A invasão
das atividades e a complicação das obras são escolhos permanentes. “Fazer obras
sérias que vão ao fundo das coisas”. Não almejar o grande número, nem almejar
agradar aos homens. A unidade é necessária para a vida de comunidade. Notícias
dos irmãos.
Vaugirard,
25 de outubro de 1857
Caríssimo amigo e filho em N.S.,
A presença em Vaugirard do Sr. padre Deberly me
determinou a adiar um pouco o envio desta carta, que ele se
ofereceu para levar.
Você bem
reconheceu comigo, meu bom amigo, como era desejável que seu internato não
fosse ampliado; ter ao mesmo tempo um orfanato, uma casa considerável a
administrar e um patronato de perto de 300 crianças, com a obra dos jovens
operários, e só ter como ajudantes constantes seus dois irmãos, já é uma coisa
muito difícil de fazer, ou, antes, é uma certeza de que a atenção e os cuidados
repartidos sobre tantas coisas serão necessariamente insuficientes. Você mesmo
observará que a multidão de seus cargos o impede de exercer sobre suas crianças
a influência paterna e toda cheia de atenção, que você tinha outrora sobre
elas. Quanto mais você estender seu círculo, tanto mais sua ação
diminuirá. Se fizéssemos as obras para agradar aos homens, tenderíamos a reunir
massas para a aparência e a satisfação dos olhos; mas trabalhamos para Deus,
queremos unicamente ganhar-lhe almas, devemos, portanto, fazer obras sérias,
que vão ao fundo das coisas. Persisto em pensar que, para este ano, você deve
limitar-se ao número de crianças que você mesmo tinha julgado ser segundo a
ordem e a verdadeira caridade. Longe de ter razão alguma de mudar de
parecer, estou cada vez mais convicto de que fazer de outro modo seria tentar a
Deus. Você pode facilmente responder que os cargos da obra não permitem aceitar
mais crianças e que as disposições atuais dos locais não oferecem espaço, para
receber um maior número. Seus leitos, com efeito, estando um pouco mais
espaçados, o que seria melhor, não lhe restaria realmente espaço.
Que o irmão
Marcaire encontre alguma consolação na presença de sua boa mãe me deixa
satisfeito; convido bem a você, todavia, a não encorajar o prolongamento dessa
estada além de um tempo razoável, como uns quinze dias, por exemplo; de outra
maneira, a tentação viria de torná-la indefinida, o que é muito a evitar.
Lamento que
o irmão Jules não tenha tomado o R. P. Aubert por confessor, como eu lhe tinha
dito. A unidade é tão necessária em Comunidade, nela encontra-se tanta força e
tanto apoio; conversarei sobre isso com o Sr. Mangot, quando ele passar de novo
por Paris. Estou persuadido de que terá o mesmo parecer.
Já exortei
nosso irmão Henry [Guillot] a ser bem conciliante, sem, porém, excluir a
exatidão. É preciso pegar uma pequena medida de precisão e de indulgência que
pode ser, às vezes, um pouco difícil a bem guardar, mas que é, no entanto,
necessária para fazer o bem.
Agradeço-lhe
pelo envio da nota e peço-lhe para reter-lhe o preço sobre a pensão do jovem
Normandie, quando lhe for entregue. Acho que, daqui a pouco, vou lhe
pedir 50 metros do mesmo pano, com a intenção de fazer um sobretudo uniforme
para todos os irmãos, em vista dos exercícios da capela.
As
ocupações do irmão Georges [de Lauriston], agora encarregado do patronato de
Grenelle, não lhe deixando mais a possibilidade de enviar-lhe um extrato do
jornal da casa, como ele tinha feito nestes últimos tempos, encarreguei desse
cuidado o irmão Paillé, que poderá cumprir isso mais facilmente. Desejo muito
que, de seu lado, você nos mantenha informados do movimento de sua pequena
Comunidade e de suas obras; de outra forma, nossa ação cessaria de ter esse
espírito de sincera e cordial união que nos é tão necessário.
Queria
escrever uma palavra a seus irmãos, uma palavra também ao irmão Carment;
falta-me o tempo para fazê-lo como quereria; coloco apenas uma linha de
lembrança, com o risco de não poder terminá-la, já que o Sr. Deberly se apronta
para sair.
Adeus,
caríssimo amigo, abraço-o bem afetuosamente. Todos os nossos irmãos perguntam
quando o verão.
Seu amigo e Pai em Jesus e Maria
Le Prevost
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