A idéia que presidiu ao nascimento do
Instituto: firmar e estabilizar as Obras de caridade. Papel complementar dos
irmãos e dos padres: prestarem-se um apoio recíproco, em cordial
colaboração.
Vaugirard,
16 de setembro de 1858
Senhora
Condessa,
Tenho a
honra de mandar-lhe uma pequena nota que contém, sumariamente, as indicações
que lhe foram pedidas a respeito de nossa Comunidade. Está escrita muito mal,
tendo sido copiada por uma de nossas crianças, mas o bom padre que deseja essas
informações será indulgente, espero, e, bondosamente, vai querer desculpar a
inexperiência do pequeno secretário. Se essa nota não fosse suficiente, eu
estaria muito solícito, Senhora Condessa, em dar-lhe os esclarecimentos que se
poderia desejar. Não escondemos nada de nossos negócios, porque são
perfeitamente simples e não exigem nenhum mistério. Colocamo-nos, desde o
princípio, sob os olhos e sob a proteção da autoridade superior eclesiástica.
Dom Affre, de venerável memória, nos havia muito amparado e encorajado. Ele
tinha, até, desejado que habitássemos em uma parte do Convento dos Carmelitas,
que não estava então ocupado pelos Dominicanos. Dom Sibour não nos tinha sido
menos favorável e tinha-se comprometido formalmente em dar-nos todos os
sujeitos eclesiásticos que tivessem a vocação para unirem-se a nós. Enfim, Sua
Eminência o Cardeal Morlot veio nos visitar várias vezes, tomou conhecimento de
nosso regulamento e nos deu as marcas de uma benevolência particular. Monsenhor
o Bispo de Angers, que nos dirigiu por seus conselhos desde a nossa origem, que
preparou conosco nosso regulamento, digna-se olhar-nos e tratar-nos como seus
filhos.
Referimos
somente a Deus todas essas marcas de indulgência e de bondade, e de jeito
nenhum aos nossos méritos que, seguramente, são bem poucos. Mas as atribuímos
também à necessidade, tão generosamente sentida, de criar apoios e agentes
dedicados para as obras. Aprouve ao Senhor que elas se tornassem, hoje em dia,
um grande meio de salvação, que servissem para religar o povo à fé e
estimulassem o zelo e a dedicação das almas generosas. Mas a todas essas obras
faltam, em geral, firmeza e consistência, por falta de alguns elementos
de unidade e de estabilidade.
Temos
pensado que somente uma corporação religiosa poderia trazer-lhes esse apoio, e
tentamos concorrer para isso da nossa parte. O Senhor dignou-se abençoar nossos
esforços, superamos todas as dificuldades de uma fundação e estamos vendo com
alegria os caminhos abrirem-se de dia para dia diante de nós.
Por um
favor do qual sentimos constantemente o valor, o Senhor uniu entre nós, na mais
cordial cooperação, os irmãos eclesiásticos e os irmãos leigos, que se prestam
à porfia um apoio recíproco, uns preparando e sustentando as obras, os outros
dando-lhes a força espiritual e a consumação. A Comunidade, até agora, tem
somente seis padres, mas um certo número, já unidos a nós de coração, estão
terminando seus estudos eclesiásticos e se preparam para juntar-se à pequena
família de nossos irmãos.
O desapego sempre foi na essência de nossa obra. Portanto, nada fixamos com
precisão para as condições temporais da admissão entre nós. Entregamos, em geral,
a decisão à delicadeza dos que podem trazer algum apoio à comunidade e não
excluímos aqueles que, não tendo bens, têm as qualidades essenciais de piedade,
de capacidade e de dedicação.
Desejo vivamente, Senhora Condessa, que esses poucos detalhes satisfaçam o bom
eclesiástico que os pediu a você. Já temos três entre nós [Srs. Hello, de
Lauriston e Gallais] que vieram da Bretanha, e suas boas qualidades só podem
nos fazer desejar ter muitos outros sujeitos de sua excelente região.
Sou, com um profundo respeito,
Senhora
Condessa,
Seu
humilde e todo devotado servo em Jesus e Maria
Le Prevost
P.S.
A missa que nossa Comunidade consagra cada mês à reparação para com o
Santíssimo Sacramento se diz na 2a quinta-feira, e não na 2a
quarta-feira, como o tinha indicado erradamente, nossa adoração noturna
realizando-se da quarta-feira à noite até a quinta-feira cedo, a cada
mês.
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