Votos de
ano novo. Aceitação generosa dos dias de provações. Ter o desejo do céu.
Exortação à prática das virtudes de nosso estado de vida. Abnegação no serviço
do Senhor, para que nos dê o prêmio em graças e bênçãos. Anúncio da entrada do
padre Leleu em Vaugirard.
Vaugirard,
1o de janeiro de 1859
Caríssimos
filhos em N.S.,
Embora
bem atarefado hoje e bastante sofrendo, separo, no meio de tudo, alguns
instantes para dizer-lhes algumas palavras de terna afeição por ocasião do ano
novo. Agradeço-lhes, caros bons amigos, por seus votos de festa da São João e
de feliz ano novo. À medida em que envelheço, torno-me mais fácil de comover, e
sinto cada vez mais o quão doces são os laços da família cristã. É uma
verdadeira privação não tê-los a todos ao meu redor neste momento; e, no meio
dos abraços tão ternos de todos os meus filhos daqui, não procurava menos com o
olhar todos aqueles que estavam ausentes. Ofereço essa privação ao Senhor como
um testemunho da abnegação que devemos levar a seu serviço e O conjuro de
dar-lhes o prêmio em graças e bênçãos, tanto como de tudo o que lhe aprouver
mandar-me em trabalhos, dificuldades e penas. Desejo que tudo converta-se em
bem e favores para vocês, caríssimos amigos. Possa eu também aliviar um pouco
seus fardos, mas não demais, porém; pois, não é preciso, a exemplo do Salvador,
que cheguemos assim à glória? Que esse doce e consolador pensamento os
sustente, caríssimos filhos, quando o fardo do dia lhes parece um pouco pesado.
Que ele os firme nas horas de langor e de tentação. Levantemos juntos os olhos
para o Céu: não é bem bonito, bem resplandecente, não será bem suave para nós
descansarmos nele juntos, todos aos pés do divino Senhor, bem perto da
Santíssima Virgem, nossa Mãe, na companhia dos anjos e dos santos? Aceitemos,
portanto, generosamente, alguns dias de provação, façamos alguns esforços para
reprimir tudo o que pode, em nós, desagradar a Deus, guardemos, a todo o custo,
a caridade entre nós, tenhamos algum zelo para proteger, por nossa vigilância e
nossa dedicação, as pobres crianças cujas almas podemos salvar. Se tivermos uma
verdadeira e cristã atenção para com elas, com essa condição, caríssimos
amigos, seremos dignos da nobre e santa vocação que o Senhor nos deu, teremos
passado esta curta vida fazendo o bem, e seremos recompensados divinamente no
seio de Deus.
Nosso
bom padre Halluin lhes disse, sem dúvida, que temos a esperança fundada de ter
um irmão eclesiástico a mais, o Sr. padre Leleu, um de nossos antigos amigos
das obras de caridade; é um padre muito santo. Foi ordenado no Natal, celebrou
a missa em nossa casa no dia de São João. Rezem por ele e por um irmão leigo
[Charles Petit], que esperamos para o começo de janeiro.
Adeus,
amigos, abraço-os a todos em Jesus e Maria
Seu
amigo e Pai
Le Prevost
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