Dificuldade de acolher novas crianças. Agir em
vista do bem geral da obra e segundo a vontade de Deus. O Sr. Le Prevost
responde a uma pergunta sobre a natureza da renovação dos votos. Bênção da
capela de Nossa Senhora da Salete.
Cannes, 20
de novembro de 1856
Caro Senhor padre e filho em N.S.,
A distância do nosso local já coloca longos atrasos em nossas correspondências,
procurarei não aumentá-los demorando eu mesmo para responder-lhe.
Quanto à pergunta colocada na sua carta, a respeito das crianças do “Abrigo”,
acho como você que deve ser examinada, ao mesmo tempo, sob o ponto de vista
espiritual e moral e sob o aspecto material. A admissão em massa de 25 crianças
talvez muito malcriadas e muito mal vigiadas, até agora, não pode atrapalhar o
espírito de sua casa, criar dificuldades para você e comprometer o resultado de
seus sacrifícios e de seus esforços? Se você tem razão para pensar que não será
assim, é um ponto bem essencial para preparar sua decisão.
Por outro lado, essas crianças não aumentarão demais as classes, não tornarão a
vigilância difícil demais? Acharão com facilidade seu lugar nos locais do
estabelecimento? Enfim, não acrescentarão muito ao número de suas cargas e
despesas? Se você vê também uma resposta satisfatória a essas perguntas, me
pareceria possível aceder ao desejo dos Srs. Administradores do “Abrigo”. O bem
a fazer é inquestionável. Pode ser feito sem prejudicar a obra tão importante
que Deus colocou em suas mãos? Aí está todo o assunto do exame. Parece-me, caro
Senhor padre, que deveria recomendar particularmente a coisa ao bom Deus, pelo
intermediário da Santa Virgem, e, depois de um quarto de hora de exame aos pés
do Senhor, tomar a decisão que Ele lhe inspiraria. Creio que você deve, quanto
ao presente, tender a conservar sua casa dentro de limites restritos, para bem
organizá-la e não dar-lhe um desenvolvimento apressado demais, mas o caso
presente tem circunstâncias particulares que exigem consideração. Não
desaprovo, de minha parte, uma decisão afirmativa se, depois de exame diante de
Deus dos pontos que toquei, você lhes achasse uma resposta satisfatória.
Não respondo à carta de nosso irmão Carment hoje, para não atrasar o envio
desta. A pergunta que ele me fazia sobre a renovação dos votos na festa da
Apresentação terá sido resolvida por você facilmente, acho eu. Essa cerimônia
da renovação não acrescenta nada à extensão nem à duração dos votos, não passa
de uma reiteração260, no fundo do coração e na expressão exterior, do
sentimento que nos levou a nos consagrar a Deus; é um ato de piedade, nosso
caro irmão devia, portanto, fazê-la com todos os irmãos professos.
Acho que o Sr. Myionnet o terá satisfeito para os cobertores. Vou repreendê-lo
por ter demorado tanto para escrever-lhe e convidá-lo a fazê-lo mais
regularmente. Mesma recomendação será feita ao irmão Bassery.
Adeus, caro Senhor padre, recomendo-me às suas orações, estando há alguns dias
mais enfermo, sem, todavia, estar de cama. Peço as boas lembranças de
toda nossa pequena família de Arras, que me é bem cara e que eu mesmo recomendo
muitas vezes a Deus.
Acredite, caro Senhor padre, em todos os meus sentimentos de terna afeição em
Jesus e Maria.
Seu amigo devotado e Pai
Le Prevost
O Sr. Dedoue, Vigário Geral, presidirá amanhã, 21 de novembro, a renovação dos
votos em Vaugirard; depois da Missa colocará a primeira pedra da capela de
Nossa Senhora da Salete261.
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