Plena confiança recíproca. Atenção com a saúde
de seus irmãos. Importância das festas de família e das recreações na vida da
comunidade.
Grasse, 12
de abril de 1857, Santo Dia da Páscoa
Caro Senhor padre e filho em N.S.,
Alegro-me muito (a alegria vai bem neste santo dia) no pensamento que, logo,
vou estar mais perto de você. Pretendo partir de Cannes pelo barco a vapor,
na quinta-feira, para ir a Marseille, de onde chegarei, sem dúvida, a
Vaugirard na segunda-feira, dia 20, à noite. É uma doce consolação rever sua
família, após uma tão longa ausência. E, como toda minha família não está
reunida em um só ponto, espero muito ir a Amiens e a Arras para encontrá-la,
após ter-me restabelecido um pouco na casa de Vaugirard. Não faço, garanto-lhe,
nenhuma diferença entre todos os meus bem-amados filhos e, quando recebo suas
cartas, acompanho com um interesse tão profundo os pormenores que você dá a
respeito de nossos irmãos de Arras, como se se tratasse dos da casa mais
antiga. É que são, todos eles, os filhos de Deus e que, para amá-los, Deus nos
empresta um pouco de sua divina caridade.
Nem precisa dizer que verei com alegria no retiro os irmãos Carment, Thuillier,
Cousin, Brauque, Jules e todos aqueles de quem você poderá, momentaneamente,
separar-se, e também o Sr. Daviron, se tiver a inspiração de recolher-se
durante alguns dias no meio de nós. Espero que o retiro faça algum bem aos
irmãos Carment e Thuillier. Não me admiro de que ainda não estejam totalmente
integrados no conjunto da obra de Arras; é uma questão de tempo, mas que se
consumará plenamente, se você continuar associando-os a seus trabalhos.
Guardaremos em Vaugirard, após o retiro, os que você acreditar útil deixar-nos,
e apenas seguraremos algum com seu pleno acordo. Sinto em mim a disposição
só fazer alguma coisa com você, com pleno acordo de sentimento, porque
minha confiança é inteira no seu desinteresse e porque temos interesse, de
ambos os lados, unicamente pela maior glória de Deus. Verei, após minha volta,
o que poderemos fazer para a troca dos irmãos Augustin [Bassery] e Michel. Para
o jovem Jules, peço-lhe sondar um pouco intimamente seu coração, para que
saibamos se, sinceramente, ele sempre deseja dar-se a Deus antes que ao mundo.
No último caso, combinaríamos juntos para colocá-lo o menos mal possível, seja
em Amiens, seja em outro lugar, para poupar aos outros a pena que sempre dá uma
vontade fraquejante e que calcula com Deus para acabar abandonando-o
definitivamente.
Desejo muito que o irmão Loquet se restabeleça; com seu bom espírito, sua
piedade, seu zelo sincero, ele poderia ser-lhe de uma grande utilidade. Se,
quando tiver chegado o tempo bonito, você julgasse que uma breve estada ou
viagem a Paris lhe fosse uma útil distração, poderia seguramente mandá-lo para
nós. Se nossa penúria de meios não nos permite consumar nossa união tão
depressa na realidade como o quereríamos pelo desejo, é preciso que, pelo
menos, tudo o que temos em recursos disponíveis seja bem e cordialmente
partilhado.
O Sr. de Lauriston, que está sendo esperado em Vaugirard do dia 18 ao dia 20
deste mês, me escreveu estes últimos dias uma carta boa e cristã, que me dá
plena esperança de um futuro feliz, tanto para ele como para nós. Ele me
relatou, em particular, o detalhe da festa de São José, que solenizou com você
e da qual havia recebido uma excelente impressão. Creio que essas pequenas
festas de família têm um efeito excelente, para desabrochar os corações e fazer
nossos irmãos saborearem as alegrias santas de uma família cristã. O coração
adquire ali impressões ao mesmo tempo de piedade e de santa fraternidade, que
os apegam profundamente ao serviço de Deus. Penso que, num sentido análogo, os
recreios de cada dia são também muito necessários. Não sei se você conseguiu
encontrar-lhes um pequeno espaço durante o dia. Desejo muito que você o possa
conseguir.
Rezo sempre por suas queridas crianças, para que seus cuidados lhes sejam
proveitosos e que tantas penas e tantos sacrifícios não sejam em vão. Não
esqueço também de agradecer ao Senhor que o assiste em todas as suas
necessidades e cuja divina Providência é como a mãe de sua casa. Possamos, como
você o diz com razão, caro Senhor padre, corresponder a suas divinas
bondades e encher bastante nossas almas com sua caridade, para que ela
transborde ao nosso redor, em nossos sentimentos, nossas palavras e nossas
ações.
Abraço a você e a todos os nossos irmãos bem afetuosamente em Jesus e Maria.
Seu amigo e Pai
Le Prevost
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