Instrução para uma eventual cessão da capela de
Nazareth. A reorganização da casa de Nazareth que resultaria disso.
Cannes, 26
de dezembro de 1856
festa de
Santo Estevão
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
O pedido que nos é feito para a capela de Nazareth é uma questão grave para
nós, não deverá ser resolvida sem consultar Deus e os santos padroeiros
de nossa pequena Comunidade; acho mesmo que você já pensou nisso e que nosso
bom padre Hello, em particular, terá falado desse assunto ao divino Mestre no
Santíssimo Sacrifício.
Parece-me que nos é difícil recusar o desejo expresso pelo
Arcebispado273, cuja benevolência sempre foi tão paterna para nós, se
podemos favorecer o bem que se tem em vista, sem prejudicar essencialmente a
obra que a Providência nos confiou. O patronato não teria realmente muito a sofrer
pela privação temporária da capela; somente a Sociedade de São Vicente de Paulo
e a Comunidade perderiam nisso a honra, se posso falar assim, o relevo de
seriedade religiosa, que a capela dá ao conjunto de seus trabalhos em Nazareth.
É muito, e deve-se calcular que se terá um pouco menos de favor nas coletas que
tivermos de realizar, não podendo mais alegar os socorros espirituais que
dávamos ao bairro. Acho, no entanto, que será preciso ainda ultrapassar essa
consideração, apoiando-nos sobre Deus, que bem saberá conciliar de outra forma
o interesse para com as nossas obras, se procurarmos sua glória antes de tudo.
Um outro ponto me pareceria a examinar, a saber: como você substituirá, para
seu próprio alojamento, as pequenas células dos Capuchinhos? O edifício da
biblioteca me parece conter mais locais do que se tem realmente necessidade.
Nossos confrades não poderiam ceder-lhe uma ou duas peças desse lado? Eles são
razoáveis demais para não entenderem que, já estando tão estritamente apertados
na sua pequena casa de comunidade, vocês não poderiam, sem um constrangimento
excessivo, ser privados de suas duas maiores células, se não lhe derem alguma
compensação. Fale sobre esse ponto ao nosso amigo, o Sr. Decaux, e
procure que ele tire a dificuldade, se houver. Viver na pobreza é bom, mas
faltar o espaço indispensável para a saúde e um pobre local para os exercícios
comuns, seria demais. Insisto um pouco fortemente a esse respeito, não por
causa de você pessoalmente, mas pelo bem real de nossas obras, que é
verdadeiramente interessado nisso.
Resolvidas essas disposições, como se pode esperar, pareceria-me totalmente
desejável que nosso bom amigo, o Sr. Decaux reunisse sua Comissão da obra de
Nazareth ou conselho de administração, não me lembro bem qual é o nome, todos
os bondosos confrades, em uma palavra, que sustentam a obra, e que tomasse seu
parecer sobre a medida em questão. Teremos nisso a dupla vantagem de ter os
pareceres esclarecidos de nossos amigos e de não colocar isoladamente demais a
comunidade em presença do Sr. Pároco e do representante do Arcebispado.
Desejaria muito também que se tivesse o consentimento do Sr. Baudon, cujos
conselhos, sabemos, são sempre altamente e sabiamente inspirados.
Se, como se pode pensar, você tivesse o assentimento das pessoas caridosas que
o rodeiam, poderia, parece-me, ir para frente, chegar ao convênio que lhe é
proposto.
Acho que seria bom fazer uma ressalva para as assembléias da Santa Família; não
sei, porém, se seria conveniente que isso fosse uma condição escrita da
locação, ou se não seria melhor que fosse uma simples convenção amigável, feita
com o Sr. Pároco. Parece-me que é no espírito da Santa Família e de nossas
obras em geral fazer-se aceitar e não se impor.
Quanto ao preço da locação, se se considera as despesas que representam a
capela e o terreno contíguo, a importância que tem para nós, a parte que teve
nos sacrifícios enormes que a obra de Nazareth corajosamente aceitou, acharia
que a importância de 6.000f
por ano não seria excessiva. Eu a pediria, portanto, ficando sujeito a baixar
para 5.000f. Não me parece que se pudesse razoavelmente ir para baixo desse
número. Deixo, todavia, isso ao juízo de nossos amigos, não querendo que minha
opinião prevaleça sobre a deles, nesse ponto não mais do que nos outros.
Entendo bem o pesar que terá nosso bom padre Hello se esse acordo se consumar,
mas será um sacrifício temporário, que Deus lhe tornará talvez, concretamente,
menos pesado do que ele pensa e do qual o indenizará, em todo o caso, o
pensamento que a glória do Senhor parecia pedi-lo.
O Sr. Myionnet não me falou até agora de Grenelle, nem de seu patronato, nem da
situação da fundação. Não sei absolutamente nada desse lado; só respondo,
então, ao que você me diz sobre a direção do patronato. Penso que, se alguma
medida tivesse de se tomar, o Sr. Myionnet me escreveria a respeito. Você
também não respondeu, meu bom amigo, à pergunta que lhe fiz relativamente aos 5.000f emprestados pelo Sr.
Taillandier para Nazareth. O Sr. Myionnet, a quem escrevi duas vezes a esse
respeito, não me respondeu também; desejaria que, você ou ele, me escrevesse
duas palavras sobre isso.
Passo aqui bem rapidamente sem responder a vários artigos de sua última carta,
sem dizer-lhe, sobretudo, como fico agradecido e tocado por suas afetuosas
atenções, a respeito de minha saúde e por todas as boas coisas que me diz
a respeito de minha festa. Esta era uma carta de negócios, seca como uma
procuração; se tiver tempo antes da partida do correio, farei algumas palavras
melhores para você e nossos irmãos. Meu avô era procurador no Normandia, não se
deve estranhar se, sem ter o espírito dos negócios, eu guardei disso, porém,
alguma coisa, a secura e o peso.
Adeus, caríssimo amigo, tudo ainda não está ressequido em mim, o sinto bem por
minha afeição por você.
Seu amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
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