A vocação
do irmão Bassery. É vantajoso para os postulantes residirem fora da obra de
origem. A respeito de um livro recenseado pelo irmão de Monsenhor de Ségur.
Vaugirard,
15 de janeiro de 1858
Caro
Senhor padre e filho em N.S.,
Demorei
um pouco para lhe responder, porque a questão relativa ao irmão Augustin
[Bassery] pedia reflexão e não deixava de me preocupar um pouco penosamente.
Não depende de mim dispensá-lo de seus votos. Nossa Comunidade, ficando
submetida à jurisdição da autoridade diocesana em todo lugar onde está
estabelecida, os votos do irmão Augustin só podem ser desligados por
Monsenhor o Bispo de Arras. Repugnamos muito, para você como para nós, a essa
medida extrema, que será necessariamente de um efeito lamentável para seus
irmãos e para a Comunidade toda inteira. Consultei nosso P. Beaussier. Seu
aviso é que só se deve pedir dispensas de votos em caso de absoluta necessidade
e quando todos os outros meios são impraticáveis. Pareceria-lhe, portanto, bem
melhor que o irmão Augustin viesse a Nazareth terminar o ano de seus votos, se
você não vir nisso perigo verdadeiro, seja para ele mesmo, seja para a obra à
qual ele seria ligado. O alistamento militar, que intervirá, pode, aliás,
abreviar o tempo de sua estada na Comunidade, trazendo um caso de força maior,
que seríamos constrangidos a suportar. Refletindo bem nisso, entro bem nesse
aviso, e, se não há obstáculo decisivo, seja nas disposições e a vontade do
irmão Augustin, seja em alguma outra razão por você conhecida, acredito que
precisaria que esse bom menino retomasse coragem e se resolvesse a andar
conosco ainda para um pouco de tempo. Sua retirada seria tanto mais deplorável
em relação aos outros irmãos, que não nos seria permitido indicar suas causas
reais e que se veria nela uma mera inconstância legitimada bem facilmente,
parece-me, pela dispensa dos votos. O exemplo do Sr. Polvêche entristeceu
profundamente nossos irmãos, e a facilidade com a qual o Arcebispado, mal
informado sobre a situação, deu a dispensa pareceu a todos um triste
antecedente. Se pudermos evitar a repetição disso, será bem preferível. Eis aí,
caro Senhor padre, o resultado de nosso exame nesse assunto. Veja, você mesmo,
o que as circunstâncias, melhor conhecidas por você do que por nós, permitem
fazer. Abandono-lhe a decisão, seguro de que você a tomará diante de Deus e
pelo bem maior de todos. Todo o mundo ignora aqui esse assunto, fora os Srs.
Lantiez e Myionnet. A situação do irmão Augustin seria, portanto, o que
era no passado e não teria nada de penoso nem de embaraçoso para ele.
Quanto
a Paul Piard, sua volta não apresenta dificuldade alguma, podemos empregá-lo
utilmente aqui. Lamento que ele não tenha podido dar-lhe mais auxílio. Acho
que, para ele mesmo, essa mudança de lugar só lhe terá sido vantajosa. Nossos
jovens postulantes sairão ganhando, penso eu, passando algum tempo fora dos
lugares em que terão sido criados.
Ficarei
grato a você, caro Senhor padre, se aproveitar essa ocasião para me devolver a
cópia do regulamento. Não deixarei, eu mesmo, de transmiti-la de novo a você,
logo que tivermos alguma possibilidade.
Escrevi
ao irmão Carment, de quem não recebi notícias recentes, que o convidava, se o
estado de seu pai deixasse um pouco de sossego, a voltar junto a você. Espero
uma carta dele hoje.
Para
o assunto do Sr. Lequette, faço tudo o que posso. Esse bom Senhor fez confusão
sobre um ponto. Não é Monsenhor de Ségur que cuida da Obra dos Militares e que
examinou seu pequeno livro, mas, sim o Sr. Anatole Ségur, Conselheiro de
Estado, irmão do Prelado, e que fez várias obras para a instrução dos soldados,
aos quais se dedicou com uma grande caridade. Monsenhor de Ségur cuidará, no
entanto, com toda a boa vontade possível, do pedido do Sr. Lequette. Acho que
seria conveniente pôr na Semaine Religieuse, folha que é publicada a
cada semana e que anuncia todos os exercícios religiosos da diocese e das
dioceses vizinhas, um pequeno aviso mais ou menos assim expresso: “Ficamos
informados de que uma estação indicada numa cidade do interior para a próxima
Quaresma, encontrando-se impedida por circunstâncias locais, um eclesiástico, missionário
apostólico, que devia dar essa estação se achará assim disponível. Acreditamos
que esse aviso pode interessar vivamente os Srs. Párocos ou chefes de
Comunidades.”
Se
o Sr. Lequette aprovar essa medida, peço-lhe, caro Senhor padre, para me informar.
Adeus, caro Senhor padre, acredite em todos os nossos sentimentos de terna
afeição, e reparta-os com os nossos caros irmãos de Arras que abraçamos, assim
como a você, em Jesus e Maria.
Le Prevost
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