O Sr. Le
Prevost aceita a inação e a penosa separação de sua comunidade. Amáveis
repreensões aos irmãos de Nazareth, ditadas pela afeição. Começar a amar para,
depois, fazer o bem. Paciência na doença.
26 de
dezembro [1856] Santo Estevão
Caríssimo amigo,
Acrescento duas palavras aqui, como queria, para deixar de lado os negócios, e
colocar-me um momento em clima de família, em seu interior de Nazareth. Em
primeiro lugar, repreendo bem fortemente (é tão rápido repreender) esses irmãos
relaxados, que esquecem a reserva de que temos necessidade para nós e para os
outros, e que se entregam a excentricidades, das quais não quero rir, porque
bem realmente as acho lastimáveis. Repreendo, mais forte do que os outros, meu
bom padre Hello, que se expõe ao frio à noite, sem nenhuma necessidade;
quanto menos gordo, tanto mais o amo, e mais temo os acidentes para ele.
Conjuro-o com insistência a poupar-se; conjuro-o também a se lembrar de que
foram precisos doze ou quinze anos para fazer dele um homem um pouco letrado,
cinco ou seis, para prepará-lo ao sacerdócio, e acúmulos de graças, para que se
tornasse um humilde servo dos pobres; sei o que valem todas essas riquezas
adquiridas, e, ao preço de cem vezes a minha vida, desejo conservá-las.
Não conseguiria muito ser sério, censurando nosso irmão Maignen por suas
caricaturas; engajo-o, porém, a contentar-se com essa primeira remessa; a
pequena carta dele, acrescida à sua, alegrou-me certamente muito mais.
Que direi aos meus dois outros irmãos? Ainda não me escreveram para minha
festa, mas o Natal estava aí, que devia ocupá-los muito. Agradeço-lhes por
pensar na salvação de suas crianças antes de tudo; terei minha compensação,
aliás, e sei bem que seu coração tão afeiçoado não me fará perder nada.
Bem-amados amigos, quanto me seria duro estar longe de vocês neste momento,
para estas lindas festas e para o fim do ano como para o ano novo, se não
pudesse depositar no Coração do divino Jesus todas as minhas ternuras, todos os
meus profundos devotamentos a vocês. Sim, abraçá-los, respirar um pouco o ar da
família me seria bem doce, mas já que encontrá-los em Jesus é mais seguro, mais
proveitoso, mais cristão, viva Jesus! Estou contente assim e quero sua adorável
vontade. Aí está presentemente quase toda a minha vida, sendo que valo tão
pouco pela ação, mas nosso bom padre Taillandier me escrevia isso no ano
passado: “Você não está sem fazer nada, já que faz a vontade de Deus”. Procuro
alimentar-me desse texto e me penetrar dele profundamente. Há um outro, que
estava vendo estes dias e que aprecio muito também: Aprouve a Deus que não se
pudesse fazer bem nenhum aos homens, senão amando-os. Por isso, caríssimos
amigos, começo sempre amando-os, com todas as forças de meu coração, sendo que
isso é a primeira condição de todo bem a fazer. Junto a isso, para a segunda
condição, a oração bem fiel e recomendações sem número à nossa amada Mãe a
Santa Virgem, ao bom São José, ele é tão bom! a nosso Pai São Vicente, a seus
anjos da guarda, a seus santos padroeiros e a todos os santos e santas do
Paraíso. Possam, durante todo este ano, viver em sua doce e íntima companhia, e
possa eu mesmo encontrar ali um pequeno lugar junto de vocês.
Adeus, caríssimos amigos, abraço-os fortemente.
Seu amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
P.S. Propus duas vezes ao Sr. Halluin tomar o irmão Loquet perto de mim.
Disse-me que ele está melhor, tornarei a falar com ele sobre isso. Hyères
e Cannes não diferem muito; não é o lugar que precisaria mudar, mas meu peito.
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