A saúde dos
irmãos de Vaugirard. Sinais de falta de vocação em um jovem postulante de
Arras. Em que medida a instrução pode ser útil. Da dificuldade de corrigir os
defeitos de caráter. Qualidades apreciadas pelo Sr. Le Prevost: piedade,
regularidade, dignidade. O Sr. de Lauriston tem necessidade de ser encorajado.
Vaugirard,
7 de junho de 1858
Caro
Senhor padre e filho em N.S.,
Escrevo-lhe
hoje, sem ter nenhuma particularidade bem interessante a comunicar-lhe, mas,
antes, para dar-lhe notícias de nossa casa e de nossa pequena roda. Aqui, os
calores pegaram alguns dentre nós e causaram alguns mal-estares. O Sr.
Myionnet, só ele, está assaz vivamente atingido até agora, ficou acamado todos
esses últimos dias. Hoje, está um pouco melhor, espero que vá restabelecer-se.
Um outro de nossos irmãos, o Sr. Boucault, está de cama hoje, seu estado não
parece ter nada de grave.
O
Sr. Lantiez tinha visto o rascunho da carta que lhe tinha escrito Ferdinand, e
não tinha feito dificuldade alguma para deixá-la partir. A contar desse
momento, o pobre jovem procurou emprego em Paris e, não tendo achado, declarou
que desejava ficar definitivamente entre nós. Temporizamos, segundo seu pedido,
mas não depositamos confiança alguma nele. A inconstância de sua vontade e a
falta de elevação nos sentimentos não permitem pensar que haja nele uma vocação
séria. Ele não pode recusar-se a tornar-se o camarada e o amigo das crianças
bem novinhas que o cercam e, longe de sustentá-las, se faz criança e fraco como
elas. Esse defeito, do qual observação nenhuma pôde corrigi-lo, é uma causa
constante de inquietude para nós, ao mesmo tempo em que impede, para ele, todo
progresso e todo passo para frente no bem.
Você
terá sido informado, sem dúvida, caro Senhor padre, do fim edificante do pai do
Sr. Carment. Devemos bendizer a Deus que pôs um ponto final a seus longos
sofrimentos e sobretudo que lhe inspirou, em seus últimos anos, sentimentos de
fé viva e de piedade sincera. Uma semelhante consolação é dada em geral a todos
os nossos irmãos, cuja consagração a Deus é, para suas famílias, uma fonte de
graças e de bênçãos.
Fico
sabendo com prazer que nosso jovem irmão Thuillier lhe dá satisfação e tenho
confiança de que continuará assim. Aqui, só tínhamos motivos para estar
contentes com ele. Ficarei bem satisfeito se ele me escrever algumas linhas
todos os meses mais ou menos. Isso o sustentará e o exercitará um pouco a
escrever. Nesse particular, é pouco adiantado, um pouco de cultura lhe seria
vantajosa e poderia torná-lo mais útil. Não lhe desejo, todavia, ciência humana
bem grande, esses pobres jovens encontram nela muitas vezes uma ocasião de
orgulho ou um obstáculo para sua vocação. Temos disso um exemplo no irmão
Michel; não sei, caro Senhor padre, se não é um partido perigoso deixar esse
moço preparar-se em sua casa, para conseguir seu diploma de professor primário.
Se esse caminho lhes for aberto uma vez, seus jovens acharão cômodo prepararem
para si em sua casa uma posição e comprometerão bastante a vocação dos jovens
irmãos, que essa inclinação arrastará como os outros. O melhor seria que ele se
dirigisse para outro lugar, para fazer seus estudos e conseguir tal
carreira que quereria.
O
irmão Georges [de Lauriston] vai bem, com piedade e boa vontade de
coração, mas sua cabeça é bem pouco forte. Um nada o perturba, a menor
responsabilidade é um peso para ele. Sempre duvida de si mesmo, e essa timidez
quase doentia prejudica seu descanso, assim como o êxito das obras que
conduz; mantém-se, no entanto, mas é preciso constantemente encorajá-lo e
reerguer sua confiança. Não acho que essa disposição possa facilmente se
corrigir. Acho que é inerente à sua natureza e à sua organização física.
Desejo
vivamente, como você, caro Senhor padre, que nos seja possível dar-lhe mais
tarde um pouco de ajuda mais eficaz. Conseguiríamos talvez, se o Sr. padre
Tabarie se voltasse definitivamente para a Comunidade, por um movimento de
generoso devotamento. Esperemos que o Senhor dignar-se-á inspirar-lhe isso. Não
temos outro sujeito, fora do Sr. Alphonse Vasseur, para conduzir nosso serviço
de sapataria, o jovem que tinha tentado trabalhar ali com ele e dar-se ao
serviço de Deus não perseverou. Nosso novo irmão continua dando-nos satisfação,
vai muito bem nas classes com o Sr. Lantiez, tem uma dignidade perfeita, uma
instrução religiosa adiantada, uma piedade e uma regularidade exemplares.
Esperamos que vá bem; seus antecedentes eram muito bons. O irmão Cousin nos dá
também satisfação por seus bons sentimentos, sua saúde se mantém, mas é pouco
despachado e não é habilidoso; com o tempo, porém, pode tornar-se mais
útil, a boa vontade é tão agradável a Deus.
Abraço-o
assim como aos nossos irmãos, caro Senhor padre, e mando-lhe todas as afeições
da família.
Seu
todo devotado amigo e Pai em N.S.
Le Prevost
P.S.
O Sr. Deberly vai fracamente em Amiens; não se pode contar com ele nem para a
Comunidade nem para uma obra de abnegação.
Devemos
a você o preço das pequenas enxadas trazidas pelos irmãos por ocasião do
retiro, não sei exatamente seu preço.
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