Os
recursos em pessoal são restritos em relação aos cargos: a Comunidade é ainda
jovem e pouco numerosa. Se precisar, o Sr. Le Prevost não hesitará em fazer
mudanças em Arras.
Fórmula de renovação modificada. Autorização para guardar o
Santíssimo Sacramento no oratório do Sr. Le Prevost.
Vaugirard,
28 de novembro de 1857
Caríssimo
Senhor padre e filho em N.S.,
Sua
boa carta do dia 16 deste mês cruzou com a que lhe escrevi no mesmo
tempo, o que me levou a adiar um pouco para lhe responder. Os pormenores
que você me dá sobre o interior de nossa querida casa de Arras me interessaram
vivamente; eles formavam como que uma revisão da situação e me puseram perfeitamente
a par do estado das coisas. Sinto bem as necessidades dessa situação, e é uma
pena verdadeira para mim não poder dar-lhe solução imediatamente. Mas você sabe
como eu que, em comparação com os nossos cargos, nossos recursos são bem
restritos. Os homens maduros, formados, sólidos em virtude e em experiência são
pouco numerosos em todo lugar. Eles o são menos do que em outro lugar
necessariamente numa Comunidade ainda tão jovem e tão pouco numerosa. Temos
alguns bons jovens, capazes de servir utilmente as obras, mas é preciso alguns
anos para que possam sair das funções secundárias. Esperamos ainda um ou dois
deles, cuja chegada no meio de nós será próxima, mas são novos também e deverão
ser formados. É uma questão de tempo. Fazemos tudo o que podemos para amadurecer
nossos sujeitos e para assentá-los solidamente na piedade e na dedicação, mas a
razão e a experiência se suprem raramente e só podem ser substituídas por
dons de graça, que Deus concede somente a almas privilegiadas. Aguardemos os
bons ofícios do tempo; ele nos trará, espero, alguma força e algum
desenvolvimento.
Sei
bem, em particular, os defeitos de nosso pobre Sr. Carment. É preciso, com ele,
de muita paciência, experimentei isso. Seu o coração é bom, porém; quando o
tomava por ali, conseguia muitas vezes trazê-lo de volta para a razão. Ele tem
fé e, no essencial das coisas, o espírito de obediência. Recordar-lhe-ei de vez
em quando os deveres de sua posição; talvez ele experimente algum bem com isso.
Usamos temporizar muito e aguardar as disposições da Providência em lugar de
precedê-las. Deveríamos, todavia, ver um indício suficiente de seus desígnios
numa situação tensa demais ou penosa demais para você ou para sua casa. Tenha
toda a certeza de que sempre partilharei seu sentimento sobre esse ponto e que,
no menor desejo de sua parte, chamarei de volta o Sr. Carment. A dificuldade
para nós seria substitui-lo com utilidade para você. O irmão Jean-Marie, mesmo
se não fosse tão útil onde está, não teria idade suficiente,
faltar-lhe-iam experiência e instrução para servir de laço entre os
irmãos, ou, ao menos, para ampará-los em sua ausência. Ele é perfeito de
coração, manso, flexível, humilde e muito desapegado, mas essas qualidades
excelentes não bastam para ter ascendência sobre uma família. Precisaria de um
pouco de superioridade, de instrução, de apresentação, de autoridade. Ele não
tem isso em medida suficiente. Aliás, só tem 25 anos de idade, e assim
para os outros, a mocidade e a falta de maturidade os tornam impróprios para
qualquer direção em relação a uma comunidade.
Paul
Piard ainda é bem novo; espero, no entanto, que, um pouco empurrado,
acompanhará os de sua idade. Quanto a seu interior, com efeito, falta bastante
de abertura, é às vezes escrupuloso, pouco fácil a bem dirigir, porque não é
sempre compreendido. A condescendência paterna que você usar com ele saberá
ganhar seu coração; uma vez que estiver bem sob seu controle,
andará do jeito que você quiser. É uma obra de longa espera formar sujeitos tão
novos para o serviço de Deus e das obras. Tudo o que tiver sido semeado não
dará fruto, mas muitos perseverarão e darão recompensa para todos.
De
bom grado, deixo à nossa querida casa de Arras, para este ano, os 100f que tinha reservado sobre
a pequena pensão do irmão Carment. Desejaria estabelecer entre nós o princípio
geralmente admitido que os recursos provindos dos irmãos não os acompanham
necessariamente na casa para onde são enviados. Mas, posto esse ponto, sempre
estarei disposto a aliviar seus cargos e, em particular, a tornar-lhe a estada
do irmão Carment a mais leve possível.
Algumas
modificações foram feitas na execução, nas formas da renovação dos votos. O
detalhe da cerimônia tinha sido tirado de uma antiga coleção de costumes da
vida religiosa que foi, em seguida, um pouco retificada para abreviar a série
de orações e de cantos, que era comprida demais; na ocasião, corrigirei essa
indicação.
Vamos
bastante bem todos. Mantenho-me em forma até agora, com a condição de quase não
sair de meu pequeno pavilhão. Mas Monselhor o Arcebispo teve a extrema
condescendência de conceder que guardemos o Santíssimo Sacramento no pequeno
oratório, onde me dizem a Santa Missa cada manhã. Isso me preserva de todo
aborrecimento. Rezo mais vezes por meus bem-amados filhos de Arras. Digne-se o
Senhor atender os votos que Lhe dirijo por eles.
Adeus,
caríssimo Senhor padre, permaneço-lhe bem unido de coração e sou em Jesus e
Maria.
Seu
amigo e Pai bem afeiçoado
Le Prevost
O
Sr. Myionnet está bem agradecido pelos seus votos e orações. Acho que o irmão
Carment poderia encarregar-se de um pequeno jornal dos fatos interessantes na
comunidade e na obra, e nos apresentar um extrato de vez em quando, tudo isso
brevemente. Se você achar que é uma boa idéia e que ele não gastar um tempo
exagerado, isso o interessaria e teria também sua utilidade. De outro jeito,
iremos indo como no passado.
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