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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 401 - 500 (1856 - 1857)
    • 478 - ao Sr. Halluin
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478 - ao Sr. Halluin

O Sr. Le Prevost está atrasado na sua correspondência. Bênção da casa de Grenelle. Postulantes afastados. Encorajamentos aos irmãos para fortificarem sua vida religiosa. Visita-relâmpago de Dom Angebault em Vaugirard.

 

Vaugirard, 11 de julho de 1857

 

            Caríssimo Senhor padre e filho em N.S.,

 

            Vejo, pela cartinha que você escreve a nosso irmão Georges [de Lauriston], que o atraso da viagem projetada por mim para nossa querida comunidade de Arras o surpreende e lhe alguma incerteza. Lamento muito essa indecisão involuntária, ela vem do silêncio de nosso irmão Caille, absorvido, sem dúvida, pelos trabalhos de sua nova casa, e de quem não posso tirar resposta alguma sobre a época em que deverá ser benta. Teria desejado de início que pudesse realizar-se no dia 19 deste mês porque, sua festa acontecendo no dia seguinte, teria sido uma alegria para mim encontrar-me em família nesse momento com você. Mas, deve-se benzer no mesmo dia, 19 de julho, a casa de Grenelle, recentemente construída. O irmão Maignen, que deve acompanhar-me a Arras e a Amiens, está obrigado a assistir a essa solenidade. Eu mesmo não posso, praticamente, dispensar-me de estar presente. Enfim, o Sr. Decaux, vice-presidente geral da Sociedade de São Vicente de Paulo, que tenciona ir a Amiens para a bênção da casa nova, deve presidir a solenidade do dia 19, em Grenelle. Por todas essas razões, eu pensava que minha viagem seria forçosamente atrasada e tinha pedido ao irmão Caille se lhe conviria que sua cerimônia se fizesse no domingo, 26 de julho, deixando-o livre, aliás, de fixar-lhe diferentemente o dia, se fosse mais conveniente. Não consigo resposta nem para uma nem para outra combinação, embora, há quinze dias, tenha-lhe escrito e feito escrever várias vezes. Aí está a causa, caro Senhor padre, de minhas lentidões. Para pôr fim a isso, vou, mais uma vez, escrever a Amiens, e direi a você o quanto antes o resultado dessa correspondência.

 

            Vejo com alegria que tudo vai normalmente em sua querida casa, irmãos, crianças etc., não sem alguns pequenos espinhos quotidianos, mas com o bom espírito, o zelo e a confiança em Deus; está bom assim. O Senhor não se afastará da pequena família, enquanto a encontrar nessas disposições. Aqui, não vamos mal também, os corações se acham amparados interiormente. Faço exceção, porém, para dois novos recrutas, que tínhamos acolhido há pouco e que não perseveram, nem um nem outro. Não o podemos lastimar, ou, antes, favorecemos, nós mesmos, essa medida, um desses dois postulantes não tendo o caráter sociável e flexível que o teria tornado próprio para a vida de Comunidade, o outro sendo tão pequeno de corpo e tão frágil de saúde, que teria podido dificilmente suportar uma vida ativa e laboriosa.

 

            Nossa adoração das Quarenta Horas acabou ontem e se realizou com grande edificação283. A adoração não se interrompe nem de dia nem de noite. Nem precisa dizer que os irmãos de Arras não foram esquecidos. O irmão Jules não faltou de ocupação nestes últimos dias; ele se saiu bem. O Sr. Lantiez está contente com ele. Ele é novo, mas tem retidão de coração. Pode-se, portanto, esperar que se manterá assim. O irmão Georges está sempre em boa disposição.

 

            Desejo muito que os irmãos Loquet e Bassery continuem fortificando-se e que o irmão Carment se corrija cada vez mais. Fará, espero, esforços corajosos e o Senhor e a Santa Virgem o assistirão.

