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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 401 - 500 (1856 - 1857)
    • 421 - ao Sr. Decaux
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421 - ao Sr. Decaux

Agradecimentos e encorajamentos a praticar a caridadeGratidão à memória de Dona Taillandier. Colaboração dedicada que o Sr. Decaux presta às obras do Instituto. A saúde do Sr. Le Prevost se altera um pouco.

 

Cannes, 19 de novembro de 1856

 

 

            Meu excelente amigo e irmão em  N.S.,

 

            Se tivesse seguido minha inclinação, que me faz encontrar tanta alegria em entreter-me intimamente com você, ter-lhe-ia escrito desde a minha chegada aqui. Mas foi preciso nos instalarmos, fazer algumas visitas indispensáveis, responder a um número bastante grande de cartas, que me tinham chegado. Tudo isso me distraiu forçosamente e absorveu meus dias. Tomo o primeiro instante livre e o reservo para você. E a quem o daria melhor senão a você, meu bom amigo, que se tornou verdadeiramente nosso irmão pela terna simpatia que nos mostrou, pela dedicação tão generosa que testemunhou à nossa pequena família e às nossas obras. Ainda tenho bem viva a impressão de suas despedidas tão repletas de terna cordialidade, e tenho o coração todo consolado pela lembrança das mil bondades e atenções delicadas, das quais sua afeição me cumulou durante minha breve estada no meio de vocês. O bom Deus lhe deu um grande dom,  ao colocar em você um coração tão caloroso e tão amoroso, e você o usa segundo sua vontade, espalhando em toda a parte as suaves e vivas chamas da caridade. É a missão que o Salvador, Ele mesmo, tinha escolhido: ignem veni mittere in terram258 [vim para abrasar a terra], é aquela que Ele também aos seus mais caros discípulos. Ande assim sempre, caríssimo amigo, nas pegadas de nosso bem-amado Mestre; não há mais santo e mais nobre caminho, nem emprego mais excelente dos curtos instantes que passamos na terra; transiit bene faciendo259 [passou fazendo o bem]. Passou amando e levando todos os outros a se amarem, colocou a vida do Céu na terra, no Céu ser-lhe-á dado em plenitude o que já procurou tanto aqui em baixo.

 

            Essas reflexões, que me vêm bem naturalmente conversando com você, meu bom amigo, vinham-me também ao pensamento nestes últimos dias, a respeito da excelente amiga que perdemos. Você, acho eu, teve poucos relacionamentos com essa alma tão santa, tão bondosa, tão ardente em caridade. Lamento muito isso, pois se é felizencorajado, por ter encontrado em seu caminho neste mundo um coração de elite, em que o Senhor colocou sua mais viva semelhança, e cujo simples contato já é um benefício. Fico comovido ao ver que todo o caro mundo caridoso que o rodeia se tenha emocionado com esta perda e que as Conferências de Saint-Germain des Prés e de Saint Sulpice, a Santa Família e muitos outros se reunam harmoniosamente, para rezarem juntos na intenção da boa Dona Taillandier e ocuparem-se dela, que tanto se ocupou deles.  Nenhuma de nossas obras não teve suas simpatias, nenhuma não teve de sua parte mil delicadezas e atenções de coração, que se reservam no mundo àqueles do próprio sangue, mas que as almas santamente inspiradas derramam generosamente sobre todos. Nosso bom padre Taillandier me mandou, sobre os últimos instantes de sua bem-amada mãe, detalhes bem tocantes, bem capazes de edificar os corações cristãos. Não sei se seria indiscreto comunicá-los à Santa Família, que perde nela uma verdadeira mãe; vou tornar a lê-los e, se me parecer possível fazê-lo, farei pedir a licença ao nosso bom padre. Você sabe que ele é o filho espiritual do Sr. Icard. Se alguma vez, para você ou para outros, precisar de um padre esclarecido, de uma alma delicada, elevada e generosa, cheio de prudência e de maturidade, apesar de bem novo ainda, pode ir a ele, você encontrará o que lhe convém.

 

            Nossos irmãos de Nazareth me escrevem que tudo vai bem em seus negócios, que você acompanha com ardor o empreendimento que o Senhor parece ter-lhe confiado: completar a fundação desse lar de boas obras. É uma tarefa um pouco rude, para este ano sobretudo, mas quando tiver sido consumada, será uma doce alegria para seu coração cristão e caridoso ver todo o bem que as almas dos pobres, dos operários, das crianças tirarão desse centro de zelo e de misericórdia. Só posso ajudá-los rezando e fazendo aqui docilmente a vontade de Deus, qualquer que seja; esforçar-me-ei por não descuidar dessa parte que me é deixada.

 

            Procuro reunir aqui os elementos de uma Conferência de São Vicente de Paulo, que poderia fazer um grande bem na região. Os sujeitos e a boa vontade não faltam; há, todavia, alguns obstáculos que o bom Deus nos ajudará, espero, a superar; se conseguirmos, não deixarei de informá-lo.

 

            Minha saúde, que não estava ruim demais até agora, alterou-se novamente há alguns dias. O ar extremamente seco e bastante áspero que vem do lado dos Alpes me causou uma irritação de peito, que renovou alguns acidentes que achava não ter mais de recear. Que a santa vontade de Deus seja feita; só desejo cumpri-la em verdadeira submissão e não tenho desejo nenhum de incliná-la, no que me concerne pessoalmente, nem para um sentido nem para outro. É tão bom entregar-se ao bom prazer do Senhor, e isso é uma tão grande tranqüilidade! Desejo mesmo encontrar nisso minha paz.

 

            Adeus, meu excelente amigo, peço-lhe para achar boas e afetuosas palavras para todos os nossos amigos, para os membros de nossa Comissão, sobretudo, aos quais devo tanto e pelos quais sinto em mim uma tão viva e tão profunda gratidão. Ofereça meu respeito ao nosso querido e venerado Presidente Geral, e todas as minhas lembranças bem devotadas a todos os nossos confrades do Conselho, que foram tão bondosos por mim; enfim, meu bom amigo, guarde para você mesmo o melhor do meu coração, porque é no seu fundo mais íntimo que lhe sou ternamente unido.

 

            Seu todo afeiçoado amigo e irmão em N.S.

 

                                               Le Prevost

 





258 Lc 12,49.



259 At 10,38.





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