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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 401 - 500 (1856 - 1857)
    • 451 - ao Sr. de Lauriston
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451 - ao Sr. de Lauriston

O Sr. Le Prevost o encarrega de encorajar um jovem irmão. Precauções a tomar para poupar a autoridade do Superior local.

 

Cannes, 6 de fevereiro de 1857

 

            Caríssimo Senhor e filho em N.S.,

 

            Você me assegurou que era de coração membro de nossa pequena família e me autorizou a contar com você, como conto com meus outros irmãos. Eu o peguei na palavra e estou muito disposto a considerá-lo como um religioso em missão, que voltará para o lar da Comunidade logo que sua tarefa exterior estiver cumprida. É a esse título, caríssimo Senhor, que peço sua intervenção prudente e caridosa para um pequeno assunto concernente a um de nossos jovens irmãos da casa de nosso bom padre Halluin.

 

            O jovem irmão Jules encarregado, acho, da rouparia, sentindo-se um pouco sobrecarregado sob o peso de seus trabalhos incessantes e privado quase sempre dos exercícios piedosos que poderiam sustentá-lo, achou dever escrever-me, sem dizê-lo a seu padre Halluin, uma pequena carta, aliás, cheia de respeito e de amor para com ele, mas pela qual lamenta um pouco por causa de uma tarefa pesada demais para seus jovens ombros, e pergunta se a casa de Vaugirard não seria mais fácil e mais tranqüila para ele. Essa carta é bem medida, bem submetida, não é de jeito nenhum um ato de ingratidão para com nosso bom padre pelo qual, ao contrário, o irmão Jules testemunha toda a afeição e toda a gratidão possíveis. É somente uma expansão e uma confidência de uma pena que ele não ousou declarar ao próprio Sr. Halluin, sabendo as dificuldades que já lhe cria a doença do irmão Loquet.

 

            Você entende, caríssimo Senhor, que ali está uma situação delicada; não devo impedir os irmãos de abrirem-se a mim nas suas penas e dificuldades, é um caminho que sempre deve ficar aberto para eles e, qualquer que seja a confiança que se tenha no seu Superior ordinário, pode acontecer em certos casos que sinta-se a necessidade de consultar o centro da Comunidade. Mas, por outro lado, sei a ternura do Sr. Halluin para com seus filhos, acredito que teria no fundo do coração alguma tristeza, ao ver que eles são tímidos com ele e não ousam falar-lhe de seus pequenos embaraços. Acho, portanto, que, nesta circunstância, para não entristecê-lo, e também para não faltar à confiança que o jovem irmão achou por bem dever me testemunhar, vale mais que eu guarde para mim sua pequena confidência. Desejaria, caro Senhor, que você fosse meu intermediário caridoso para consolar e encorajar o jovem Jules e transmitir-lhe, da minha parte, algumas boas palavras de simpatia e de terna afeição. Não lhe será difícil, parece-me, encontrar alguma ocasião de vê-lo em particular. Você teria a bondade, então, de dizer-lhe que o incito muito a criar coragem, que, passado o inverno, seus encargos se tornarão menos pesados, que terá mais tempo para seus exercícios piedosos, que pelo fim de abril voltarei para Vaugirard e irei logo ver meus filhos de Amiens e de Arras, que naquele momento, se houver alguma medida a tomar a respeito dele, poderemos cuidar disso seriamente. O melhor seria, a meu ver, que ele tivesse a confiança, nos seus momentos de acompanhamento espiritual com seu padre Halluin, de dizer-lhe suas penas e dificuldades do momento. Mas, se  não ousar fazê-lopoderia talvez servir-se de seu intermédio. Você teria, nesse caso, a bondade de dizer a nosso bom padre que, vendo o irmão Jules um pouco abatido ou menos alegre do que de costume, o fez falar e descobriu que ele tem, com efeito, algumas pequenas penas e teria talvez necessidade de um pouco de alívio.

 

            Essas poucas palavras, caro Senhor e excelente amigo, lhe bastarão para fazer-lhe apreciar corretamente a situação; é preciso consolar esse caro menino, mostrar-lhe que sua confiança me tocou e que sou sensível a ela, e, todavia, abster-se com o maior cuidado de deixar o Sr. Halluin acreditar que seus irmãos são receosos com ele, que merece tão plenamente sua terna e confiante afeição.

 

            Essa ocasião, caríssimo Senhor, o obrigará a me escrever, a me dar notícias suas, a me dizer se você foi bem fiel às minhas recomendações, se se manteve bem livre e bem disponível para chegar até nós, em Vaugirard, com os primeiros dias ensolarados da primavera; se, enfim, você está, tanto quanto pode, exato em ver nosso caro Sr. Halluin e nossos irmãos, um pouco carregados durante esta longa estação de inverno. Congratulo-me, portanto, por ter tido, eu mesmo, uma razão particular para fazer-lhe esta carta. Não teria, para dizer a verdade, necessidade nem de pretexto nem de ocasião, a confiança e a afeiçãoestão bastante bem estabelecidas entre nós para que lhe escreva sem nenhuma razão particular, mas unicamente para conversar com você e manter o entendimento de coração que o divino Senhor pôs entre nós. Receberei com alegria sua resposta, caríssimo Senhor e amigo, e tenho certeza de antemão de que ela me trará boas seguranças, motivos de confiança e de consolação.

 

            Nosso jovem irmão Allard não perseverou; sua indecisão natural prevaleceu sobre algumas disposições de graça que tinham feito esperar mais a seu respeito. A Providência parece prover a isso, mandando-nos um aspirante acostumado às obras na Sociedade de São Vicente de Paulo, e que parece animado de um zelo verdadeiro.

 

            Minha saúde está bastante bem restabelecida de um tipo de crise que havia dado sinais de fazer pender a balança para o declínio definitivo; tudo parece indicar que devo trabalhar ainda um pouco com você nas obras do Senhor.

 

            Adeus, caríssimo amigo e filho em N.S.; tenho pressa em revê-lo e em rezar com você. Até lá, rezo de longe ou, antes, de bem pertinho com você no Coração Sagrado do divino Jesus.

 

            Seu amigo e Pai

 

                                               Le Prevost

 

 




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