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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 501 - 600 (1857 - 1859)
    • 504 - ao Sr. Carment
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504 - ao Sr. Carment

Encorajamento a suportar as dificuldades da formação dos jovens operários. Disciplina e suporte são necessários. Precisa inculcar-lhes o bom espírito. Submissão aos Superiores. Espírito de oração e de . Que em todas as nossas obras, os irmãos irradiem pela caridade, “tesouro de nossa pequena família”.

 

Vaugirard, 6 de dezembro de 1857

 

 

Caríssimo amigo e filho em N.S.,

 

Compadeço vivamente pelas dificuldades e penas que apraz ao Senhor deixar no seu caminho, e conjuro-O bem insistentemente que as converta em vantagem e santificação para você. Elas me parecem vir da natureza da obra à qual você tem que dar seus cuidados e que não é, certamente, sem asperidadesProvêm também dos embaraços que lhe suscita a impetuosidade pouco dominada de sua natureza. Entendo bem a dificuldade que se pode ter para conter e vigiar uma reunião de jovens aprendizes e operários, levianos, grosseiros, nada dóceis; é uma tarefa penosa e que seria repulsiva para outros que não sejam servidores de Deus, mas ela está totalmente na nossa vocação. Consagrando-nos ao serviço dos pobres, das crianças e dos operários, aceitamos o suporte de todas as suas misérias físicas, morais e espirituais. Quanto maiores são, mais nosso mérito é real e precioso diante de Deus. Você o sabe, caro filho, e estou convencido de que, no fundo, não é o trabalho e a rudeza da obra que o entristecem, mas as complicações que as circunstâncias lhes acrescentam. Parece-me muito certo que, redobrando de esforços, recorrendo aos meios de sobretudo, à oração, à consideração dos seus deveres de estado, das grandes recompensas que o divino Mestre lhes atribuiu, você chegará a superar os obstáculos e perseverará em guardar seu posto, enquanto Ele não chamá-lo para um outro. Num outro lugar, você encontraria outras dificuldades, e teria talvez ocasiões menos felizes de ser útil. O ponto grave e rude da obra dos aprendizes internos está evidentemente na disciplina e na conduta dos jovens maiores. Se se conseguir essa condição essencial e se fizer reinar um bom espírito no meio deles, tudo estará salvo, a obra andará bem. Note, caro filho, que é nesse ponto que Deus o colocou e que dos seus cuidados depende, em parte ao menos, o sucesso de uma obra grande, santa, agradável a Deus e cheia de frutos de salvação. Que motivo para encorajar-se! Mas você não deve esquecer isto: com a disciplina, é preciso o bom espírito, isto é, a afeição dos jovens à casa, aos seus mestres, para com a religião que os inspira e os guia. Daí essa necessidade, com a qual se preocupa, sobretudo, o Sr. Halluin, de ganhar seu coração pela bondade, a dedicação, a paciência, o suporte e a condescendência, na medida em que seja razoavelmente possível. Conciliar esses atos de caridade com a ordem, a submissão a ser obtida dos jovens, a disciplina, enfim, não é sempre fácil. Por isso, não é de estranhar haver, às vezes, alguns desentendimentos e diferenças de apreciação entre o Sr. Halluin e você; mas então, caro filho, seu recurso está ainda nos pensamentos da : os Superiores são postos por Deus, iluminados particularmente por Ele. O único jeito de ficar em repouso em nossa condição é submeter-se plenamente a eles, preferir seu juízo ao nosso e esperar em Deus que recompensa sempre a obediência e a humilde abnegação de nosso espírito próprio. Creio, caro filho, que uma de suas maiores dificuldades vem daí: você está apegado demais ao seu sentimento, permanece demais no que lhe parece a razão, e  não entra bastante no espírito de confiança e de submissão religiosa que nossa profissão exige de nós.

 

São também, caríssimo filho, uma coisa lamentável e contrária à nossa vocação, essas ameaças às quais você se deixou ir, às vezes: “Se não se fizer tal ou tal coisa que me parece necessária, irei embora”. Coloque as coisas no pior, suponha que uma situação tal lhe seja feita, que se torne além de suas forças sustentá-la, você não teria outra coisa para fazer senão declarar humildemente que não pode mais sustentar a tarefa, e seus Superiores refletiriam sobre isso. Deste modo, sem quebrar sua vocação e talvez seu futuro espiritual por uma decisão impetuosa que você lamentaria muito depois, teria o alívio que lhe seria necessário. Os Superiores são os pais dos que trabalham com eles, não querem carregá-los além de suas forças, mas será que é assim para você?

 

Você reconhece que está longe de ter ocupações multiplicadas demais, está vendo que as funções de que está encarregado são úteis e de uma real importância para a obra excelente à qual você está ligado. Seu único embaraço é chegar a dominar os jovens sem rigor exagerado e sem alienar seus espíritos. Repito, caro amigo, perseverando, continuando a rezar, vendo nestas pobres crianças o próprio Jesus Cristo, a quem você serve nas suas pessoas, procurando combinar felizmente seus meios de disciplina com a influência que exerce o Sr. Halluin, pode chegar a bons resultados. Não digo que o trabalho será sem pena, sem algumas contrariedades crucificantes, mas, caro filho, somos os discípulos do Deus crucificado, temos nossas faltas para expiar, nossa conversão a merecer, e o Céu a ganhar. Pense em tudo isso, caro filho, nos seus momentos de pena, recorra à Santa Virgem que o guarda e atravessará as provações sem tropeçar.

 

Eis aí, meu caro filho, o que encontro hoje para a sua consolação. Não olhe para trás, tenha confiança no Senhor, Ele não o abandonará. Escreva-me alguma vez, tenha certeza de que o Sr. Halluin não vai achar ruim; rezarei por você, não se esqueça de mim, você também, e reze também para que a caridade, tesouro de nossa pequena família, permaneça sempre entre nós, em Arras como em Vaugirard e em todo lugar onde o Senhor nos empregar a seu serviço.

Abraço-o afetuosamente.

 

Seu amigo e Pai

 

                                   Le Prevost

 

Abrace por mim a Paul Piard, encoraje-o muito. Mil afeições também a todos os nossos irmãos. Não se preocupe com a posição do Sr. Daviron, é um fato isolado, temporário; seu caráter sacerdotal basta, com suas boas qualidades, para lhe conciliar seu respeito e sua afeição. Ofereça meu respeito a seus bons pais.

 




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