Do papel
dos capelães numa obra.
Vaugirard,
3 de junho de 1858
Meu
excelente amigo e filho em N.S.,
Não
respondi imediatamente à sua carta do dia 28 de maio, porque não tinha
plenamente captado a causa dos embaraços que você experimentava em sua cara
obra do patronato, em relação à posição que deve ser destinada ao capelão
que lhe proporciona seus cuidados. Essa posição, parece-me, deve ser, no
conjunto, a dos capelães em todas as Instituições às quais prestam seus
serviços espirituais. Eles cuidam do culto na capela, determinam, combinando
com os chefes dos estabelecimentos, a natureza e o número dos exercícios de piedade,
fazem as instruções religiosas e confessam as crianças ou os membros que
compõem as obras, operários ou outros. Não vejo bem, se encerram-se na esfera
que lhes é própria, como os capelães poderiam encontrar dificuldades no
cumprimento de suas funções. O Sr. Cacheleux, capelão de Louvencourt, o Sr.
Mangot, antigo capelão do Sagrado Coração, e outros capelães, poderiam
dizer-lhe precisamente qual parte lhes é dada nessas obras diversas e sua
resposta poderia servir-lhe de base para determinar seus relacionamentos com o
Sr. seu capelão.
Eu
não poderia dar-lhe como indício bem seguro o que se faz em Vaugirard, em
Nazareth e nas obras que servimos, porque nossos irmãos eclesiásticos estão
nelas numa posição totalmente particular; membros conosco de uma família, seu
interesse volta-se para tudo, porque tudo os interessa e os toca; não
pretendem, longe disso, dominar nas coisas que concernem à administração e à
conduta exterior das obras, mas, por dedicação e boa vontade de coração, levam
até para esse campo seu socorro, se há necessidade, e se os que ficam
particularmente encarregados disso o desejam. Mas essa ajuda é benévola; em
princípio, sua parte é limitada ao espiritual da obra, o culto, se há em
particular, as instruções, as confissões, os conselhos íntimos às crianças ou
operários, enfim as pequenas congregações de piedade, quando existem. Repito,
não vejo como pode haver conflito nesses termos, quando se quer manter-se
nisso.
Quanto
ao que diz respeito à sua pequena Comunidade, nem precisa falar; o Sr. Capelão,
não fazendo parte de sua pequena família, não pode intervir em nada do que diz
respeito à sua vida de comunidade. Não pode, também, assumir a chefia nem a
conduta das coisas em sua ausência. É rodeado de respeito e de deferência, como
um hóspede que honra a casa por sua presença, mas que não passa de hóspede e
não é chefe de casa. Seus irmãos, em sua ausência, podem, somente eles,
substitui-lo de direito e responder por você.
Não
sei se esses dados gerais lhe bastarão. Se você tivesse pontos particulares que
lhe causassem dificuldade, seria preciso colocá-los para mim expressamente. Eu
tentaria solucioná-los, a partir de tudo o que vejo ao nosso redor. Se você
achasse esse meio pouco cômodo e insuficiente e que lhe parecesse útil que um
de nossos irmãos idosos ou eu o visitássemos, faríamos com que respondêssemos a
seu desejo. Estamos um pouco embaraçados presentemente, o Sr. Carment estando
em Amiens por causa da doença e do falecimento de seu pai, e o Sr. Myionnet
estando acamado há vários dias, sem que ainda saibamos bem se sua
indisposição terá más conseqüências; mas esperamos que este momento de apuros
não vá durar e que um pouco mais de liberdade nos será devolvido
Aprovo
plenamente o que você fez relativamente à carta tão insensata e tão indiscreta
do Sr. Polvêche. Nosso irmão Marcaire é por demais razoável para não entender,
na ocasião, o quanto as insinuações do Sr. Polvêche são mal inspiradas.
Adeus,
meu bom amigo; vamos aqui como de costume; temos, desde o dia 19 de maio, um
novo irmão com o qual estamos contentes até agora. Esperamos que se assente
definitivamente entre nós. Parece particularmente próprio para as classes; o
ocupamos nisso atualmente. As oficinas vão bastante bem, damos, como nossa
parte, o trabalho, o Sr. Choyer continua sendo empresário; o preço de venda é
partilhado igualmente entre ele e nós.
Seu
devotado amigo e Pai
Le Prevost
|