Impressões
do P. Hello sobre a Obra de Arras. Que o Sr. Halluin saiba delegar sua
autoridade. Um irmão consegue dificilmente controlar seus alunos. As confissões
dos irmãos. Saída do padre Leleu. Favorecer a vocação sacerdotal do irmão
Cousin.
Vaugirard,
13 de maio de 1859
Caro
Senhor padre e filho em N.S.,
Nosso
bom padre Hello nos apresentou um relatório totalmente consolador sobre a
primeira comunhão de nossas queridas crianças de Arras. Tudo nos deve dar a
confiança de que cumpriram esse ato tão decisivo para seu futuro em felizes
condições. É uma grande alegria para você e para nós mesmos que nos associamos
às suas alegrias como às suas tristezas. O Sr. Hello voltou com excelentes
impressões e convicto de que se pode fazer, na obra de Arras, muito bem às
pobres crianças. Ele não as acredita sem defeitos, foi muito franco sobre isso,
mas pensa que sua ação sobre elas é bem preciosa para sua emenda. Acho
somente, caro Senhor padre, que você deve tender, tanto quanto o vir possível,
a fazer partilhar pelos que o cercam a autoridade e a influência sobre as
crianças; de outra forma, a carga continuará a pesar quase exclusivamente sobre
você e, com o tempo, tornar-se-á insuportável.
Vejo
com tristeza que o irmão Jean-Baptiste [Hamon] tem fraco êxito, para não dizer
mais, na sua classe. Ele, contudo, tem o costume do ensino; conduzia sozinho
uma classe de cinqüenta crianças e sabia instruí-las e se fazer respeitar por
elas. Vários dos que estão aqui não me dissimularam que as crianças de Arras
estão, em geral, prevenidas contra os professores que vêm de fora e pouco
dispostas a dar-lhes submissão. Mas, o que fazer diante disso? Com certeza,
ajudar esses professores a conquistar autoridade suficiente. De outra forma, as
crianças, uma vez seguras de que podem, à vontade, livrar-se dos que as
conduzem, não deixarão de tudo fazer para conseguir isso. Não tenho objeção em
trazer de volta o irmão Jean-Baptiste, mas acho que, se se chegar a isso, o
resultado será o mais deplorável, e tornar-se-á bem difícil controlar o
ambiente. Acredito, portanto, que, antes de tomar essa decisão extrema, seria
totalmente de se desejar que esse irmão fosse ajudado por conselhos e por um
apoio firme, colocando também à sua disposição algumas recompensas atraentes,
para encorajar os bons e compensar as severidades indispensáveis. Em uma
palavra, tudo utilizar para destacar seu papel e torná-lo menos difícil. Se,
uma vez tudo examinado, parecer provado que ele não pode funcionar, tomaremos o
partido que o caso pedir; mas, repito, isso só deveria ser feito em última
análise, essa medida havendo necessariamente de ter um resultado deplorável.
O
Sr. Hello me diz que o irmão Jean [Maury] lhe pareceu necessitar de um pouco de
encorajamento. Ele tem coração excelente e é muito sensível a algum sinal de
afeição. Não sei se é sempre questão da pequena viagem que devia fazer para
junto de sua mãe doente.
Eu
não veria inconveniente em que os irmãos, de vez em quando sobretudo, pudessem
se confessar a um outro padre que você, embora, para dizer a verdade, o irmão
Vasseur seja o único, sem dúvida, que tenha tido essa idéia. Ele mesmo se cria,
acho, uma dificuldade imaginária, pois, em sua carta já diz, a você como a mim,
as coisas que podem inquietá-lo. Acho poder responder que ele não tem nada mais
a dizer a um confessor. Ele tem razão de desconfiar de si, mas, com a graça de
Deus, saberá permanecer dono de si mesmo. Ele não poderia confessar-se alguma
vez ao Sr. Lequette? Veja, caro Senhor padre, o que lhe parecer melhor. A
direção ficando para você, a confissão de tal ou tal poderia, de vez em quando,
se fazer a algum outro, qualquer que seja, designado por você.
Estamos
tristes: o bom padre Leleu não ficará conosco, acha a vida de comunidade
estrita demais, quer ficar mais à vontade. Os votos, sobretudo, são um
espantalho para ele. Sua saída prejudicará muitas coisas, mas faremos o melhor
que pudermos e Deus nos ajudará. Estamos, de resto, nos melhores termos com
ele. Entregarei ao Sr. Georges [de Lauriston] os 20f que você me pede para
adiantar-lhe.
O
R. P. Chaignon veio me visitar e me entregou para você 200f para a pensão, acho, de
uma de suas crianças. Você terá a bondade, caro Senhor padre, de me dizer como
você deseja que os envie para você.
Peço-lhe
para assegurar, na oportunidade, o Sr. Flour de nossos sentimentos de afeição.
Interessamo-nos muito por sua obra e ficaremos felizes colaborando nela mais
tarde, se a Providência nos chamar a isso. Agora, tendemos, antes, a fortalecer
nossas obras, em vez de espalhá-las.
Guardo
bem o desejo de lhe fazer uma pequena visita. Espero que possa realizá-lo, sem
prever muito ainda o momento. Começamos hoje uma construção bastante
importante. Será um excesso de peso, mas vamos como apraz ao Senhor nos
conduzir.
Adeus,
caríssimo Senhor padre. Vamos sempre na confiança e na caridade. Conte muito
com nossa cordial vontade de tudo fazer a fim de concorrer para o bem que se
faz às nossas crianças de Arras, o qual consideramos como uma causa de bênção
para toda a nossa Comunidade. Acredite também na terna afeição de todos, nos
meus sentimentos de respeito e de apego em Jesus e Maria.
Le Prevost
P.S.
Eu veria com grande alegria que se pudesse favorecer as aspirações do irmão
Cousin ao sacerdócio. Ele será, tenho confiança, um padre muito bom. Acho que
sua saúde não é tão atingida que se constitua em obstáculo à sua vocação. Eu
poderia dar um testemunho pelo tempo que passou aqui.
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