Os jovens
sujeitos têm necessidade de serem constantemente sustentados e acompanhados. É
uma obra de grande fôlego formar almas para o serviço de Deus”.
8
de janeiro de 1858
Caro
Senhor padre e filho em N.S.,
Fico
sabendo com pena das dificuldades que lhe acontecem da parte de nosso irmão
Augustin [Bassery]. Não posso apreciar-lhes exatamente a extensão, a reserva
que você teve de pôr em sua carta não me tendo permitido senão entrever, seja a
natureza de seus medos, seja a gravidade dos fatos que os motivam. Mas estou
disposto a fazer o que você acreditar o mais oportuno e mais caridoso,
lembrando, todavia, que nossa caridade não deve somente ter em vista o pobre
jovem que se trata de afastar de uma ocasião perigosa, mas ainda as obras nas
quais ele pode ser empregado, e a Comunidade à qual está associado. Se a
natureza das faltas de que ele se censura é tal que se possa temer justamente
sua repetição, não seria mais simples convidá-lo amigavelmente a renunciar a
uma carreira para a qual não teria evidentemente nem virtude nem dedicação
suficientes? Convido-o, caro Senhor padre, a examinar essa questão diante de
Deus. Se, ao contrário, você pensa que houvesse antes fraqueza do que
perversidade no caso e que haja motivo para temporizar e para submetê-lo ainda
a alguma prova, deixo à sua prudência a incumbência de discernir o caso e estou
disposto a receber o irmão em Nazareth, já que você julga que esse lugar lhe
conviria melhor do que outro.
Deixo-o
juiz do que for o mais conveniente para o nosso jovem Paul Piard. Se você não
vir função para ele, poderemos achar-lhe seu lugar aqui. Acredito, no entanto,
que, sendo um pouco dirigido e sustentado, como todos os jovens dessa idade
precisam, ele poderia lhe ser de um bom emprego num sentido ou noutro. Teria
bem mal expressado meu pensamento se, na minha última carta, lhe tivesse
inspirado alguma desconfiança a respeito desse menino. Em nossa casa, ele
sempre foi perfeitamente reservado, modesto e regular, mas inclinado ao
escrúpulo e tendo necessidade de ser estimulado espiritualmente. Nessa idade,
esses jovens sujeitos ainda não podem andar sozinhos e têm necessidade de ter
alguém atrás deles. Nosso bom padre Lantiez cuida deles com inteligência e uma
grande dedicação, mas é uma obra de longo fôlego formar almas para o serviço de
Deus. Todos os cuidados possíveis não podem, aliás, levá-los além de suas
aptidões de espírito e de seu alcance em zelo e abnegação. Essa é a parte de
Deus, pode-se valorizá-la e cultivá-la, mas mudar-lhe o fundo, de maneira
nenhuma. Peçamos, portanto, ao Senhor, caro Senhor padre, que nos envie almas
nobres e generosas, prontas a se doar de coração e com dedicação; sem isso,
nossos cuidados, nossos esforços só terão resultados bem imperfeitos.
Ser-lhe-ei
bem agradecido de aproveitar a primeira ocasião para me mandar de volta a cópia
que lhe deixei de nosso regulamento. Uma pequena modificação que fiz, a pedido
do Sr. Pinaud, deve ser introduzida. De outro lado, e essa é minha razão principal,
uma parte da minuta que ficou em minhas mãos foi perdida por um copista e, como
a única cópia que tinha foi remetida a Monsenhor o Arcebispo, teria uma certa
dificuldade em fazê-la voltar. Não deixarei de devolver-lhe esse documento o
quanto antes e pela primeira ocasião que se oferecer.
Vamos
como de costume aqui; alguns irmãos estão um pouco doentios, dois, até, estão
acamados, mas sem que suas indisposições tenham algo inquietante.
Adeus,
caro Senhor padre, no dia a dia levemos os trabalhos e penas que o Senhor nos
envia. Ele olhará para nossos bons desejos mais do que para nossa
suficiência e, apesar de nossa indignidade, Ele dignar-se-á tirar sua glória de
nossas obras.
Acredite,
caro Senhor padre, em todos os meus sentimentos respeitosos e devotados em
Jesus e Maria.
Le Prevost
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