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Jean-Léon Le Prevost
Cartas

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  • Cartas 501 - 600 (1857 - 1859)
    • 519 - ao Sr. Halluin
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519 - ao Sr. Halluin

O padre Choyer veio a Vaugirard. Notícias do irmão Bassery em Nazareth. Qualidades de firmeza e de coragem, sem as quais não se faz nada de bom; as almas fracas demais não podem acomodar-se com a vida em comunidade. O irmão de Lauriston deve firmar-se. Que a comunidade de Arras seja mais unida.

 

Vaugirard, 4 de fevereiro de 1858

 

 

Caro Senhor padre e filho em N.S.,

 

Demorei mais do que queria para lhe escrever; a presença aqui, durante alguns dias, do Sr. padre Choyer, de Angers, me foi a ocasião de um transtorno bastante grande, e, aliás, estamos tão perto de Paris que se começa a não ter medo da distância, que os que vão e vêm não deixam de ser também uma causa de interrupção em nossos afazeres. Queria também deixar passar alguns dias, para que o irmão Augustin pudesse falar-lhe um pouco de sua situação. Ele lhe escreve hoje, para prestar conta de suas disposições. Seu caráter é sempre o mesmo: é manso, dócil, inteligente, mas sem energia e sem vontade, sempre com saudades da situação em que não está e não sabendo assentar-se firmemente naquela em que se encontra. Deixo você totalmente juiz do partido que é preciso tomar a respeito. Se você acha que pode empregá-lo utilmente e sem perigo em Arras, não ponho obstáculo nenhum à sua volta. Se pensar, ao contrário, que ele deva ficar em Nazareth, precisaria escrever-lhe claramente que não pode recebê-lo presentemente e que ele deve fazer um esforço para aprender um pouco a firmeza e a coragem, sem os quais não se é próprio para nada, nem para sua salvação, nem mesmo para se sustentar no mundo. O que ele diz de sua saúde e de sua tristeza é exagerado. Não tem aparência. Têm-se para com ele delicadezas extremas. Se esse pobre menino tivesse a sombra de razão, entenderia quanta paciência e misericórdia encontra-se no comportamento que se tem com ele. Pode ser que a provação de sua mudança lhe tenha servido de lição e que ele lhe satisfação por um tempo, ocupando-se mais ativamente e velando melhor sobre si mesmo. Digo “por um tempo”, pois creio que ele precisará de advertências mais rudes para formá-lo, e que só se tornará homem e, espero, firmemente cristão, após ter experimentado as rudezas e as penas da vida do mundo. A vida de Comunidade é mansa e condescendente demais, para almas tão fracamente temperadas. O ar de fora é necessário para aguerri-las. Você julgará, caro Senhor padre, o que acha melhor para ele e para sua casa. Se ele tiver de ficar perto de nós, seremos pacientes com ele, mas usando, todavia, da firmeza que seu modo de ser pode exigir.

 

Nosso irmão Georges [de Lauriston] me pede para desculpá-lo sobre os atrasos em cumprir as pequenas obrigações que tomou para com algumas de suas crianças. Até agora, não recebeu nenhum dinheiro de sua casa, aguarda suas contas, que lhe prestam ordinariamente nesta época do ano. Mas, como ele não as pede, pode ser que se adie o envio que lhe deve ser feito.  As questões de dinheiro sendo sempre delicadas, evito apressá-lo muito. Os menores afazeres o absorvem e o preocupam, tem necessidade de não ter muitas coisas pesando sobre ele. Embora, neste momento, não esteja muito carregado, não acha um minuto para seus afazeres. Seu bom coração, seu excelente espírito, sua piedade e sua retidão de intenção fazem ampla compensação a suas imperfeições, mas elas prejudicam sua ação, e lhe criam dificuldades. Acho que o momento de pensar numa mudança para ele não poderia ainda ser próximo. Ele tem necessidade de firmar-se no seu caminho e de tomar, na vida comum, impressões um pouco profundas. Espero que será assim, sua vontade sendo perfeita e seu desejo de servir a Deus bem cordial e bem constante.

 

Receberei com alegria notícias suas; desejo vivamente que o Senhor proporcione suas graças a suas necessidades, e peço-lhe isso todos os dias com uma viva instância. Espero que, aos poucos, você conseguirá formar ao seu redor uma pequena Comunidade unida, dedicada e animada de seu espírito. Será então um verdadeiro apoio para você. Acho que se aproximará desse fim, tendendo à unidade, que você nunca poderá constituir com elementos de naturezas diversas. Por isso, só posso aprovar seu pensamento de reduzir seu pessoal, logo que puder, aos membros que compõem a comunidade. Deixo o bom Deus conduzi-lo neste ponto como nos outros, sabendo bem  que Ele está com você e que suas luzes não lhe faltarão.

 

Adeus, caríssimo Senhor padre; vamos bastante bem aqui, nossas pequenas oficinas vão indo. Começamos alguns trabalhos para a casa de Angers, com a qual nossos projetos de união se elaboram sempre. Monsenhor o Bispo de Angers nos apressa vivamente, querendo nos ver ligados de certa forma com sua diocese. Ele mesmo sempre foi um pai para conosco. Os irmãos se mantêm bem. Jules e Ferdinand são pouco consistentes, mas não ruins. Eles lhe oferecem seu respeito. Mil afeições de todos e, sobretudo, de seu devotado em N.S.

 

                                   Le Prevost

 




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