Tender a
sempre pôr em comum nossos trabalhos, nossos sentimentos, nossa vida, “para que
o laço da verdadeira caridade não afrouxe entre nós”. O Sr. Le Prevost informa
a respeito dos pedidos de pessoal que lhe chegam de diversos lados, para
sustentar obras em dificuldade.
Grasse, 3
de março de 1857
Meu excelente amigo e filho em N.S.,
Faz muito tempo que não recebo notícias suas e de nossa querida casa de Amiens;
acho que suas ocupações, neste momento mais pesadas do que nunca, puderam
tornar-lhe as correspondências difíceis. Peço-lhe, no entanto, se você não tem
a possibilidade de escrever-me pessoalmente, mande nossos irmãos Jules
[Marcaire] ou Henry [Guillot] escrever-me algumas palavras.
Penso muitas vezes diante de Deus na rude tarefa que a caridade lhe impôs e
lamento ajudá-lo tão pouco, mas meu afastamento aumenta minha incapacidade, e
minhas misérias de saúde, retirando-me da atividade ordinária, me tiram os
poucos meios de que podia dispor.
Ficarei sabendo com satisfação o que você tem feito, os auxílios que a divina
Providência deu-lhe, o progresso de suas obras e o que lhe resta para fazer.
Não desejo menos saber como vão nossos irmãos Marcaire e Guillot. Acho que
escrevem raramente demais e isolam-se assim, mais do que precisa, da casa de
onde saíram. Devemos tender a pôr sempre nossos trabalhos, nossos sentimentos,
nossa vida em comum, para que o laço da verdadeira caridade não afrouxe entre
nós.
Nossos irmãos, em Vaugirard e nos outros lugares, celebram o mês de São
José; acho que em Amiens vocês fazem também alguns pequenos exercícios em honra
desse bom e venerado santo, que é um de nossos padroeiros.
Estou providenciando o envio para você da Vie de la soeur Rosalie,
pensando que sua pequena comunidade a leria com interesse e edificação; desejo
muito que ela tenha-lhes sido agradável.
Não sei se o Sr. Myionnet escreveu-lhe algumas vezes e há quanto tempo ele o
fez. Recomendo-lhe que o mantenha bem informado de tudo o que pode
interessá-lo, sobre a situação da Comunidade e de suas obras, mas acho que os
trabalhos multiplicados que pesaram sobre ele neste inverno podem ter tornado
essas comunicações menos freqüentes. Acredito que teremos algo a resolver sobre
esse ponto; de outra forma, as relações enfraquecer-se-iam entre nós e nossos
relacionamentos perderiam um pouco de sua intimidade e de sua vantagem ao mesmo
tempo.
Tudo vai bem, no conjunto, em Arras como em Vaugirard e em Nazareth. Tivemos
algumas provações de saúde para alguns de nossos irmãos, mas sem nenhuma
seqüela desagradável; a volta da linda estação vai recolocar todo o nosso mundo
em bom estado. O Sr. padre Faÿ, que uma pneumonia havia parado, no
momento em que ia entrar em Vaugirard, está bem restabelecido, e chegará em breve. Recebi dele,
estes dias, uma excelente carta, que me prova cada vez mais que a Comunidade
fará nele uma aquisição perfeita. Em Arras, o irmão Loquet está cada vez
melhor. O Sr. de Lauriston está sempre disposto a vir para nós depois da
Páscoa, mas o momento decisivo é rude, quebrando seus laços, suas obras
ordinárias, sua independência: é um verdadeiro sacrifício. Reze muito com
nossos irmãos, para que o Senhor preste-lhe seu apoio. Um de nossos confrades
das Conferências de Paris mostrou também algumas boas disposições; não sei se a
coragem de consumar sua imolação ser-lhe-á dada. As necessidades das obras são
cada vez maiores. De diversos lados, escrevem-nos para pedir-nos socorro em
favor de várias instituições caridosas que se apagam, por falta de homens
dedicados para sustentá-las. Rezemos, portanto, ao Senhor com fervor, meu bom
amigo; Ele vê quão grande é a colheita e quão poucos são os operários.
Dignar-se-á nos ouvir, se o invocarmos com ardor e se, por nossos esforços
generosos, merecermos que Ele digne-se nos assistir.
O ar de Cannes tendo-se mostrado inconveniente para minha constituição, fiquei
atormentado o inverno todo por mal-estares incessantes e tinha acabado
acreditando que os restos de minha saúde estavam esgotados, mas não parece que
essas indisposições tenham tido outro efeito, senão servir-me de provação e de
ocasião de submeter-me às vontades do Senhor. Encontro-me, em definitivo, como
no momento de minha chegada no Sul, meu peito sofre somente um pouco, não tenho
nem tosse nem cansaço. Acho, então que, na minha volta, que acontecerá no
decorrer de abril, poderei retomar alguma parte de meus trabalhos ordinários e
aliviar um pouco nossos irmãos. Estou aqui há pouco tempo; encontro-me aqui bem
melhor que em Cannes, sem dúvida porque estou menos perto do mar; o ar é melhor
aqui; meu irmão Paillé, que viera me encontrar, ele mesmo suportava
dificilmente o clima de Cannes. O jovem irmão Ernest, após ter tido abcessos
bastante cansativos, tem agora uma dor no joelho que o impede de andar; está
acamado há dois dias; acho, no entanto, que, com um pouco de descanso e de
cuidados, ficará bom.
Assegure bem meus caros filhos Jules e Henry de minha terna afeição, e você
mesmo, meu excelente amigo e filho, acredite em todos os meus sentimentos mais
devotados em Jesus e Maria.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
Lembrança respeitosa aos Srs. Mangot, de Brandt e Cacheleux. Fiz a revisão do
nosso regulamento e o completei. Eu o mandarei para você em breve, antes de
submetê-lo de novo ao Monsenhor Bispo de Angers.
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