona de seus movimentos, enfim, o apoio da doce Rainha dos Anjos e dos Santos torná-lo-ão fora de pena, senão por uma conversão absoluta, ao menos por emendas notáveis e muito encorajadoras.

 

            Adeus, caríssimo filho; diga a seus bons pais, quando se oferecer a ocasião, que não os esqueço em meu afastamento e que não deixarei de visitá-los quando for vê-lo na minha volta. Não escrevo a meu filho Firmin nem aos nossos outros irmãos hoje. Seja meu intérprete junto a eles e, como os amo ternamente, encontre em você alguma boa efusão de oração e de caridade que testemunhe que você me representa nessa ocasião.

 

            Acredite, você mesmo, caro filho, em todo o cordial devotamento de

 

            Seu amigo e Pai em N.S.

 

                                               Le Prevost

 

 

 




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