Importância
da regularidade nos exercícios de comunidade. Uma falta de aptidão para as
obras num candidato à vida religiosa. Que o Sr. Caille cuide da vida de
comunidade. Tomada sobre si do cuidado pelo sobrinho do irmão Tourniquet.
Vaugirard,
6 de outubro de 1858
Meu
excelente amigo e filho em N.S.,
Fico
sabendo com pesar das disposições de tristeza habitual do irmão Marcaire. O Sr.
Lantiez viu nisso somente um tipo de cansaço e mal-estar, acrescentados ao
pesar de não ter bastante regularidade nos exercícios de comunidade. Acho que
você faria bem talvez, privando-se, você mesmo, desta vez, de vir ao
encerramento do retiro e mandando, para esse final dos exercícios, nosso irmão
Marcaire. Eu esforçar-me-ia por sondar um pouco a fundo esse pequeno coração e
por ver o que poderia dar-lhe de consolo. Se um repouso um pouco prolongado
fosse necessário, talvez houvesse meio de mandar-lhe no seu lugar, para alguns
meses, um dos nossos irmãos, o Sr. Desouches, que tem um jeito mais despachado
e que, com uma piedade sólida, sabe melhor acomodar-se, no entanto, às
necessidades das situações. Seja como for a decisão que tomaremos a esse
respeito, acho que, de seu lado, meu bom amigo, você sempre deverá tender a pôr
um pouco de vida de comunidade em sua casa. Na falta disso, todos os seus
sujeitos, apesar da bondade e dos cuidados pessoais que tiver por eles, terão
sempre, com o tempo, um pouco de desalento e de aborrecimento, porque faltarão
de amparo e dessa efusão de pensamentos e de sentimentos sem a qual bem poucos
homens sabem manter-se e andar.
Não
acho que tenhamos de contar com o Sr. Legras; ele veio de novo para me
ver e apreciou logo as razões que nos levaram a decidir que o Noviciado sempre
deveria se fazer na Casa-Mãe, e esteve ali sem dificuldade. Mas tinha pensado,
acho, que a Comunidade iria prover a todas as suas necessidades e que guardaria
intata sua renda própria. Esse comportamento seria contrário ao espírito de
desapego e de pobreza de nossa pequena família e seria tanto menos admissível
que, na sua idade, com sua fraca saúde, o Sr. Legras seria bem pouco útil às
nossas obras. Só poderia, segundo sua própria declaração, celebrar a missa,
confessar e ensinar um pouco de catecismo às crianças menores. É-lhe impossível
falar diante de quem quer que seja, por causa de uma timidez nervosa,
provinda dos mal-estares de sua constituição débil. Não sei se virá nos rever,
duvido um pouco.
O
irmão Jean-Marie [Tourniquet] pensa que você deveria entender-se com o irmão
dele, a respeito de seu jovem sobrinho. Acho, de meu lado, que você deveria
apressar um pouco vivamente esse tio e representar-lhe que a situação desse
pobre menino exige alguns sacrifícios e que seria bem triste que ele os
recusasse. O irmão Jean-Marie acrescenta que se, não obstante essas
representações, esse tio não quisesse fazer nada, ele mesmo tomaria a decisão
de suprir, usando uma parte de um pequeno fundo que lhe resta, a insuficiência
da renda do jovem Tourniquet. Mas somente deveria-se recorrer a esse meio na
falta de todo outro, já que os recursos do irmão Jean-Marie são muito parcos e
não podem ir longe. Ele está também disposto a acompanhar seu sobrinho a Tain,
se for decidido que o menino deva ser mandado para lá. Acho que melhor seria,
com efeito, tomar esse meio do que causar-lhe um embaraço bastante prolongado e
que pode, assim, ser-lhe poupado. Precisaria pensar também nas despesas da
viagem e falar nelas ao tutor.
Nossos
dois novos irmãos parecem acostumar-se com a casa. Vamos, aliás, bastante bem.
Espero que o retiro nos encontre a todos bem dispostos. O Sr. Halluin virá para
o encerramento.
Adeus,
meu excelente amigo, rezo bem constantemente e bem cordialmente por você e por
suas caras obras de Amiens; abraço-os a todos os três em Jesus e Maria.
Le Prevost
P.S.
Receberei com prazer sua resposta para os tecidos; obrigado pelo envio do
altar.
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