Incomodado
por um abcesso no pulso direito, o Sr. Le Prevost dita sua carta.
Relacionamento com os confrades. Precisa “colocar-se com eles na esfera de tudo
o que é bom e belo”. Não se preocupar do que se diz e pensa de nós.
Cannes, 10
de janeiro de 1857
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
Meu pequeno irmão Ernest me serve de secretário hoje, porque me aconteceu no
pulso direito, há alguns dias, um abscesso, que chegou ao ponto de me tornar
todo movimento impossível. Já havia tido dois outros, muito menos doídos, e,
sobretudo, menos mal colocados. O médico que me decidi a chamar pensa, como eu,
que é o resultado da superexcitação produzida sobre minha constituição pelo
clima seco demais e ardente demais para meus órgãos. Não se mostrou inquieto.
Confio no seu diagnóstico, embora o adormecimento e as dores nervosas de meu
braço sejam extremos.
Não posso responder detalhadamente hoje à última carta de nosso caro irmão
Maignen, limito-me a recomendar-lhes sejam bem cheios de afeição e de gratidão
por nosso amigo o Sr. Decaux, que as merece tão bem, de nunca lhe dar algum
sinal de desconfiança.
Peço-lhe também bem insistentemente para evitar todo debate sobre a questão de
propriedade; lamento bem vivamente os que já aconteceram a esse respeito,
parece-me que, com um pouco de circunspeção, teria sido possível preveni-los.
Entrarei em detalhes mais demoradamente quando puder escrever-lhe. Mantenha
fielmente suas contas em dia, se tiver algumas, ajude nossos confrades nos seus
esforços, tanto quanto depender de você. Em geral, seja com eles cheio de
delicadeza e de condescendência, veja suas boas qualidades, que são tão reais,
e feche os olhos sobre suas imperfeições; em geral, é melhor e mais sábio ao
mesmo tempo mostrar às pessoas uma generosa confiança, são, assim, levadas a
responder à boa opinião que se tem delas. Evitam-se assim muitas dificuldades,
colocando-se com elas na esfera de tudo o que é bom e belo.
Não se preocupe com o que se diz e pensa de você, faça todo o bem que
puder, Deus se encarregará do resto. A longo prazo, uma conduta nobre, dedicada
e desinteressada tem, mesmo na terra, sua recompensa. Ela concilia àqueles que
a têm uma alta estima e uma influência muito mais certa do que se teria por uma
defesa meticulosa dos seus privilégios e de seus direitos. Nosso pequeno irmão
Ernest Vasseur acha que chega; quer que ambos o abracemos. Sofri menos enquanto
estava conversando com você, o que me faz pensar que após minha volta, se
é verdade que esteja nos desígnios de Deus, me encontrarei muito melhor,
estando perto de você.
Seu todo afeiçoado Pai em N.S.
Le Prevost
P.S. A nota começou, não está terminada; você não poderia, na espera do Sr.
Duchesne, explicar-lhe esse atraso e fazer-lhe pressentir que não poderemos
absolutamente ceder.
Não tenho notícias da Senhorita Gauthier, como vai ela?
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