Pedido para
colocar em aprendizagem um jovem órfão.
Vaugirard,
1o de maio de 1859
Caro
Senhor padre e filho em N.S.,
Um
de nossos meninos, chamado Leon Maillard, totalmente órfão, está na hora de ser
colocado em aprendizagem; está com 14 anos. Seus protetores desejam que
seja colocado fora de Paris, para evitar que se aproxime habitualmente de uma
família onde passou sua primeira infância, mas na qual não teria bons exemplos,
nem apoios para se comportar bem. Pensamos mandá-lo a você, persuadidos de que,
colocado por você e ficando sob seu olhar, iria perseverar nos seus bons
sentimentos. Seus protetores poderiam pagar a você 200f para sua pensão. Ele é
vivo e um pouco petulante, mas muito bom menino e de um coração excelente.
Tomando-o por esse lado, se faz com ele tudo o que se quer. O Sr. Lantiez
desejaria guardá-lo como perseverante, tendo-o já há muito tempo sob sua
conduta, e tendo-se afeiçoado muito a ele. Mas, nosso menino é por demais ativo
para se interessar pela vida sedentária e fechada, ele deseja o ar livre
das oficinas. Não acredito que tome ali o mau caminho, há muita coisa boa nele e
sentimentos de fé sinceros. Tem uma infelicidade de saúde bastante incômoda:
sofre às vezes de incontinência de urina de noite. Com um pouco de precaução,
vencemos esse inconveniente. Aliás, com os anos e a força que lhe vem chegando,
espero que essa pequena enfermidade vá diminuir e cessar. Há muitos dias, eu
queria lhe escrever a respeito dele e propô-lo a você, para que pudesse partir
com nosso bom padre Hello. Seja por esquecimento, seja por pressa para outras
ocupações, encontro-me bastante atrasado para que sua resposta possa nos chegar
antes da saída do bom padre Hello. Acho, no entanto, que vou aproveitar dessa
oportunidade para mandar nosso menino, porque, de modo nenhum, não creio que
você tenha de se queixar dele. Não tendo familiares, está muito disposto a
afeiçoar-se aos que lhe dão cuidados. Acho poder responder que ele
considerá-lo-á como seu pai e lhe dará satisfação por seu respeito e sua
submissão.
Tudo
anda aqui, ao nosso redor, como de costume: o Senhor digna-se abençoar nossos
humildes trabalhos. Os retiros de nossos patronatos e Santas Famílias foram
repletos de consolação. Espero que sua primeira comunhão seja tão feliz e
edificante para sua querida casa.
Receberei
com prazer notícias de nossos irmãos, do irmão Jean-Baptiste [Hamon], em particular. Desejo
que ele me escreva um pouco ao longo, quando tiver alguns momentos.
Todo
o mundo, aqui, o assegura comigo de seus sentimentos de respeito e de afeição
em N.S
Le Prevost
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