Projeto de
um coral no Patronato Saint Charles. Votos para a São Paulo.
Vaugirard,
2 de julho de 1859
Visitação
Meu
excelente amigo e irmão,
Lastimei
muito que sua saída antes do fim de nossa assembléia, quinta-feira, me tenha
privado da satisfação de abraçá-lo mais uma vez e de repetir-lhe o quanto doces
e consoladoras são para nós suas raras demais visitas. Se elas o descansam um
pouco, estão longe de ser tempo perdido, pois seus cansaços são extremos.
Servem, aliás, para nos manter sempre em unidade perfeita de coração e de ação:
quantas razões para torná-las um pouco mais freqüentes!
O
irmão Tourniquet me diz que você tencionava me falar do projeto do coral em Saint Charles. Receio
que as explicações que o irmão Tourniquet me deu sobre esse assunto não me
tenham bastante bem esclarecido para que possa ter um parecer motivado;
parece-me que é preciso ver se há nesse projeto inconvenientes sérios para o
patronato e, nesse caso, fazer tudo o que for possível para impedi-lo, cuidando
de fazer entender bem nossas razões ao Sr. Pároco, e até, se é possível, aos
Irmãos. Se os inconvenientes são pouco sensíveis e sem prejuízo real para nossa
obra, seria bom, acho, aceder aos votos do Sr. Pároco. O irmão Tourniquet vê
nisso uma presença mais acentuada dada na casa aos Irmãos, os quais já se fazem
sentir mais do que se quereria muitas vezes; ele lastima muito que, para o
coral, lhe seja tirado o local de sua biblioteca, visto que os locais já estão
estritamente calculados para as necessidades das obras. Enfim e sobretudo, diz
que o projeto confessado do Sr. Pároco seria fazer uma nova construção no novo
pátio, que ficaria assim bem diminuído. Parece-me que, para o patronato, o
livre espaço é uma exigência, uma necessidade, e que seria bem deplorável que
essa vantagem, adquirida por preço tão caro, fosse diminuída sem proveito real
para a Obra; e que proveito compensaria, aliás, uma tal perda? Aí está tudo o
que percebo nesse assunto. Se for realmente desejável que o coral não venha a
Saint Charles, parece-me que, com formas respeitosas, e apelando para a elevada
sabedoria do Sr. Pároco, chegar-se-á a persuadi-lo; o patronato não é,
propriamente, uma obra paroquial, ele deve guardar seu caráter e fazer, antes
de tudo, o bem tão real para o qual é instituído.
Meu
excelente amigo, teria gostado de vê-lo de novo durante mais alguns instantes,
quinta-feira, para dizer-lhe que a festa de São Paulo não passaria despercebida
para nós. Sabemos o quanto, no meio de seus trabalhos, de seus santos
empreendimentos, o socorro de Deus lhe é necessário, nós o pediremos ardentemente
pelo intermédio de seu grande Padroeiro São Paulo, tão bem escolhido para
aqueles que a caridade do Senhor consome e urge, e que encontram nele seu
modelo, ao mesmo tempo que seu apoio. Possa ele obter-lhe forças sempre novas,
para responder aos ardores de seu coração, e assegurar à sua alma todas as
doces alegrias do bem pura e santamente cumprido
Acredite,
meu excelente amigo,no meu fiel e bem terno apego em Jesus e Maria
Seu
amigo e irmão
Le Prevost
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