Os encargos
da Congregação em
Paris. Necessidade da oração, “para andar na vida da imolação
de si, última palavra da vida cristã e da vida religiosa”. Quatro irmãos se
instalam em Grenelle.
Vaugirard,
25 de janeiro de 1859
Meu
caro filho em N.S.,
Agradeço-lhe
pelas afetuosas simpatias que me exprime, sobre as poucas dificuldades
que a saúde dos Srs. Myionnet e Lantiez nos causaram momentaneamente. Estão,
presentemente, muito diminuídas: o Sr. Lantiez está totalmente restabelecido, o
Sr. Myionnet começa a andar sem muletas, mas ainda penosamente e para alguns
movimentos dentro de casa somente. Só pode sair de viatura, quer dizer quase
não sai, já que os coches e nós estamos raramente juntos. Acho que será preciso
ainda tempo para firmar a perna lesada; tenhamos paciência e contemos muito com
o bom Deus.
Se
você acompanha com atenção o que se passa aqui, nós lhe retribuímos muito.
Sempre temos o coração e os olhos para seu lado e tomamos uma parte toda
fraterna em tudo o que lhe toca. Estamos verdadeiramente aflitos por suas
privações e pela insuficiência de seu pessoal; compreendemos a necessidade de
remediar a isso logo que for possível, mas devemos, para isso, implorar o
socorro do Senhor e aguardar de sua bondade os apoios que nos são tão
necessários. O patronato St Charles estava há muito tempo demais num
sofrimento profundo do lado espiritual, o Sr. padre Leleu teve que levar para
lá seu concurso. O Sr. Roussel tem uma carga pesada demais em seu
patronato de Grenelle e o Sr. Planchat sucumbe, sob o trabalho que lhe dá uma
população de 12.000 operários. Infelizmente, de todas as partes a messe é
grande e os operários faltam. Estamos, aliás, aqui entre necessidades diversas,
de seu lado e do das obras que o cercam: enquanto vocês estão reclamando de sua
insuficiência, os Srs. Baudon e Decaux nos assediam, nos representam os
sofrimentos das casas de patronato, onde se reúnem centenas de crianças que só
pedem um pouco de apoio espiritual para irem a Deus, e às quais esse apoio é
recusado. Desde os primeiros dias em St Charles, o Sr. Leleu teve que
confessar uma multidão de pobres crianças, que pareciam famintas de amparo
espiritual e dessa graça que devolve a paz ao coração e a fortaleza para as
provações. O que fazer em presença de tantas necessidades? Dar tudo, e pedir ao
Senhor para que nos devolva o que temos dado. Assim, aos domingos, todos os
nossos irmãos estão dispersos: o irmão Joseph [Loquet] vai a St
Charles, ampliado agora pela compra do terreno que se cobiçava; o Sr. Carment e
o Sr. Luzier vão a Ste Mélanie, embora bem cansados pelos trabalhos
da semana, e assim para os outros. Chegou entre nós, é verdade, um jovem
alfaiate muito bem disposto e um outro irmão que será próprio para as classes,
se perseverar, mas ambos estão absolutamente necessitando de formação, como
religiosos e homens de abnegação: eles não agüentariam quinze dias, expostos a
alguma provação um pouco rude. É preciso que amadureçam com folga e muitas
orações lhes são necessárias para andarem com perseverança no caminho da
imolação de si, última palavra da vida cristã e da vida religiosa. Portanto,
caro filho, paciência e submissão às adoráveis vontades do Senhor. Mereçamos,
no trabalho e no sofrimento que Ele nos impõe, o alívio e a dilatação que seu
amor nos reserva.
Estou
todo feliz pelos detalhes que me dá sobre as boas disposições de todos; a
bênção está sobre sua casa, é um doce pensamento pleno de encorajamento, pois,
já que o Senhor está com você, Ele não o abandonará e, no dia marcado por sua
sabedoria, Ele lhe dará todos os socorros de que sabe que você tanto necessita.
Assegure
todos os nossos irmãos de minha terna e bem paterna afeição, abrace em
particular meu irmão Thuillier. Espero muito que seus mal-estares de saúde
sejam o efeito do inverno e passem com ele; é uma alegria para mim vê-los em
verdadeira e cordial caridade.
O
retiro realizar-se-á nos primeiros dias de abril e será dado pelo R. P. Renaud,
salvo acontecimentos imprevistos: a promessa nos é feita. Não sei se alguém de
Arras poderá vir.
Vamos
orar bastante pelo retiro de suas crianças; reze muito também por nós. Quando
rezamos uns pelos outros, o Espírito de amor está no meio de nós.
Ofereça
minha respeitosa afeição a nosso padre Halluin, permito-lhe abraçá-lo por mim.
Seu
afeiçoado amigo e Pai em Jesus e Maria.
Le Prevost
Agradeço
bastante a nosso P. Halluin, que quer bondosamente nos enviar Marchal para
ajudar na sapataria; Auguste [Leduc] e Streicher suportavam corajosamente
a situação, mas caiam doentes um após o outro, sucumbindo à pena. Se fôssemos
avisados a tempo, mandaríamos alguém ao encontro de Marchal na estação.
Nossos
irmãos Planchat, Roussel, Georges [de Lauriston] e Legallais vão instalar-se no
dia 2 de fevereiro em
Grenelle. Reze para que o Senhor os abençoe.
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