Condições
necessárias para toda entrada na Congregação: nada de meia-vontade, nem de
meia-dedicação, mas o dom total e a disponibilidade. Partilhar o cuidado das
outras comunidades. Eqüitativa repartição dos recursos financeiros entre todas
as comunidades. Correspondências com o Superior. Estatísticas a estabelecer.
Vaugirard, 21 de janeiro de 1859
Caro
Senhor padre e filho em N.S.,
Continuamos,
cada um de nosso lado, sob os olhos de Deus, a obra laboriosa de nossas
fundações. É uma tarefa rude, sem dúvida, mas tão repleta de esperanças que, no
dia a dia, recupera-se a coragem, olhando o futuro e contando com o socorro de
cima, que nunca falta nesta vida de sacrifício e de dedicação. O passado também
deve ser para nós uma grande segurança, pois, quantas coisas já feitas que
nossa insuficiência não teria cumprido e em que a graça do Senhor visivelmente
operou conosco e em nosso favor. Tenhamos, portanto, boa confiança, caro Senhor
padre, todas as coisas concorrerão para o bem com o tempo. Demos somente o que
o bom Mestre nos pede: a paciência e a submissão às provações que nos envia sua
adorável vontade.
Fico
sabendo com tristeza que você não tem êxito do lado das Irmãs e que você
entrevê assim algumas dificuldades para seus serviços. Monsenhor Bervanger,
Diretor da casa de St Nicolas, me disse outrora que, depois de ter
feito tentativas com Congregações de diversas cores, se tinha fixado, em último
lugar, nas Irmãs brancas, ditas da Apresentação, cuja Casa-Mãe está em Tours, e
que parecem, com efeito, ter-lhe prestado bons e longos serviços. Acho que elas
lhe dariam satisfação. Se você se voltasse para esse lado, seria bom que
Monsenhor o Bispo de Arras se juntasse a você para solicitá-las, pois, nos
últimos tempos, a casa de St Nicolas tendo tido algumas desordens,
suas Superioras acharam que deviam chamá-las de volta. Seria preciso que elas
soubessem claramente que não teriam nada de semelhante a temer em sua casa.
Acho
com você que sua conduta foi prudente ao transigir com os herdeiros Bunneville.
Você
poderá, com certeza, caro Senhor padre, tranqüilizar, na ocasião, os que
quereriam fazer-lhe doações com destinação especial à casa de Arras. A
Comunidade poderia recusar essas doações assim circunscritas em sua aplicação,
mas, desde que ela as aceita com as condições vinculadas, as intenções do
doador devem ser respeitadas e seus dons hão de ser invariavelmente enviados à
destinação marcada. Nem precisa dizer também que, na prática, os recursos de
cada casa lhe ficam destinados, posto que raramente são suficientes para todas
as necessidades. Nosso regulamento diz, todavia, que, em princípio, os recursos
devem ser centralizados, e considero essa disposição muito sábia: poderia
acontecer, às vezes, com efeito, que uma casa, tendo superabundância, não
estivesse bastante disposta a socorrer as que estivessem em penúria. É bom que
a regra o peça e entretenha assim em todo o corpo esse espírito largo e
generoso, que ama e favorece o bem em toda a parte, sem exclusão nem preferência
estreita pela pequena obra à qual se é vinculado.
Cremos
também, caro Senhor padre, que seria bem deplorável admitir irmãos
eclesiásticos ou leigos, que só tivessem uma meia-vontade e uma meia-dedicação,
que consentissem em trabalhar em tal obra e não em tal outra, aqui e não ali.
Sempre rejeitamos semelhantes condições: os que as fazem pertencem demais ainda
a si próprios e a hora não veio para eles de se consagrarem a obras que exigem,
como as nossas, uma inteira abnegação. Esses meios-termos nos trariam
inevitavelmente de volta aos mal-estares com os quais tanto sofremos. A
experiência em diversos lugares nos demonstrou que essas situações são falsas e
nunca levam a um bom resultado. Coloquemo-nos num solo firme e sólido. De outra
forma, não há futuro para nós nem para nossas obras. Se você tivesse visto,
como nós, a multidão dos sujeitos que vieram a nós assim hesitantes, mal
decididos, e a ineficácia constante de todas essas tentativas, estaria
convencido, tanto quanto nós, de que só há de se esperar disso o
constrangimento e um embaraço penoso para as comunidades.
Mando-lhe
em anexo a procuração e o modelo para o ato de aquisição, em forma de tontina.
Os RR. PP. Jesuítas e todas as Comunidades seguem hoje esse procedimento, o
único que a legislação deixa livre e bastante seguro para as Congregações não
autorizadas.
Receberei
com prazer dos irmãos de Arras algumas linhas sobre suas disposições
interiores. Há muito tempo que não me falaram um pouco intimamente. É verdade
que não pude sempre responder-lhes quando o fizeram, mas rezo por eles, segundo
suas necessidades, quando me são conhecidas: é uma maneira assegurada de tornar
suas comunicações úteis.
As
informações que contêm de costume suas cartas sobre o estado de sua obra e a
situação da comunidade me satisfazem plenamente e nos colocam suficientemente
em união de movimentos e de disposições. Porém, para responder ao desejo que eu
teria de fazer, no final do ano, uma pequena avaliação por alto do conjunto da
situação da Comunidade e de suas obras, alguns detalhes precisos me seriam
necessários. Pus, na pequena folha anexada, as perguntas mais essenciais. Se
achar um momento para respondê-las, ficarei grato. Como toda fórmula, esta pode
conter coisas que não encontram sua aplicação direta, mas o fundo das coisas
está aí.
Adeus,
caro Senhor padre, recebo sempre com alegria notícias suas, que interessam
vivamente todos os nossos irmãos. Vamos aqui bastante bem. O Sr. padre Leleu,
nosso novo irmão eclesiástico, se adapta bem, vai servir espiritualmente o
patronato St Charles, onde está o irmão Tourniquet. Temos também um
novo irmão leigo [Charles Petit], que não é sem inteligência. Ainda não sei
como ele irá.
Abraço-o
respeitosamente em Jesus e Maria.
Le Prevost
O
irmão Tourniquet, como você desejava, me pagou, sobre o que nos deve para
o primeiro trimestre de 1859 da pensão de seu sobrinho, 52f e 45f para sapatos e bonés, 16f 90 para material escolar.
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