Pesar
por não tê-lo visto em Vaugirard. Amável maneira de apresentar uma reclamação
delicada, concernente à pensão de um pequeno órfão.
Vaugirard,
11 de abril de 1858
Caríssimo
amigo,
Você
é certamente mesmo um homem cruel para com seus amigos; vir à nossa casa,
mostrar um pouco seu rosto na porta e fugir, não é um requinte de crueldade?
Antes de ontem, saí, bem decidido a ir encontrá-lo nas Finanças para dizer-lhe
minha pena, mas o mau tempo me pegou no caminho e tive que voltar, não
ousando muito ainda enfrentar as intempéries. Lamentei muito você não ter
perseverado no seu bom pensamento de nos ver na quarta-feira passada. Nosso
pequeno Conselho não demora muito, e, aliás, você poderia ter assistido a ele
sem nos embaraçar, pois, não acho que tenhamos nada de secreto para você:
digo-lhe tudo o que sei e tudo o que penso. Portanto, caro amigo, considere-se
em Vaugirard como estando em casa; gostaria que você visse essa casa como um
lugar de retiro, para onde viria procurar um pouco de calma quando está
cansado, o que deve acontecer muitas vezes.
Tenho
uma queixa a fazer-lhe sobre o Sr. de Pellerin, Presidente de uma de nossas
Conferências. Ele colocou em nossa casa, em nome de sua Conferência que devia,
dizia ele, pagar a pensão, uma criança chamada Victor Salzar, que parecia amar
muito. Pagou, no início, bem inexatamente e com muitas reclamações do Sr.
Myionnet, depois, enfim, cessou há 18 meses de dar qualquer coisa. A todas as
instâncias que o Sr. Myionnet fazia, respondia que se podia ficar tranqüilo,
que a Conferência era uma boa garantia. Em sua ausência, seus familiares fazem
a mesma resposta e asseguram que se pode contar que ele cumprirá seus
compromissos; mas isso se limita a palavras sem nenhum efeito; 450f estão agora atrasados
sobre a pensão da criança que o Sr. de Pellerin, claro, cessou completamente de
ver, de tal maneira que ela não tem mais nem apoio nem fiador. Essa maneira de
agir me parece bem delicada, para um Presidente de Conferência sobretudo. Você
não poderia, meu bom amigo, saber se, de fato, é a Conferência que responde
pela pensão dessa criança, se a pagou e a quem há 18 meses, enfim, se ela
quer continuar seu apoio à pobre criança órfã?
Adeus,
meu excelente amigo, venha de novo em casa, e logo, não gosto de ficar tanto
tempo sem vê-lo. Escrevi ao Sr. Baudon, para agradecer-lhe pelo pequeno artigo
do boletim; reconheci perfeitamente de onde vinha a inspiração; obrigado também
a você, que se mostra tão afeiçoado para conosco.
Seu
todo devotado amigo e irmão em N.S,
Le Prevost
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