O Sr. Le Prevost adivinha que o projeto de
casamento é contrariado. Seu desejo de partilhar o sofrimento do amigo.
Sexta-feira
11 de janeiro de 1833
Seu silêncio me deixa inquieto, meu caro Victor. Você não devia, após ter me
feito pressentir-lhe uma crise violenta, uma tristeza horrível, me deixar nesta
incerteza. Se você está sofrendo, como receio, não deve ficar aflito sozinho,
isso não seria de um amigo. E você, meu caro Victor, que sabe todo o peso desta
palavra amizade, tudo o que ela impõe de deveres e dá de direitos, você não
quereria faltar agora à lei mais santa, mais rigorosa, à da partilha das penas,
da efusão da dor. Portanto, por custoso que isso lhe seja, meu amigo, se você
sofre, deve falar-me, escrever. Em tal caso, me parece menos difícil que
falar; além disso, eu o conheço bem, algumas palavras me bastarão, adivinharei
o resto. Deus me livre de fazer violência à sua pena que gostaria de se manter
fechada no mais fundo de sua alma, permanecendo ali secreta e velada para
todos, se eu não tivesse convicção, se não encontrasse em mim plena certeza que
você me deve confiança, que esse dever, uma vez cumprido, como todo dever
qualquer que seja, lhe será salutar e lhe dará mais tranqüilidade.
Estas linhas serão bem
insensatas se, como ainda o espero, você não tivesse mais as aflições que
receio para você; mas insensatas, o que importa? Não é com palavras que falamos
entre nós; existe uma outra linguagem invisível e sem som que, pela simples
visão deste papel, saberá se fazer ouvir por você. Então, você pensará, meu
amigo, que minha inquietação, fundada ou não, é bem triste, que não se deve
deixá-la para mim em vão, ou antes, que precisa confirmá-la e me deixar ficar
triste com você.
Adeus, meu amigo, escreva para mim, aguardo impacientemente.
Todo seu pelo coração.
Le Prevost
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