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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 401 - 500 (1856 - 1857)
    • 440 - ao Sr. Decaux
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440 - ao Sr. Decaux

Votos de ano novo. Agradecimento pela ajuda trazida a Nazareth. Após informação mais ampla, o Sr. Le Prevost decide não renunciar à capela de Nazareth. Projeto de Conferência de São Vicente de Paulo em Cannes. Proselitismo protestante.

 

Cannes, 29 de dezembro de 1856

 

            Meu bom amigo,

 

            Há, no fim do ano e no começo daquele que vai se abrir não sei que influência, que agita em mim todos os meus sentimentos de afeição e de dedicação. É uma velha impressão de infância, à qual cedo com tanto maior gosto neste momento, que me sinto voltar a ser criança,  à medida em que fico mais velho, mais fraco, mais perto dessa outra extremidade da vida que, embora tão longe da infância, lhe é parecida, porém, em alguns pontos. É por isso, caro amigo, que lhe desejo um ano bom, e desejo também, senão para você, ao menos para os que o amam, que seja seguido de muitos outros, repletos, como os precedentes, de um grande número de boas obras e de atos de dedicação e de verdadeira caridade. É o melhor e o mais nobre lote sobre a terra; é aquele que desejo e que peço a Deus para você. Não lhe repito, meu bom amigo, quanta consolação me vem na minha incapacidade, ao ver que tudo o que meu coração queria realizar está se cumprindo melhor por você, mais vivamente e mais firmemente que eu poderia ter feito. É evidentemente por uma inspiração de Deus que esse impulso de generoso ardor lhe foi dado, é, portanto, como uma missão; ela o honra como vinda de Deus. Será, tenho certeza, meritória aos seus olhos e digna de recompensa. Peço-Lhe para assisti-lo por sua graça, para guardar a pureza de seu zelo e para fazer deste um florão bem radiante e bem lindo para sua coroa.

 

            Nossos amigos me escreveram o pedido que nos é feito da capela de Nazareth. Eu tinha achado, no primeiro momento, que você considerava essa locação como uma necessidade, seja porque era indispensável para a paróquia, seja porque devia produzir um recurso, que a própria obra não podia dispensar. Tinha, portanto, embora prevendo os inconvenientes graves da medida, achado dever aderir ao que me parecia ser seu parecer; mas adotei, com viva atenção, a decisão oposta, logo que informações mais precisas me permitiram enxergar melhor a situação. Penso como você plenamente que, tirada a capela, nossa obra perderia seu principal mérito, seu valor e seu significado, que deixaria desde então de interessar ao mundo cristão e caridoso e não conseguiria mais criar para si os recursos de que tem uma imperiosa necessidade. Vou, daqui a poucos dias, enviar a nossos amigos uma nota respeitosa para Monsenhor o Arcebispo, para explicar-lhe a situação em que estamos e as razões que nos impedem aderir ao pedido do Sr. Pároco.

 

            Você terá bastante bondade, espero, meu bom amigo, para apresentar ao Sr. Baudon meus respeitos e votos de ano novo, assim como a todos aqueles dos nossos confrades, que têm a extrema caridade de conservar-me alguma boa lembrança. Escreverei logo ao Sr. Baudon; gosto de dizer-lhe de vez em quando a situação de nossa pequena Comunidade,  para que ela ande bem, em perfeita união com nossa querida Sociedade de São Vicente.

 

            Não perdi a esperança de colaborar para a fundação de uma Conferência em Cannes, mas encontrei neste local até agora muitas dificuldades. Os católicos têm muita dificuldade para se entenderem entre si, e bem pouco fervor para sustentarem sua , que está sendo deploravelmente solapada pelos Ingleses protestantes, que a beleza da região atraiu.  Já compraram as almas de um bastante grande número de pobres operários, que a ignorância e a miséria colocaram à sua mercê. Acabam, estes dias, contra a vontade do prefeito e das autoridades locais, apesar do parecer contrário do prefeito do Var, de ser autorizados a abrir uma escola gratuita, cujo instituidor, pago por eles, é, claro, protestante. Quarenta criançasestão inscritas para freqüentar essa escola, porque as outras não são gratuitas. Você não acha que, se os católicos, por uma subscrição ou de outra forma, não tornam uma de suas escolas não paga, não são dignos de guardar o dom de sua ? No entanto, é de se temer em demasia que agüentem ainda passivamente esse audacioso golpe a suas crenças na pessoa de seus concidadãos pobres e fracos, que eles deveriam sustentar. Oremos muito, meu bom amigo, e, segundo as nossas forças, não descuidemos de nada para sustentarmos nossa causa, pois parece que o demônio está redobrando de furor neste ataque.

 

            Acredite, excelente amigo e irmão, em todos os meus sentimentos de inalterável afeição em N.S.

 

                                               Le Prevost

 




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