As
relações entre eles já estão marcadas pela confiança. Consolidar seu projeto de
dar-se a Deus. Espírito de infância. Que ele apresse sua união, freqüentando a
obra de Arras, essa “casa dos pobres”, onde o Cristo mostra-se mais
sensivelmente que em outro lugar. O Sr. Le Prevost, entregue a Deus “seja para
viver, seja para morrer”.
Cannes, 24
de janeiro de 1857
Caríssimo Senhor e amigo,
Respondo bem tarde e bem brevemente à sua querida epístola do ano novo; minhas
misérias de saúde são a causa disso: abcessos que me aconteceram há várias
semanas, entre os quais um no pulso direito, que me impossibilitou escrever.
Espero que nossos corações já se entendam bastante bem, de modo que você tenha
pressentido alguma razão semelhante para meu silêncio e que não tenha
ficado com desgosto algum por causa disso. Para mim, considero-me
verdadeiramente como unido a você, já que nos deu generosamente direitos sobre
você, e já trato-o com essa confiança, que é tão bom ter uns nos outros e que é
sobretudo própria da famílias religiosas. Esteja cada vez mais tranqüilo acerca
de sua vocação, caríssimo Senhor, tranqüilo também acerca de suas disposições:
creio que podemos responder que o Senhor e a Santíssima Virgem cuidam disso e
que seu coração não vai fraquejar. Somos bem frágeis por nós mesmos, mas bem
fortes quando não nos afastamos de Deus. Ora, apesar das fragilidades
quotidianas, vejo que você continua sendo o filho de Deus, que só pensa na sua
glória e seu serviço. Não podemos impedir o diabo de jogar pedras em nosso
caminho, seja pelo amor-próprio, os desalentos ou os langores de coração, mas
se continuarmos corajosamente nosso caminho, essas provações que Deus permite só
farão apressar nosso andar e nos fazer chegar mais seguramente à destinação.
Esperando a hora de sua união definitiva à nossa querida família, aproxime-se
dela sempre, em toda a medida do possível, fazendo da casa do Sr. Halluin a
sua: é a casa dos pobres, Jesus Cristo se mostrará a você ali mais
sensivelmente do que em outro lugar e lhe dará graças particulares. Vigie
também sobre seu coração, que só pede para dar-se generosamente, mas cujos
impulsos é preciso regular, para que não se desgaste demais à direita e à
esquerda, mas se reserve sobretudo para o grande sacrifício que o Senhor quer
dele. Não tenho muita certeza, caríssimo Senhor e bom amigo, de que nos
reencontremos juntos em Vaugirard: minha saúde, que se arrastou bastante durante
este inverno, desregrou-se ainda mais há algum tempo. Mas, se Deus quisesse
chamar-me de volta a Si, tenho a confiança de que minha união com nossa querida
família não acabaria por isso. Parece-me impossível que Deus separe aquilo que
Ele aproximou tão ternamente pela caridade nesta terra. Recomendo-me muito às
suas orações, para que seja submetido e bem entregue ao bom prazer
divino, seja para viver, seja para morrer.
Adeus, caríssimo amigo e filho em N.S. Acredite em todos os meus sentimentos de
terna afeição.
Le Prevost
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