Importância
de uma boa organização em
Nazareth. Estado de saúde do padre Faÿ.
Grasse,
4 de março de 1857
Meu excelente amigo,
Há muito tempo não lhe dou sinal de vida; meus dias se passaram, durante toda
esta estação, em uma seqüência de mal-estares e enfermidades em grande parte
causados, acredito, pelo clima de Cannes, que verificou-se totalmente
inconveniente para minha constituição. O embaraço de procurar um novo asilo e
algumas razões de economia haviam-me feito persistir em continuar ali, não
obstante esse estado de contínuo sofrimento. A vinda de meu irmão Paillé me
decidiu a não parar nessas razões; estou a quatro léguas de Cannes, em Grasse,
há oito dias. Sinto-me muito melhor aqui e acho que minha saúde, cujo
essencial, aliás, não havia sido atingido sensivelmente, vai continuar
firmando-se, senão de maneira a me tornar forte, o bastante, pelo menos, para
permitir-me retomar, na minha volta, alguns trabalhos e dar um pouco de ajuda
aos que me cercam.
Fiquei sabendo de todas as bênçãos que o Senhor deu aos seus esforços, e
notadamente, em último lugar, do dom generoso de nosso querido Presidente
Geral, assim como da alocação benevolente do Conselho de Paris. Tudo deixa
esperar que nosso empreendimento chegará a boa conclusão e preparará meios
seguros para constituir uma obra séria, consistente e cheia de futuro, para o
bem espiritual e temporal das classes que desejamos edificar e socorrer.
Continuo, de meu lado, a rezar instantemente pelo sucesso de seu zelo tão
dedicado e farei, com a ajuda de meus bons irmãos, tudo aquilo que depender de
mim para que a obra de Nazareth seja como uma primeira pedra dos edifícios
caritativos que criará, sucessivamente, nossa querida Sociedade.
O Sr. Myionnet me falou do desejo que você expressou-lhe, a respeito da
cooperação do Sr. padre Faÿ no Patronato de Saint Charles. Faço votos bem
cordiais, para que possamos contribuir a dar a essa obra os ajudantes
espirituais, que só pôde conseguir até agora com tanta dificuldade, mas não sei
quais recursos encontraremos presentemente para esse fim, em nosso bom padre
Faÿ. Ele saía do seminário já fortemente esgotado, por excessos de canto que
haviam-lhe dado uma laringite, e teve, nestes últimos tempos, uma pneumonia, da
qual se restabelece lentamente. Tinha-me escrito, há dois meses, antes dessa
doença, para pedir, em nome de sua família, que a Comunidade o poupasse nos
primeiros tempos e não lhe desse funções que o fizessem falar. Receio que ainda
não possa tão logo iniciar bem ativamente seu ministério. Verei, aliás, na
minha volta, em que estado ele se encontrará e se estará capaz de prestar
alguns serviços às obras. Podemos certamente contar que semelhante dificuldade
encontrar-se-á muitas vezes para nós, quando nossos irmãos eclesiásticos vierem
a nós diretamente do seminário: os quatro anos de estudos, de exercícios
espirituais e de vida sedentária, pondo a maioria desses jovens levitas num
estado de esgotamento completo. Você sabe, meu bom amigo, que nossa pequena
comunidade foi feita para as obras, que nada lhe interessa tanto como ser-lhes
um pouco útil; não nos negaremos, portanto, a nada do que for praticável,
dou-lhe de novo a certeza disso.
Conto voltar a Vaugirard no decorrer de abril ao mais tardar; será para mim uma
grande alegria revê-lo, tanto mais que, em certos momentos desta estação, eu
pensara não mais reencontrar, senão no Céu, os bons amigos que tanto afeiçoei
na terra.
Enquanto isso, receba, meu bom amigo, e partilhe com todos os nossos dedicados
confrades os protestos de meu terno e inviolável apego em N.S.
Seu amigo e irmão
Le Prevost
Lembrança muito respeitosa e muito grata ao Sr. Baudon, ao qual quero escrever
em breve.
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