 

            Monsenhor o Bispo de Angers acaba de atravessar Paris. Passou uma parte da tarde, ontem, conosco, e nos fez uma amável e piedosa exortação. Reconheceu o irmão Georges, que viu quando criança e de quem conhece intimamente toda a família. Lamentou vivamente, e com instância, não ter sabido mais precisamente nossa união com você. Ele o teria visitado ao atravessar Arras, onde ficou duas horas, voltando nestes dias, de Cambrai. Tê-los-ia  encantado a todos, por sua bondade toda paterna e por seu amável espírito, que lhe ganha todos os corações. Cada vez que vem aqui, é uma festa para toda a casa. Examinou de novo nosso regulamento revisado segundo seu aviso; deu-lhe uma inteira aprovação284. Levá-lo-ei para você, para trocarmos idéias, quando for visitá-lo.

 

            Adeus, caríssimo Senhor padre. Ainda não estou muito forte de saúde; não faço nenhum trabalho um pouco continuado sem um cansaço de vários dias. Limito-me quase a seguir o movimento geral da Comunidade e o conjunto de nossos exercícios aqui, em particular. Espero que o Senhor dignar-se-á assisti-los a todos, para que meu papel tão mal desempenhado não cause prejuízo sensível à nossa bem-amada família. Abraço todos os irmãos de Arras e você, caríssimo Senhor padre, todo particularmente.

 

            Seu devotado amigo e Pai em J. e M.

 

                                               Le Prevost

 





283 Fica anotado no jornal de Comunidade da quinta-feira 9 de julho de 1857: “2o dia de adoração: exortação pelo Sr. padre Lavigerie, professor na faculdade de Teologia”. O futuro cardeal e fundador dos Missionários da África (Padres Brancos e Irmãs Brancas) tinha sido nomeado professor na Sorbonne em 1854. Em 1856, assumirá a direção da Oeuvre des Ecoles dOrient, associação fundada para sustentar a Igreja no Oriente Próximo. Em 1859, faz parte do comitê consultativo das Obras e Instituições caritativas (emanação da Société dEconomie Charitable), com Anatole de Ségur, A. de Melun, os padres de Girardin Mullois, etc.



284 “No mesmo dia, mal saído de Vaugirard, escrevia ao Sr. LP.: “Antes de deixar seu Paris, quero dizer-lhe que, ontem à noite, falei do Sr. e de sua cara obra a Monsenhor o Cardeal, que me pareceu muito bem disposto; mas falei nisso sobretudo ao padre Buquet, que se interessa vivamente por ela. Falei longamente do Regulamento, do ponto sempre difícil da reunião dos dois elementos, eclesiástico e leigo; dizia-me com convicção que acreditava que, de fato, um era o complemento do outro, e que, para sustentar a ação leiga, que devia preceder e preparar os caminhos, precisava-se de padres penetrados dos mesmos sentimentos, tendo os mesmos objetivos e, se possível, o mesmo espírito de corporação; que os padres de paróquias, tendo sem dúvida muito zelo, muito desejo do bem, não tinham, porém, a mesma unidade, não andavam sempre pelo mesmo caminho. (...) Essa maneira de tratar as obras de caridade é completamente nova; há dificuldades, sem dúvida. Pertence à experiência e sobretudo ao bom Deus iluminar-nos; mas acho que essa experiência, foi possível tentá-la, é possível continuá-la, e desde que haja sempre o que lhe pedia ontem, simplicidade, confiança, abnegação, vão caminhar.

Permitam-me insistir sobre duas coisas: tenham sempre um só noviciado, e 2o , não abreviem a duração dos dois anos, mesmo sob o pretexto especioso de formar estabelecimentos úteis. Essa ilusão do bem maior mata no fim as obras. (...) esse ponto é essencial, de outra forma, a obra funcionará durante algum tempo, parecerá até muito próspera, porque poderão fazer funcionar ao mesmo tempo um número maior de boas obras, mas será uma fruta bela por fora e mordida por um verme por dentro. (...)

“Como lema, dou-lhe a santa pobreza, a humildade e a caridade. Cresça, querida pequena violeta, seja escondida, pisada, e espalhe seus perfumes”. (Cf. VLP. I, p.574).





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