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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 501 - 600 (1857 - 1859)
    • 512 - ao Sr. Halluin
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512 - ao Sr. Halluin

Levar a sua cruz nas obras. Notícias dos irmãos. Felicidade e mérito da vocação religiosa e caridosa.

 

Vaugirard, 5 de janeiro de 1858

 

 

Caro Senhor padre e filho em N.S.,

 

Quanto pesar sinto, por ter deixado tantos dias sem resposta sua boa carta e as de nossos irmãos de Arras e por não lhes ter agradecido mais depressa por seus bons votos, por ocasião de São João e do ano novo. São precisamente essas duas circunstâncias que me atrasaram pelos incômodos de que foram a causa. Sinto vivamente, em caso semelhante, o quanto necessário é, nas comunidades, a ordem habitual e regular e como tudo o que a pode perturbar deve ser cuidadosamente evitado. Mil vezes obrigado, caro Senhor padre e excelente amigo, por todas suas boas e animadoras palavras, por seus votos para mim, tão pouco merecedor, por sua afeição para com nossa pequena família de Vaugirard, que o retribui fielmente àquela que o bom Deus pôs sob sua conduta. Agradeço-Lhe pela cordial união que Ele estabelece cada vez mais entre nós e pelo laço de pura caridade, pelo qual Ele nos une entre nós e a Ele mesmo. Digo “de pura caridade”, porque nenhuma intenção humana nos aproximou uns dos outros e nenhum interesse próprio nos atrai também para as obras laboriosas e humildes que fazemos para seu serviço. Sinto bem quais são suas cruzes, caro Senho padre, e compreendo tanto melhor seu peso, porque provações iguais às suas nos são proporcionadas diariamente pela mão do divino Senhor. Confesso, porém, que sua tarefa é mais rude ainda do que a nossa, porque você está menos secundado e que, de todas as nossas obras, a sua é, talvez, a que exige mais sacrifícios e abnegação. Mas o bom Deus o sabe bem também. Ele seus esforços, suas labutas de cada dia, tenho a confiança de que, depois de tê-lo deixado assentar essa instituição ao preço de tantas penas e cansaços, Ele lhe dará os auxílios e alívios que sua sabedoria e seu amor terão preparado. Vamos sempre para frente, portanto, caro Senhor padre, em abandono e grande segurança, o Pai que nos ama nos acompanha com o olharlevemos nossa cruz para agradar-Lhe. Ele a fará servir a santificar e abençoar nossos trabalhos. Farei, de meu lado, em toda circunstância, o que for possível para bem associar nossos esforços aos seus, e aliviar, para nossa boa união, nossas dificuldades recíprocas.

 

Recebi uma carta recente do irmão Carment. Seu pai estava sempre num estado pouco tranqüilizador. Ele está bem decidido, logo que uma melhora um pouco mais sensível apresentar-se, a não colocar atraso nenhum para chegar à sua casa. Ele me parece lamentar sinceramente não dar sua parte costumeira a seus trabalhos. Espero que sua ausência não se prolongue  muito, qualquer que seja o sentido que irão tomar as coisas.

 

Penso com você que o irmão Cousin, um pouco formado, lhe seria de um socorro bastante bom. Nós o receberemos quando você julgar útil no-lo mandar. Um ou dois meses o descansariam bastante talvez, mas não sei se seria um tempo suficiente para bem formá-lo aos exercícios de comunidade, que ele parece entender e apreciar melhor que os outros.

 

Vamos bastante bem aqui, fora a indisposição de três de nossos irmãos. O irmão Beauvais, de Nazareth, está ausente por causa de alguns embaraços de negócios na sua família. Recomendo-o às suas orações. Ele está muito triste com os problemas de seu pai, excelente homem, mas que deixou um pouco seus negócios se embaraçarem. Nosso caro menino é bem jovem para assisti-lo por seus conselhos, ele tem necessidade da ajuda do Senhor. É um excelente sujeito e um de nossos irmãos mais seguros e mais dedicados.

 

O irmão Georges [de Lauriston] levou em conta seus avisos e se mexeu um pouco para resolver seus negócios em Arras. Ele está sempre bem bom, mas não de uma grande força física e perturbando-se facilmente na ação. Seu bom espírito e sua piedade o tornam, no entanto, bem útil em todo lugar em que é colocado.

 

Quereria escrever a todos os nossos irmãos de Arras algumas palavras particulares para cada um, mas isso me levaria longe demais hoje e me obrigaria a atrasar ainda o envio desta carta. Assegure-os, caro Senhor padre, de que a mais verdadeira, a mais sincera afeição nos une a eles, que não colocamos diante de Deus e na sua caridade diferença alguma entre eles e aqueles de nossos irmãos que estão constantemente sob nossos olhos. Pedimos ardentemente por eles ao Senhor que entendam sempre, cada vez melhor, quanto ele os privilegiou ao retirá-los dos perigos do mundo e tomá-los ao seu serviço. Nós os asseguramos de que, à medida em que forem para frente e crescerem em experiência e em luz, verão cada vez mais claramente tudo o que há de erros, de mentiras e de misérias na sociedade tão infelizmente pervertida de que se afastaram. Fazer sua salvação ali é coisa bem difícil, enquanto, no caminho tranqüilo em que se encontram, sua santificação está assegurada. Desejamos vivamente a eles também que compreendam que, sob a cruz e as rudes labutas da vida, há suavidades escondidas e que Deus as espalha sobre os amigos fiéis que o servem com dedicação e perseverança. Possam esses favores celestes cair sobre eles em abundância e plenitude, possam seus corações encontrarem na divina caridade um socorro, uma consolação em suas penas, uma esperança e um antegozo do Céu. São esses os votos que formo por você, caro Senhor padre, e por todos eles, espero que nosso Pai Celeste se digne  atendê-los.

 

Estou com você, caro Senhor padre, junto ao divino Coração de Jesus e sou nele

Seu amigo e Pai todo devotado

 

                                   Le Prevost

 

P.S. Em anexo, uma palavrinha para Paul Piard. Esse menino tem necessidade de ser estimulado espiritualmente de vez em quando. Tem tendência aos escrúpulos; não sei, no fundo, o que o afasta da comunhão freqüente; tenho receio de que haja algumas fragilidades que pediriam amparo; penso que é preciso exortá-lo a se confessar freqüentemente.

 

Minha saúde está fraca, mas vou indo até agora sem acidentes.

 




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