Práticas de piedade em Vaugirard e em Nazareth. Visita
do cardeal Morlot em
Nazareth. Os obstáculos à perseverança na vida religiosa. O
irmão Bassery debaixo das bandeiras. Graças do tempo de Pentecostes.
Vaugirard,
18 de maio de 1858
Caro
Senhor padre e filho em N.S.,
É
amanhã [20 de maio] que deve realizar-se aqui a primeira comunhão de nossas
crianças. Resulta para nós um pouco de incômodo e de sobrecarga, é o que me
impediu de escrever-lhe mais cedo.
Você
vê, caro Senhor padre, pela data desta carta, que não pude continuá-la no dia
em que a comecei. Embora meus bons e dedicados irmãos façam aqui as coisas bem
mais do que eu, basta para mim vigiar-lhes o movimento para ficar envolvido.
Hoje, só temos de dar graças ao Senhor. Nossas crianças, bem dispostas e após
um retiro excelente, fizeram todas, esperamos, sua primeira comunhão de maneira
a sempre guardar a lembrança. No começo de junho, teremos a Confirmação.
Esperamos que Sua Eminência o Cardeal virá dá-la; ele nos mostra até agora
muita benevolência. No dia da Ascensão, foi a Nazareth, onde sua presença foi
para todos uma grande felicidade. Os aprendizes, jovens operários e apoios
diversos da obra enchiam a capela. Houve entre 5 e 600 comunhões. O bom
Arcebispo estava encantado. Acho que nunca mais se cogitará em nos pedir
novamente a capela.
Espero
que, de seu lado, caro Senhor padre, você tenha alguma satisfação e que suas
crianças andem segundo seus votos. Seu pessoal não é numeroso para sustentar
uma tão grande casa, mas se os irmãos o secundarem da melhor forma possível,
como espero, você poderá seguir assim por um tempo, esperando que o Senhor
aumente nossos meios e nos torne mais fortes. Entrou para nós, na terça-feira
passada, um novo irmão [Desouches] que fez estudos e que tem o costume do
ensino, mas o conhecemos pouco e ainda não posso augurar muito se nos convirá,
embora as aparências sejam favoráveis.
Os
outros irmãos vão bem. Não devemos, caro Senhor padre, nos entristecer demais
por algumas falhas entre esses bons jovens. O espírito de nosso século é tão
pouco firme em fé, tão pouco generoso em sacrifício, que é preciso esperarmos
andar devagar, no caminho da abnegação e de inteira dedicação em que o Senhor
nos colocou. Mas, igualmente, os que se derem francamente às nossas obras, só
tendo Deus em vista e a salvação das almas, serão corações de elite, verdadeiros
operários no campo do Pai de família.
Recebi
uma carta do irmão Augustin [Bassery], que lamenta muito sobre os perigos e as
misérias de sua condição. Acho, no entanto, que, se puder ficar um pouco firme
e assentar-se francamente como cristão, pode ganhar muito em vigor e em
firmeza, pontos pelos quais ele deixava demais a desejar. Pede-me um pouco de
dinheiro, vou enviar-lhe pouco de cada vez porque sei como, em sua condição, o
dinheiro é uma terrível tentação.
O
irmão Cousin vai bastante bem, sua boa vontade e sua piedade sincera não
parecem deixar nada a desejar. Não é bem despachado, nem bem hábil, o círculo
de sua ação é, conseqüentemente, bastante restrito. Espero, no entanto, que,
com um pouco de tempo, tomará uma posição e tornar-se-á útil para nós.
Preparamo-nos
da melhor forma possível para a festa de Pentecostes, esperando que o Espírito
divino se dignará renovar nossas almas, insuflar nelas uma fé mais ardente, uma
caridade mais viva, uma coragem mais firme e mais constante. Possa Ele derramar
esses dons sobre toda a nossa pequena família e fazer sobretudo uma parte bem
abundante a toda a nossa querida casa de Arras.
Sou,
caríssimo Senhor padre, na divina caridade dos Corações sagrados de Jesus e de
Maria
Seu
devotado amigo e Pai
Le Prevost
Nossos
irmãos lhe oferecem sua respeitosa afeição, Ferdinand seu filial apego.
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