Impossibilidade
de dar mais ajuda à Obra de Arras. Os encargos que pesam sobre cada um dos
irmãos antigos. O Sr. Le Prevost consente em que o Sr. Halluin faça um apelo
aos Irmãos das Escolas Cristãs para suas classes. Situação excepcional e
provisória. Vida da Comunidade.
Vaugirard,
28 de junho de 1858
Caro
Senhor padre e filho em N.S.,
Sempre
recebemos com viva satisfação notícias suas. Sua última carta, em particular,
chegou a mim no momento em que ia lhe escrever, estando um pouco inquieto por
não ter, há algum tempo, informações sobre sua saúde e sobre tudo o que nos
interessa em Arras. Se
não estivéssemos sustentados pela confiança em Deus e pela firme segurança de
que sua bondade não nos abandonará, poderíamos inquietar-nos por vê-lo tão
carregado e em tão grande escassez de meios para sustentar a obra santa que o
Senhor lhe confiou, mas não podemos duvidar de que sua bondade, que a fez
nascer para o bem das pobres crianças, não a sustente e não nos dê, no tempo
que Ele escolheu, os socorros de que tanto necessitamos.
Todas
as vezes que vejo mais vivamente por suas cartas a pressa em que você se
encontra, faço uma nova inspeção de nosso pequeno rebanho de irmãos, peso e
examino com nosso Conselho quais os recursos que poderíamos destacar para
assisti-lo utilmente, e sempre chego à mesma conclusão, a saber, que o socorro
verdadeiramente efetivo que seria preciso para você não pode, por enquanto, lhe
ser dado. Muitas vezes o reconhecemos, você e nós, o que seria essencial para
sua casa, seria um homem formado, tendo, com a piedade e a dedicação, a
experiência e bastante conhecimentos adquiridos para substitui-lo, ao mesmo
tempo junto à comunidade e junto a seus jovens, grandes e pequenos. Ora, você
sabe, caro Senhor padre, os irmãos antigos, que seriam os únicos tendo, mais ou
menos, a aptidão necessária para uma tal tarefa, têm todos sua função; e seu
número tão restrito nem é suficiente para as nossas necessidades, sendo que já
adiamos, há bastante tempo, a constituição da comunidade de Grenelle, por falta
de um homem capaz de conduzi-la, por perto que fosse da casa de Vaugirard e
qualquer que fosse o apoio que pudesse encontrar nela. Em Vaugirard mesmo,
os irmãos Myionnet e Lantiez não podem passar um sem o outro, tendo ao mesmo
tempo o orfanato, os perseverantes, as classes, as oficinas e todo o movimento
da casa, no interior e no exterior. Ocupado, quanto a mim, pelo conjunto de
nossa pequena família e de seus relacionamentos para fora, só ajudo a obra de
Vaugirard para certos pontos necessários. Se o Sr. Tabarie tivesse tido o
pensamento de consagrar-se definitivamente ao serviço de Deus conosco, teria
sido um meio de ajudá-lo um pouco melhor, mandando-lhe, no seu lugar um de
nossos irmãos eclesiásticos. Até nesse caso ainda, você não teria tido plena
satisfação, pois, de todos os nossos irmãos eclesiásticos, o Sr. Lantiez é o
único que tenha uma verdadeira aptidão para conduzir as crianças e exercer autoridade
sobre elas. É perfeitamente razoável, caro Senhor padre, que, não podendo
assisti-lo como quereríamos, não ponhamos obstáculo, ao menos, a nada do que
você acha útil para aliviar seu fardo. Não acho que haja inconveniente, fazendo
com que venham Irmãos das Escolas para as classes de suas crianças; seria um
elemento de ordem e de disciplina para elas. Nem precisa dizer que isso
não concorreria para constituir em sua casa uma pequena comunidade própria, que
esse elemento estranho favoreceria pouco. Mas o que fazer? Já que os
recursos intrínsecos faltam, é preciso, então, recorrer aos que se encontram do
lado de fora.
Lamento
muito que o Sr. Tabarie sinta sua coragem abalar-se. Ele tem, certamente, as
qualidades mais próprias para ter êxito em obras como as nossas. Apavora-se sem
razão com as dificuldades. Não deve julgá-las pela situação em que se encontra
a obra de Arras, por causa da insuficiência de seu pessoal. Com certeza, a
posição não seria sustentável, se ela tivesse que continuar constantemente
sendo o que é hoje e, por dedicados que fossem sacerdotes, concebe-se que não
pudessem aceitar uma tal necessidade. Mas, se pode garantir isto: o Senhor não
abandonará essa obra nem as outras, ele as assentará em condições normais onde
cada um, sem exceder suas forças, poderá cuidar de suas funções e exercer
generosamente, mas com moderação também, seu zelo e sua caridade. O papel dos
irmãos eclesiásticos numa obra semelhante será, aliás, bem menos penoso, quando
estiverem eficazmente assistidos por irmãos leigos, nas funções de vigiar e
conduzir as crianças, como para todos os pormenores do material e da
administração. É por esse ponto de vista que o Sr. Tabarie deveria julgar a
posição, e não segundo as circunstâncias transitórias em que se encontra momentaneamente
a casa de Arras. Em nossas outras obras, onde o pessoal é mais numeroso, ele
teria encontrado seu livre assentamento e o exercício regular de seu zelo e de
sua caridade. Desejo vivamente que não se precipite em sua decisão.
Não
estamos vendo bem a função que daríamos neste momento a nosso pequeno irmão
Brice; talvez valha mais aguardar para o mês de outubro. Daqui até lá, seus
pensamentos se assentarão definitivamente, sem dúvida, e daremos toda segurança
a respeito dele. Faremos também o que você achar melhor para o jovem Lamoury.
Adeus,
caro Senhor padre, rezo com insistência ao Senhor para que conceda suas bênçãos
e suas graças a você e à sua cara casa.
Abraço-o
bem afetuosamente.
Seu
amigo e Pai em Jesus e Maria
Le Prevost
Todos
os nossos irmãos se apresentam à sua boa lembrança e lhe oferecem sua
respeitosa afeição, o irmão Cousin bem particularmente. Sua saúde começa a
restabelecer-se. Ferdinand não vai mal presentemente, mas a consistência lhe
faz falta. Sua Eminência veio, no dia 21, nos visitar e dar a Confirmação a
nossas crianças. Mostrou-nos muita bondade. Daqui a alguns dias, temos a
adoração das Quarenta Horas. O Sr. Caille veio visitar-nos nestes últimos dias,
sua casa vai bastante bem, o Sr. Deberly fracamente: não irá muito longe nas
obras, é o que receio. Nos primeiros dias de julho, o Sr. Myionnet ou o Sr.
Lantiez irão a Cherbourg visitar um orfanato, sobre o qual nos foi pedido um
parecer, na falta de outros apoios que não podemos dar. Em seguida, veremos se
um de nós não pode dar-lhe uma pequena visita. Desejamos isso bem sinceramente.
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