Pequeno
correio da Comunidade. Um coração elevado e generoso, um espírito de
sacrifício, são o sinal de uma vocação religiosa. Regime diferente para os
Perseverantes, em Arras e em Vaugirard. Necessidade de unir todas as
forças da família.
Vaugirard,
21 de maio [1857] festa da Ascensão
Caríssimo Senhor padre e filho em N.S.,
Mando-lhe um pequeno resumo que nosso irmão Georges (Sr. de Lauriston) fez
sobre o que aconteceu de mais notável nos eventos da pequena família de
Vaugirard desde a volta a Arras dos irmãos que você mandou para o retiro. Esses
acontecimentos não teriam para outros um grande interesse, mas irão interessar
muito sua casa, já que colocamos tudo em comum e que o espírito de família
tende cada vez mais a estabelecer-se entre nós. Esforçar-me-ei para que uma
remessa semelhante lhe seja feita cada quinze dias: será como uma espécie de
diário que o fará acompanhar com os olhos o que se passa aqui; se puder, ao
comunicar-nos a certidão de recepção, nos dizer também, nas grandes linhas, o
que toca a vocês e à sua casa, nos sentiremos um pouco mais uns perto dos
outros.
Nosso irmão Caille (faremos com que o deixemos informado sobre nossos
movimentos) nos dará também comunicações mais freqüentes. Veio ele, nestes
últimos dias, visitar-nos de improviso, mas por alguns instantes apenas; foi
chamado de volta bruscamente a Amiens pelo estado deplorável de sua jovem
sobrinha, cuja cabeça parece confundir-se completamente; ele teve que
conduzi-la, acho, a uma casa de saúde. Recomendo às suas orações essa coitada
moça, e sobretudo nosso pobre amigo Caille cuja paciência e coragem se acham
bem duramente provados pelas aflições de sua família.
Vejo com alegria, pelos detalhes contidos na sua carta, que todos os seus
serviços começam a organizar-se; pouco a pouco, espero, todas as suas
necessidades serão satisfeitas; o bom Mestre não nos deixa desejar as coisas
senão para nos fazer entender melhor seu preço; nossos votos e nossa confiança
tocarão seu coração de Pai e nos obterão, pela paciência, o que seu amor quer
nos doar.
Não vamos mal demais do nosso lado, os irmãos têm bom espírito de piedade, de
zelo e de caridade; o irmão Georges parece ter sido religioso toda a sua vida,
vai bem direto no seu caminho e nos edifica bem; seu coração é elevado e
generoso, compreende os sacrifícios, conhece seu valor diante de Deus; é com
essas disposições que se pode saborear a vida religiosa; auguramos bem de seu
futuro. Ele fica-lhe muito, e mais do que nunca, apegado, já que laços mais
íntimos ainda do que pelo passado o ligam a você e a todos os nossos irmãos. O
irmão Thuillier o ama bem cordialmente; embora a família de Vaugirard lhe seja
cara, mostrou, porém, algum pesar por ter deixado a de Arras. Ele pede-lhe para
fazer juntar, por um dos irmãos, os poucos objetos a seu uso e mandar-lhe; para
vir cá, ele não tinha absolutamente nada senão a roupa que vestia.
O
irmão Georges pede também para mandar-lhe a lista dos seus livros, que tinha
deixado em sua casa; ele deixar-lhe-á todos aqueles dos quais não tem uma necessidade
absoluta.
Lamento não terem sido devolvidas para você as cartas de Monsenhor de Angers
sobre a vida religiosa; acho que temos um exemplar delas disponível, não
deixarei de levá-lo para você por ocasião da visita que espero fazer-lhe no
decorrer de junho; acho que a bênção da casa de Amiens realizar-se-á por essa
época; aproveitarei disso para ver ao mesmo tempo os irmãos de Amiens e os de
sua querida casa.
O pequeno irmão Jules vai bastante bem, continuando ainda um pouco triste às
vezes; teve muita dificuldade a resignar-se a tomar lugar entre os nossos
perseverantes; os jovens aspirantes, em sua casa, já são chamados de irmãos e
tratados como tais: resulta disso que sua passagem para a casa de Vaugirard
parece-lhes rude, porque não têm nela a mesma condição; será bem desejável
podermos estabelecer a uniformidade nessa parte de nossa obra, a fim de poupar
para nós dificuldades nas trocas de pessoal. Jules começou a escrever-lhe, vou
apressá-lo para que termine sua carta, se já não acabou; ficarei agradecido a
você se o encorajar a superar corajosamente suas pequenas provações; todo o
mundo mostra-lhe afeição, suas ocupações são medidas; o bom padre Lantiez cuida
dele e lhe dá instruções particulares; sua posição é certamente melhor para ele
do que se ela fosse entre os irmãos; espero que ele vai compreender o bom senso
e que o bom Deus lhe vai falar ao coração.
Fazemos da melhor maneira possível o mês de Maria, bem certos de que, se a
Santa Virgem se encarregar de nós, nossas almas serão bem edificadas e nossos
afazeres não serão negligenciados. Recomendo a você e a nossos irmãos e a suas
crianças a primeira comunhão de nossa casa, que realizar-se-á na próxima
quinta-feira, dia 28 de maio; é, você sabe, uma grande e bem importante
solenidade para nós. Ajudemo-nos reciprocamente pela oração, unamos bem todos
os nossos recursos, seremos mais fortes e mais agradáveis ao Deus de Caridade.
Abraço bem afetuosamente todos os nossos irmãos, o irmão Bassery em particular;
serei bem feliz se ele nos escrever alguma vez, a fim de manter a boa afeição
que o une a nós.
Seu todo devotado e bem apegado amigo e Pai em Jesus e Maria
Le Prevost
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