O irmão
Loquet voltou para a comunidade. Entrar em acordo, antes de decidir a
venda de um bem de comunidade. Sacrifícios que favorecem a vida de família:
“quanto mais nos doamos aos outros, mais firmemente estamos unidos”.
Vaugirard, 22 de fevereiro de 1858
Caro
Senhor padre e filho em N.S.,
O
procedimento do irmão Joseph [Loquet] é, com certeza, bem deplorável, e não
vejo, na realidade, o que pôde ter motivado essa cabeçada, mas podíamos temer
algo pior e temos que bendizer ao Senhor, por não lhe ter acontecido nada de
mais lamentável. Parece-me que, para sua própria edificação e pela dos outros,
ele deveria pedir-lhe uma penitência de algumas semanas, tal como você a
acharia praticável em sua casa, sem estorvar o serviço. Suas viagens supõem,
aliás, uma despesa de uns cinqüenta francos. Não fica muito claro para mim onde
e como ele teria procurado para si essa importância. Se fosse por alguma via
irregular, sua falta estaria certamente agravada. Penso com você que convém
deixá-lo provisoriamente em Arras e aguardar até o retiro, para as mudanças que
você acreditaria útil fazer. Se, porém, você estivesse em má situação e
acreditasse conveniente ter, antes dessa época, o irmão Thuillier, que faz bem
as vigilâncias com inteligência e consciência, nós o enviaríamos e pegaríamos o
irmão Cousin, para colocá-lo um pouco em repouso nos exercícios de comunidade.
Deixo esse ponto inteiramente à sua decisão.
Nosso
pequeno Conselho expressou algum pesar por você ter posto Dainville à venda,
sem ter falado conosco. Tenho, sim, o pensamento de não estorvar em nada sua
ação para o sustento de sua obra, bem convicto de que o Senhor o conduz e que você
dispõe sempre as coisas para o melhor; mas, entrando em acordo, estaremos mais
seguros ainda de sermos agradáveis a Deus e de fazer sua vontade. Acredito
também que não devemos ter medo das dependências recíprocas que resultam de
nossa união. São precisamente esses pequenos sacrifícios que fazem o laço das
famílias: quanto mais nos doamos uns aos outros, mais firmemente estamos
unidos. O voto de pobreza traz também essa obrigação para nós: não mudar a
essência das coisas dependentes da Comunidade, sem nos termos entendido entre
nós. Nem precisa dizer, caro Senhor padre, que, nos termos de confiança
absoluta em que estamos, essas pequenas delicadezas não passam muito de
formalidade, mas é melhor, acho, não descuidar delas.
Não
temos nada de particular aqui, que me pareça digno de ser mencionado. Tudo anda
como de costume. Este tempo do ano é rude para todas as nossas obras, nosso
mundo tem uma tarefa bastante pesada, os das obras exteriores sobretudo, mas,
no conjunto, tudo vai indo. Espero que você esteja atravessando também esse fim
de inverno, sem um exagero de abalo e que, apesar de suas provações, sinta
sempre que o Senhor trabalha com você. O irmão Augustin [Bassery] parece se
firmar um pouco, mas sem, no entanto, se sentir forte para dedicações futuras.
Por enquanto, só temos que andar dia a dia, para alcançar o fim de seus votos.
Adeus,
caro Senhor padre, desejamos-lhe uma boa Quaresma e uma ampla participação nas
graças da festa da Ressurreição.
Abraço
a você e a seus irmãos nos Corações sagrados de Jesus e de Maria.
Seu
amigo e Pai bem afeiçoado
Le Prevost
P.S.
Acho que será bom, quando o irmão Joseph estiver um pouco restabelecido, que
ele me escreva uma pequena carta, para pedir desculpa pela tristeza e pelas
inquietações que nos causou.
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