O Sr. Planchat deve dominar sua impetuosidade
natural e deixar-se conduzir por seu diretor, o padre Beaussier. As
Conferências eclesiásticas. Os irmãos leigos têm necessidade de serem
amparados. O Sr. Le Prevost reza pela família Planchat.
Cannes, 10
de dezembro de 1856
na oitava
da Imaculada Conceição
Caríssimo padre e filho em N.S.,
Aguardava há algum tempo a cartinha que me escreveu, pois você nunca está entre
os últimos, quando se trata de uma delicadeza e de uma atenção de coração.
Fiquei sensibilizado e lhe agradeço. Preciso, aliás, manter-me em comunicação
íntima com todos os meus bem-amados filhos; sinto um mal-estar quando não sei
muito bem como estão. Sua pequena epístola veio tranqüilizar-me, no que lhe diz
respeito, já que está sempre em boas relações com Deus, com seus irmãos e
consigo mesmo; fora de algumas misérias quotidianas que são como a poeira que
voa, que dissipamos um pouquinho, mas da qual uma parte, inevitavelmente se
gruda a nós. Essa poeira, para você, caríssimo amigo, é a falta de regra em
seus movimentos e a impetuosidade mal controlada de seus ímpetos naturais;
reprimi-los será sem dúvida a obra de toda a sua vida, mas você dedicar-se-á a
isso com a boa vontade e a perseverança que põe nas obras de fora. Aprouve ao
divino Mestre que cada um de nós tivesse, assim, uma dupla tarefa, por dentro e
por fora, ambas sendo igualmente meritórias, se forem a nos animar a caridade e
o desejo de glorificar a Deus.
Alegro-me muito pelo apoio de seus conselhos e de seus encorajamentos que o
nosso padre Beaussier traz-lhe de novo, ele é o homem da esperança e da
confiança em Deus; os que têm esses dons são poderosos para amparar os outros.
Não descuide, caríssimo amigo, de aproveitar esse socorro e, na medida do
possível, esforce-se para que os outros também sejam por ele beneficiados. Com
zelo vigilante, faça com que, em particular, as pequenas Conferências que devem
realizar-se a cada quinze dias não sejam esquecidas, e que sejam também
bastante preparadas para terem uma real utilidade269.
Peço-lhe também para fazer tudo o que depender de você para edificar os jovens
irmãos leigos, as muitas preocupações do Sr. Myionnet não lhe deixam talvez
toda a liberdade de espírito necessária para que seus cuidados e sua vigilância
não os negligenciem nunca. Eles têm necessidade de muitos apoios e, sendo que
aprouve a Deus que até agora não tivessem mestre de noviços, é preciso que
todos os irmãos antigos, com a medida e a circunspeção que se deve colocar em
tudo, aproveitem todas as oportunidades de instrui-los, de ampará-los, de
edificá-los.
Vou rezar a todas as intenções que você me recomenda, particularmente para
obter que o apoio do Sr. Codant não falte à sua Santa Família. Rezarei também
por seus pais que afeiçôo sinceramente. Deus ouvirá nossos votos por seu pobre
Eugène270, cuja situação é digna de interesse. Não creio, no entanto,
que se possa contar bastante sobre ele para tirá-lo da tutela salutar em que a
Providência o colocou. Penso que é preciso deixá-la conduzi-lo, e que se
arriscaria muito mudando sua via.
Adeus, meu excelente amigo; reze por mim, a oração é nossa vida e o sopro que
anima nossas obras, rezemos portanto, sem nunca cansar.
Seu amigo e Pai em N.S,
Le Prevost
|