P.S. do Sr.
Le Prevost
Conselhos para resolver os problemas de
admissão na casa de idosos. O Sr. Le Prevost sofre por estar separado de seus
irmãos.
Cannes, 10
de fevereiro de 1857
Meu caríssimo irmão,
Você está muito carregado. Dei-lhe, por minha saída, um excesso de trabalho.
Não assuma outro além do atual. Faça disso um caso de consciência; de outra
forma, você não teria mais um momento para consagrar a seu interior e,
trabalhando mais, você teria talvez menos resultado. A excelência do trabalho
depende do valor do operário. Nós, operários das almas, só damos valor a nossos
trabalhos por nosso valor pessoal. Você precisa lembrar-se muitas vezes dessa
verdade. Você tem nas mãos o pequeno livro de La présence de Dieu. Ele
deixa o Sr. Le Prevost encantado. Poderia trazê-lo consigo? Olhá-lo nos breves
instantes perdidos? Você haurirá nele uma grande força, pois nada fortalece
tanto como a presença de Deus e suas ações adquirirão assim mais méritos.
A ordem em suas contas me parece seu negócio mais urgente. Disse uma palavra ao
Sr. Le Prevost a respeito disso. Ele pensa que tem que ser regularizado o
quanto antes. Acha que, se a desordem de suas finanças viesse a ser conhecida
pela Sociedade de São Vicente de Paulo, você seria um homem afundado, assim
como a Comunidade. Você conservaria influência como conselheiro talvez, mas
nenhuma para a execução. Você deve, portanto, apressar-se para pôr um pouco de
ordem. O Sr. Le Prevost aprovou o projeto que propus a você:
1o Compor a Caixa de poupança com os depósitos das crianças
atualmente no Patronato;
2o Encarregar o Sr. Emile da Caixa de poupança. Fazer-lhe tomar um
livrete de Caixa de poupança e cuidar para que deposite todos os meses o
dinheiro recolhido;
3o Suprir o déficit: a) com o produto do Almanach, b) com um
outro meio que você imaginará. Sem isso, a Comunidade, que é tão pobre, seria
obrigada a fazê-lo com seu próprio dinheiro, para não perder sua reputação e
sua influência.
Quanto aos 500f
de déficit que foram-lhe deixados pelo Sr. Myionnet, o Sr. Le Prevost me diz
que o Sr. Bourlez havia autorizado o Sr. Myionnet a tomá-los para a despesa do
Patronato. Nesse caso, não haveria necessidade de supri-los. Precisaria somente
procurar regularizar isso junto ao Sr. Bourlez e ao Sr. Baudon. Quando tiver
feito suas contas e tomado suas disposições, dê-nos a conhecer o resultado.
A cátedra foi encomendada? O regulamento da casa de Nazareth está afixado na
sala de oração? Você obteve uma coletora da Irmã Saint-François? Escrevi ao Sr.
Decaux sobre o casal que nos é proposto pela Senhorita Delmas. Ele é
muito idoso. Ambos têm 75 anos. A Senhorita Delmas não me propôs um aumento, só
me deixou entender que, no caso de se pedir um pouco mais de 1.000f, ela
poderia talvez pagá-lo. Você lembra-se de que, no último Conselho, eu disse que
se daria a esse casal o primeiro quarto vago, fosse em qualquer andar, sob a
condição de ajustar as coisas depois. O Conselho não julgou bom apossar-se
assim dos quartos gratuitos. O Sr. Le Prevost pensa, porém, que temos grandes
obrigações a essas Damas: os 15.000f
da Senhorita...., os dons numerosos que são feitos à nossa capela. Seria
deplorável, acha ele, não prestar-lhes o serviço que elas nos pedem. As boas
pessoas que nos são propostas são os pais de uma das pessoas que sustentam o
orfanato da Senhorita Delmas. Elas são muito piedosas e serão a edificação da
casa. A Senhorita Delmas, que é tão bondosa para nós, nos achará mais alguma
benfeitora. Em último lugar, 1.000 ou 1.200f não devem ser desprezados no estado das
nossas finanças. Defenda bem essa causa junto ao Sr. Decaux. Ele tanto ama o
Sr. Le Prevost, que não poderá resistir a seu desejo. Deixe-nos a par, caro
amigo, do que está se fazendo pela obra de Nazareth. Terão pregadores na capela
durante a Quaresma? A primeira reunião da Santa Família se realizará em breve?
Vivemos aqui de corpo, mas nosso espírito está no meio de vocês. Informe-nos de
seus trabalhos e de suas alegrias.
Receba, caríssimo irmão, a expressão dos sentimentos mais ternos nos Corações
de Jesus e de Maria
De seu devotado irmão em N.S.
Paillé
Caríssimo filho,
Não peço insistentemente, como escreve nosso irmão Paillé, a admissão do casal
proposto pela senhorita Delmas; parece-me somente que seria bom que fosse
feita, se for possível. Desejo também que, se não se acha possível aderir ao
seu pedido, sejam-lhe dadas boas razões e que a recusa seja amenizada na medida
do possível.
A presença de nosso irmão Paillé me revigorou um pouco; eu estava sofrendo
tanto por uma demasiada separação de vocês, como pelas minhas misérias de
saúde. Procurarei, todavia, devolvê-lo a vocês, logo que eu sentir-me um pouco
restabelecido; ainda não estou muito forte. Será uma grande alegria para mim
reencontrar-me ainda um pouco perto de vocês em nossa pequena casa de Nazareth.
Até lá, falo dela e de todos vocês com meu irmão Paillé: isso consola-me e
torna-me o tempo da ausência mais suportável.
Abraço-os a
todos bem ternamente.
Seu velho amigo e Pai
Le Prevost
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